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Por que a Casa dos Ventos aposta no Brasil em tempos difíceis

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Por que a Casa dos Ventos aposta no Brasil em tempos difíceis

A incorporadora brasileira Casa dos Ventos anunciou um acordo com a Vestas para a aquisição e manutenção de aerogeradores para o complexo Babilônia Centro, de 554 MW, na Bahia, além do parque Serra do Tigre, de 756 MW, no Rio Grande do Norte.

O capex para ambos atinge R$ 9 bilhões (US$ 1,78 bi).

Nesta entrevista, o chefe da empresa, Lucas Araripe, detalha outros projetos em andamento, incluindo planos solares e de hidrogênio verde, e comenta as perspectivas de mercado.

BNamericas: Novos empreendimentos de grande porte são economicamente viáveis, considerando a pressão da inflação e das taxas de juros e o baixo preço de referência do mercado de energia livre?

Araripe: Hoje, de fato, temos um capex mais elevado em função da alta das commodities e, pela questão logística, além do juros altos, mas temos projetos que são muito competitivos, com recursos eólicos robustos, muita escala e muita otimização de investimentos. Por exemplo, Babilônia Centro está a apenas 10 km da subestação.

Asseguramos conexão à rede de transmissão, vendemos parte da energia no leilão regulado, com tarifa de transmissão reduzida e estabilizada, com opex bem competitivo e capacidade de financiamento otimizada.

Temos elementos para chegar em um patamar de PPA [contrato de compra e venda de energia] competitivo, também por estarmos nos unindo a parceiros que investem ou podem vir a investir nas plantas.

O mercado [livre] está no piso, mas este é um momento de reservatórios [de hidrelétricas] muito cheios, o que garante uma energia barata, talvez, por alguns anos. E, além de questões econômicas, as companhias têm metas de descarbonização, portanto há outros atributos considerados além do fator econômico.

O pedido fechado com a Vestas foi o maior da empresa no segmento onshore, e isto mostra nosso compromisso de investimento, mesmo em um cenário bastante desafiador.

BNamericas: Como serão financiados os novos projetos?

Araripe: Isso vai depender se os PPAs, por exemplo, serão fechados em reais ou dólares.

Esperamos anunciar, nos próximos meses, boa parte dos PPAs destes projetos. Mas o cenário base é o BNDES, que está financiando nosso complexo eólico Umari [202.5 MW, no Rio Grande do Norte, com R$ 907 mi].

O BNB também tem apoiado, mas seu orçamento é menor, talvez tenhamos alguma parcela menor. Temos trabalhado com alguns recursos da Sudene [Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste], mas com volumes menores também. O mercado de capitais, hoje, tem um patamar de preço um pouco alto.

BNamericas: Há dificuldades em obter autorização para acesso à rede, diante do boom da geração de energia renovável?

Araripe: Isto vem de um problema, uma falta de isonomia entre as fontes. Hoje, para requerer outorga eólica, é preciso declarar garantias. Já a solar não tem essa exigência. Isso redundou, de fato, em uma quantidade muito grande de projetos que solicitaram outorga, entraram na base do sistema, mas que não foram efetivamente construídos. É preciso um aprimoramento regulatório para exigir uma garantia de cumprimento para, de fato, limpar essa base.

BNamericas: A Casa dos Ventos pretende triplicar sua capacidade instalada até 2025. Quais parques eólicos entrarão em operação neste período?

Araripe: Temos em operação os parques Folha Larga, Rio do Vento 1 e Babilônia Sul, que somam 1 GW de capacidade, além de 700MW em construção, que são os projetos Rio do Vento 2 e Umari.

Até o final deste ano, teremos 1,5 GW em operação. Em 2024, mais 200 MW começarão a operar, e, em 2025, outros 1,3 GW. Então, teremos pelo menos 3 GW até 2025. Digo “pelo menos” porque também temos projetos de energia solar em que estamos trabalhando.

BNamericas: Quais são os desdobramentos da joint venture formada com a TotalEnergies até agora?

Araripe: A joint venture com a TotalEnergies nasceu com 6,2 GW no pipeline, dos quais 1,7 GW estão em construção ou operação e 1,3 GW estão em estágio avançado de desenvolvimento. E este pipeline já inclui plantas solares híbridas e stand-alone.

BNamericas: Projetos de hidrogênio verde estão em estudo?

Araripe: Hoje temos memorandos de entendimento assinados com os portos de Pecém [no Ceará], Suape [Pernambuco], Aratu [Bahia] e Açu [Rio de Janeiro].

Estamos mais avançados em Pecém, onde temos um projeto básico, com licenciamento em andamento, avançando para, ainda este ano, termos a primeira decisão de pré-FEED [front-end engineering design].

Estamos cadastrando esse projeto em algumas iniciativas internacionais de offtake de amônia, mas queremos desenvolver projetos no mercado doméstico, inclusive com clientes com quem já temos PPAs, seja para a indústria de fertilizante, siderurgia, mineração ou transporte. 

São potenciais parcerias importantes para gerar demanda para os nossos projetos de geração de energia. Vendemos eletricidade, mas podemos também vender outros produtos e moléculas, como hidrogênio, amônia, metanol verde. Podemos usar nossos elétrons para outros mercados.


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