Por que o Industrial Transition Accelerator está fazendo parceria com o Brasil

O Brasil se tornará o primeiro país parceiro da Industrial Transition Accelerator (ITA).

Lançado em dezembro de 2023, durante a COP28 em Dubai, o ITA reúne líderes globais de todos os setores, instituições financeiras e governos, visando desbloquear investimentos em grande escala para a rápida implantação de soluções de descarbonização.

A iniciativa é financiada pela Bloomberg Philanthropies e pelos Emirados Árabes Unidos.

A BNamericas conversou com a diretora-executiva do ITA, Faustine Delasalle, sobre o que esperar da iniciativa.

 

BNamericas: Quais as perspectivas de resultados da parceria entre o Brasil e a Industrial Transition Accelerator? Que tipo de projetos podem ser estimulados a partir dela?

Delasalle: Estamos nos concentrando na descarbonização do setor industrial, especialmente nas indústrias de aço, alumínio, cimento e fertilizantes. E o Brasil já tem presença e grande base industrial na maioria desses segmentos.

O Brasil tem potencial para produzir SAF [combustíveis de aviação sustentáveis], fertilizantes e hidrogênio barato devido aos seus fundamentos energéticos, considerando seus grandes parques solares e eólicos. É por isso que vemos um grande potencial no Brasil.

BNamericas: Como se espera que os projetos sejam financiados? Além do BNDES, quais outras instituições financeiras podem participar?

Delasalle: Estamos trabalhando em parceria com a Glasgow Financial Alliance for Net Zero [GFANZ], uma coalizão de instituições financeiras privadas que reúne grandes participantes de ações, banqueiros e gestores de ativos.

Há alguns passos fundamentais que precisamos seguir: o primeiro é melhorar a bancabilidade dos projetos, juntamente com políticas e desenvolvimento da cadeia de valor. Se isso for feito, acreditamos firmemente que haverá interesse por parte de instituições financeiras internacionais privadas em estabelecer parcerias com fontes de capital concessionário, como o BNDES, o Banco Mundial e o BID. Eles também têm grande interesse na descarbonização.

Uma das razões pelas quais estamos vindo para o Brasil é a força e a ambição do governo por meio de seu plano ecológico e do [programa] Nova Indústria Brasil. Estes planos criam bases sólidas sobre as quais seremos capazes de construir. Poderemos informar o governo sobre como melhorar essas políticas.

BNamericas: Quais regiões do Brasil são foco da parceria?

Delasalle: Trabalharemos mais com estados industrializados, como São Paulo e Rio. Porém, ao investir em regiões industrializadas, esperamos aumentar a escala e beneficiar um grupo mais amplo de estados do país.

O que diferencia o ITA é que estamos realmente focados em fazer com que os projetos industriais invistam na fase de construção. Para garantir que usamos tudo o que temos à nossa disposição e fazer os projetos acontecerem.