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Por que a Thyssenkrupp está de olho no mercado brasileiro de hidrogênio verde

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Por que a Thyssenkrupp está de olho no mercado brasileiro de hidrogênio verde

Aprovado em setembro, o projeto de lei que institui o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (PHBC) no Brasil prevê a concessão de mais de R$ 18,3 bilhões (US$ 3,4 bilhões) em créditos fiscais entre 2028 e 2032, incentivando a adoção do hidrogênio verde em setores de difícil descarbonização, como fertilizantes, siderurgia, cimento e transporte pesado.

Luiz Antonio Mello, head de vendas da Thyssenkrupp Uhde para o Brasil, acredita que os incentivos do governo viabilizarão projetos focados na produção de hidrogênio de baixo carbono no país, onde ele projeta uma demanda por cerca de 40 plantas até 2050.

Nesta entrevista, Mello conversa com a BNamericas sobre o potencial do mercado de descarbonização industrial e explica por que a Thyssenkrupp está interessada no tema.

BNamericas: Como o hidrogênio verde pode ajudar a descarbonizar indústrias intensivas em CO₂?

Mello: Uma forma de descarbonizar é pela eletrificação direta, como no caso de um trem que deixa de rodar a óleo diesel e passa a ser eletrificado com base em fonte renovável. Em alguns setores, essa eletrificação direta não é possível, como grandes modais de transporte, como um navio cargueiro ou grandes caminhões. 

Hoje, não é possível usar baterias para esses casos, pois só o peso das baterias já inviabilizaria a solução. Então, o hidrogênio pode ser usado nesses casos, sendo transformado em metanol verde. Já há empresas de construção naval adaptando motores para isso.  

BNamericas: A Thyssenkrupp tem projetos de descarbonização em desenvolvimento? Poderia citar exemplos?

Mello: Temos o compromisso de sermos carbono zero até 2050. Então, teremos que reduzir nossas emissões diretas em 30% até 2030, considerando-se os escopos 1 e 2. O maior projeto para atingir isso é a descarbonização de nossa área de negócio siderúrgico. Temos algumas plantas de produção de aço na Europa. E contamos com mais de 2 bilhões de euros do governo alemão financiando isso e um aporte direto de 1 bilhão de euros da Thyssenkrup, visando substituir o carvão por hidrogênio. Serão mais de 2 milhões e meio toneladas de aço por ano de aço verde. Isso dá mais ou menos um terço do que o Brasil produz de aço. 

No Brasil, onde não temos siderúrgicas, nosso papel é viabilizar que outras empresas implementem soluções baseadas no hidrogênio verde e derivados, como fertilizantes e metanol verdes, além de fornecer equipamentos.  

BNamericas: Por que esse interesse em fomentar a descarbonização?

Mello: Acreditamos que o futuro do grupo estará embasado em soluções de descarbonização. Temos uma área de negócios focada nisso. É onde entram o hidrogênio verde e a fabricação de cimento com baixa emissão de CO₂, por exemplo. Acreditamos que a demanda por soluções verdes na indústria vai crescer nos próximos 30 anos. 

BNamericas: Estamos falando de algo economicamente viável? O projeto de lei que instituiu o PHBC contribui para isso?

Mello: O projeto de lei contribui muito porque o cenário que temos hoje, no Brasil, é que o hidrogênio acaba em boa parte substituindo o uso do gás natural. E o gás no país, historicamente, é um insumo muito caro. Tanto que produzimos muito pouco fertilizante aqui. A maior parte é importada, trazendo a pegada de carbono de fora para dentro do Brasil, e há a questão das instabilidades internacionais. A Rússia é um dos principais fornecedores de fertilizantes para o Brasil. 

A questão é o investimento. Para fazer fertilizantes verdes, será preciso colocar novas plantas. Então, o incentivo do governo é muito importante porque acaba viabilizando que o investidor pague de forma mais rápida esse investimento inicial. Foi algo muito bem estruturado porque não vai comprometer o caixa do governo. O investidor terá que investir para construir a planta. E, quando começar a produzir, estará gerando empregos, impostos, adensando a cadeia produtiva local. 

BNamericas: Há muitos memorandos de entendimento (MOUs) de hidrogênio verde assinados no Brasil. Quais as perspectivas para plantas de grande porte saírem do papel?

Mello: O projeto de lei permite a concessão de subsídios a partir de 2028 para quem estiver produzindo naquele ano. Então, para isso, o projeto precisa estar começando a ser implementado, no mínimo, em 2026. Acredito que vamos começar a ter anúncios entre o final de 2025 e início de 2026. 

BNamericas: A Thyssenkrupp tem interesse em fornecer tecnologias de eletrólise e outras soluções para produção de hidrogênio verde?

Mello: Esse é um foco importante para nós. Temos a Thyssenkrupp Nucera, que é dedicada à tecnologia de eletrólise para produzir hidrogênio verde. Hoje, é a empresa que tem a maior capacidade de manufatura desses eletrolisadores, com uma carteira de pedidos equivalente a mais de 3 GW de potência de energia. 

BNamericas: Alguma projeção de demanda por plantas de hidrogênio verde para o Brasil?

Mello: Até 2050, no mundo, serão 2.000 GWm, que se tornarão mais de 6.000 GW de capacidade instalada de geração de energia renovável. No Brasil, tranquilamente, estamos falando de umas 40 plantas de hidrogênio verde ou derivados consumindo cerca de 40 GWm, ou seja, 120 GW de potência instalada, aproximadamente.

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