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Perguntas e Respostas

Por que a Vestas segue apostando no setor eólico brasileiro

Bnamericas

A dinamarquesa Vestas anunciou, em agosto, um investimento de R$ 130 milhões na produção de turbinas eólicas no município de Aquiraz, Ceará.  O aporte da empresa foi realizado em um momento delicado vivido pelo setor, que, pela primeira vez desde 2009, deve registrar uma desaceleração anual.  

Conforme explicado em um relatório da BNamericas publicado em julho, a redução do crescimento está associada ao excesso de energia no país, em um contexto de forte influxo de projetos de geração renovável e expansão da geração distribuída, combinados com um crescimento relativamente baixo do consumo de eletricidade.  

Por e-mail, Eduardo Ricotta, presidente da Vestas para a América Latina, explicou por que a companhia decidiu, ainda assim, fazer um novo investimento no país, e forneceu um panorama de seus contratos.   

BNamericas: Por que a Vestas decidiu realizar o investimento no Ceará, mesmo em um cenário de excesso de oferta de energia, sobretudo renovável, no Brasil?

Ricotta: A Vestas acaba de anunciar, diretamente de sua fábrica em Aquiraz, um pacote de iniciativas para apoiar o desenvolvimento do mercado de energia eólica no Brasil. Esse é um passo importante em um momento em que se vê uma desmobilização e desindustrialização do setor eólico no país.  

As iniciativas reforçam o compromisso da empresa com o país, com o fortalecimento contínuo da cadeia produtiva local, e a manutenção de cerca de 25.000 empregos diretos e indiretos gerados por sua operação local.

Entre os anúncios, a Vestas garantiu um investimento de cerca de R$ 130 milhões para produzir localmente, em sua na fábrica no Ceará, apoiada pelos parceiros de sua cadeia de suprimentos, a turbina V163-4,5 MW, que integra a plataforma de 4 MW. 

A lista de esforços também incluiu a assinatura de um protocolo de intenções com o governo do Ceará para transferência de créditos, com o objetivo de incentivar as empresas geradoras a investirem no desenvolvimento de novos projetos no estado. 

Foi ainda anunciada uma parceria entre a Vestas e o Banco Santander, que disponibiliza condições mais competitivas de liquidez aos fornecedores do setor eólico conforme mais alta a performance em ESG. 

Em julho, a Vestas havia anunciado uma aliança estratégica com o Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial] em âmbito nacional para desenvolver novos talentos para trabalhar no setor eólico já nos próximos anos.

A Vestas acredita no Brasil há várias décadas, e continuamos investindo para manter nossa presença local e a robustez da nossa cadeia de suprimentos. Muitos podem pensar que esse é um passo ousado, em um momento sensível para o setor. A falta de demanda gera ociosidade, hibernação ou fechamento de fábricas que fazem parte da cadeia industrial eólica, resultando em demissões e desmobilização de investimentos no país. 

Nós sabemos que o Brasil é um mercado volátil, e isso traz uma complexidade em manter investimentos locais e coloca em risco a própria sobrevivência da cadeia. Precisamos de mais planejamento e uma demanda estável.

Apesar das dificuldades, sabemos do potencial do país: riquíssimo em recursos naturais, com os melhores ventos do mundo. Acreditamos na transição energética e sabemos que o Brasil terá um papel essencial nesse novo contexto, não só para demanda local e aumento de energia renovável na matriz energética brasileira, mas também vamos ter um protagonismo na transição energética internacional, porque somos referência e vamos ajudar outros países a se descarbonizarem por meio de exportação de energia verde com hidrogênio e seus derivados.

Sabemos que o mercado brasileiro irá se recuperar. Agora precisamos continuar o trabalho em conjunto com nossos fornecedores, clientes e governo para assegurar que os projetos saiam do papel.

BNamericas: Quais os principais contratos em andamento e projetos atendidos pela Vestas?

Ricotta: Nos anos 2000, reforçamos nosso compromisso em apoiar a jornada de transição energética e as grandes oportunidades para consolidar o Brasil como um importante hub para o setor. Desde então, a Vestas tem conseguido garantir um trabalho altamente qualificado das equipes de operação, e atingimos 8 GW produzidos em nossa fábrica de Aquiraz, em agosto de 2024.

Este ano, nossa fábrica começa a fabricar turbinas para os projetos eólicos Serra do Tigre, no Rio Grande do Norte, e Babilônia Centro, na Bahia – ambos da Casa dos Ventos. Esse contrato de 1,3 GW, anunciado em 2023, prevê a fabricação, construção e instalação de 291 turbinas, além de serviços de manutenção do parque por 25 anos. Somados, esses projetos receberão um investimento total de cerca de R$ 9 bilhões. 

Concluímos recentemente as etapas de construção de sete parques eólicos no Nordeste do país: Seridó, Aroeira, Catanduba, Umari, Kairós, Serra das Vacas e Novo Horizonte, que, juntos, somam 1,5 GW de capacidade instalada.

Temos, hoje, contratos importantes de construção e de operação e manutenção no país, em especial nos estados da região Nordeste. 

Firmamos, também recentemente, um protocolo de intenções com o governo do Rio Grande do Sul para o desenvolvimento de um novo projeto eólico na fronteira oeste, em parceria com a Renobrax. O acordo assinado prevê esforço conjunto para que seja possível avançar na etapa de planejamento em que estamos e na viabilização dos elementos necessários para a implantação do parque eólico Três Divisas. Estudos apontam que o projeto tem potencial de atrair cerca de R$ 3 bilhões de investimentos futuros para o estado e de gerar mais de 1.000 empregos na região.

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