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Por que o Brasil precisa investir ainda mais em smart grids

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Por que o Brasil precisa investir ainda mais em smart grids

O crescimento da geração distribuída e das fontes intermitentes no sistema elétrico brasileiro torna ainda mais necessário o investimento em redes inteligentes, também chamadas de smart grids.

A avaliação é de Cyro Boccuzzi, CEO da consultoria ECO Engenharia e Energia (ECOee).

Nesta entrevista à BNamericas, Boccuzzi cita uma série de medidas que podem ser tomadas para fazer face à transformação da rede nacional – muito além da troca dos medidores de consumo.

BNamericas: Por que o Brasil precisa investir ainda mais em redes inteligentes?

Boccuzzi: A expansão da geração distribuída e das fontes intermitentes [solar e eólica] são a bola da vez, pois são as mais competitivas. Hoje, se constroem plantas solares e eólicas em prazos bem menores que hidrelétricas e usinas a gás. 

Porém, muitos se esquecem de que o sistema precisa estar requalificado para lidar com essa nova realidade. Ter mecanismos automáticos para tirar proveito dessas fontes, mantendo a segurança.  

Quando há excesso de geração, pode haver problemas de estabilidade. Se for o contrário, haverá possíveis desligamentos. 

 Além disso, há o desafio de tornar as redes mais resilientes. Estamos passando por mudanças climáticas globais, com eventos extremos, que demandam inteligência e robustez das redes. E, no Brasil, há muitas redes com mais de 50, 60 anos em locais críticos. 

 Temos contas, rateios feitos desde antes do primeiro apagão, em 2001. A tarifa está sendo sempre pressionada por contas passadas. Mais recentemente, houve a [dívida resultante] da Covid-19 e da seca de 2021.

Precisamos encontrar caminhos para fazer novos investimentos em serviços de flexibilidade, ajustando a oferta e a demanda.

BNamericas: Você poderia dar exemplos de medidas para melhorar as condições da rede elétrica?

Boccuzzi: Em termos de requalificação das redes, é preciso modernizá-las, com um desenho mais inteligente.  

Segundo ponto: empregar automação de alto nível, com o conceito de ADMS, que significa advanced, distribution management systems. Mas, para isso acontecer, é preciso ter automação na ponta. Então, há o desafio da troca dos medidores eletromecânicos pelos digitais. 

Outra medida importante é criar planos diferentes de tarifas, inclusive tarifa pré-paga, para que as pessoas possam adequar seus usos. O consumidor que aceitar reduzir consumo em uma hora crítica pode ter tarifa menor, por exemplo. 

Quem fica fora de casa o dia todo pode ter condições de contribuir com a flexibilidade do sistema. 

BNamericas: Quais são os desafios para tornar a medição de energia no país mais inteligente?

Boccuzzi: É preciso uma política pública para garantir o retorno dos investimentos na troca de medidores, a instalação de equipamentos automáticos e novos sistemas de controle de alta capacidade.  

Eventualmente, pensar em investimentos feitos pela própria distribuidora em geração distribuída, construindo uma planta solar com capacidade de armazenamento para atender a certa área, em vez de construir uma subestação no local. A Copel conseguiu autorização para fazer isso, por exemplo. A ISA-Cteep instalou no litoral sul de SP um empreendimento de armazenamento por baterias porque, lá, o consumo varia sazonalmente. 

Todas essas são formas inteligentes de atender às demandas do sistema. 

O MME colocou uma consulta pública sobre a renovação das concessões das distribuidoras. O novo contrato de concessão não é mais monopolista, pois o serviço de rede que será ofertado será diferente, uma vez que o consumidor de baixa tensão pode instalar um telhado solar em sua casa e transacionar seu excedente. A natureza e os riscos do negócio mudam. Há risco de fazer grandes investimentos em uma rede e, depois, isto não ser mais necessário. 

BNamericas: Você tem uma estimativa dos investimentos necessários para modernizar a rede?

Boccuzzi: Estimamos cerca de R$ 250 bilhões [US$ 50 bi] para modernizar as redes de distribuição e transmissão dentro dos próximos 15 anos.  

O desafio não é só mudar os medidores, mas conectá-los à nuvem. Instalar equipamentos de controle. Se não forem feitos esses investimentos, as redes vão atuar de forma não otimizada, dada a expansão das fontes intermitentes no sistema.  

São necessários investimentos em sistemas de gestão de plantas descentralizadas de maneira automática e em tempo real, incluindo chaves, controles, bancos de capacitores e reguladores de tensão controlados remotamente, e também em infraestrutura para novas cargas, como as associadas a veículos elétricos.

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