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Por que as empresas brasileiras estão enfrentando condições de financiamento mais difíceis

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Por que as empresas brasileiras estão enfrentando condições de financiamento mais difíceis

Embora o desempenho econômico do Brasil no primeiro trimestre tenha sido melhor do que o esperado e as projeções do PIB para 2023 estejam sendo revisadas para cima, o cenário para o setor empresarial continua bastante desafiador.

Os problemas financeiros da varejista local Lojas Americanas e da energética Light – duas grandes empresas que entraram com pedido de recuperação judicial no início deste ano – tornaram as linhas de crédito e as condições gerais de financiamento mais restritas, gerando impactos negativos para vários outros setores.

Ricardo Carvalho, diretor da área corporativa da Fitch Ratings, conversa com a BNamericas sobre os desafios financeiros das empresas.

BNamericas: Qual é a sua avaliação sobre as atuais condições financeiras enfrentadas pelas empresas no Brasil?

Carvalho: Estamos partindo de um início de ano muito ruim para as empresas. Se compararmos o cenário de 2022 com o atual, vemos uma grande diferença.

Durante a maior parte de 2022, vivemos um cenário de alta liquidez com linhas de crédito abundantes para as empresas. Essa situação acabava minimizando a geração de caixa um pouco enfraquecida que existia, porque havia financiamento para as empresas.

Este ano vimos eventos corporativos negativos, como das Lojas Americanas e da Light. Foram situações que tornaram o cenário crítico para as empresas, e já no primeiro trimestre vimos que os balanços estavam fracos.

Então, a combinação de atividade econômica fraca e juros altos tem prejudicado demais as empresas.

Por conta dessa combinação de fatores, tivemos um volume de downgrade de ratings de empresas nos primeiros cinco meses maior do que em todo o ano de 2022 e 2021 combinados.

A melhora do cenário dependerá muito de esforços e medidas do governo.

BNamericas: Não é estranho que o cenário esteja difícil para as empresas mesmo com o PIB crescendo mais que o esperado no primeiro trimestre e gerando revisões para cima para esse ano pelos economistas?

Carvalho: Se olharmos para os detalhes do resultado do PIB no primeiro trimestre, vemos que o resultado positivo foi muito influenciado pelo agronegócio.

Se avaliarmos o setor da indústria, os números são bem ruins e a tendência é que continuem ruins nos próximos trimestres.

BNamericas: Qual segmento tem enfrentado os maiores desafios?

Carvalho: A maior preocupação é com o setor de varejo, onde vejo que há empresas que continuam com problemas de liquidez, e não vejo melhoras significativas nos próximos meses.

A geração de caixa continua ruim e as condições de crédito para essas empresas também.

BNamericas: Muitos economistas esperam que o Banco Central comece a reduzir a taxa básica de juros [Selic] em agosto. Isso poderia melhorar o cenário de alguma forma no curto prazo?

Carvalho: Por mais que o início da redução da Selic esteja se aproximando, essa redução será muito gradual. Não vamos passar de uma taxa de juros de 13,75% ao ano para uma taxa de 10%.

Possivelmente ainda teremos um ano de juros altos. Isso prejudica as empresas e faz com que os investimentos sejam postergados ou até mesmo revistos.

Mas, de novo, nesse cenário, o varejo é o setor que eu vejo com mais preocupação, porque é fortemente vinculado à atividade econômica e dependente de capital de giro.

BNamericas: Quais setores estão mais protegidos neste momento?

Carvalho: 2023 será um bom ano para as empresas do setor agrícola devido à supersafra.

Além disso, o agronegócio brasileiro é altamente competitivo em escala global e vem se sofisticando cada vez mais com a mecanização.

Mesmo com os preços das commodities reduzindo, as empresas exportadoras também vêm apresentando bom desempenho por serem empresas que nos últimos anos tiveram grande geração de caixa, devido aos preços elevados e à forte disciplina de capital.

BNamericas: O avanço de uma reforma tributária pode servir de estímulo para as empresas?

Carvalho: As aprovações de reformas tributárias, se puderem mostrar aos investidores um cenário de mais disciplina fiscal e estabilidade por parte do governo, são sempre importantes, mesmo que os efeitos práticos não sejam imediatos.

Quando empresas e investidores percebem que há um horizonte melhor, enxergam menos riscos em suas decisões de investimento.

O governo precisa buscar fatores positivos, capazes de gerar expectativas positivas. Porém, não é cogitando, por exemplo, mudanças em regulamentações que estão funcionando, como o marco do saneamento.

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