ProInversión: projeto ferroviário do planalto central do Peru está em andamento
A reabilitação da Ferrovia Huancayo-Huancavelica (FHH), que atravessa as regiões de Junín e Huancavelica no planalto central do Peru, é um dos projetos que a agência estatal ProInversión espera licitar este ano.
Em meados de fevereiro, o Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC) contratou a ProInversión para outorgar a FHH. Posteriormente, foi incorporada ao portfólio prioritário 2023-2024 e o capex foi atualizado de US$ 248 milhões para US$ 263 milhões.
A ProInversión publicou recentemente a segunda versão do contrato da FHH. Embora a atualização do capex será anunciada no dia 9 de agosto com a terceira versão do documento, o valor deve aumentar à medida que estudos topográficos e de risco topográfico estão sendo realizados na área de influência.
A BNamericas conversa com Gian Carlos Silva, diretor do projeto da FHH da ProInversión, sobre os ajustes na segunda versão do contrato, a demanda esperada e os participantes do setor do projeto.
BNamericas: Em meados de abril vocês disseram que iriam atualizar o contrato e o capex do projeto. Que ajustes fizeram?
Silva: No dia 3 de julho foi publicada a segunda versão do contrato do projeto da FHH [pode-se baixá-la na seção Documentos no canto superior direito da tela]. Esta versão aborda principalmente o risco geológico, com dois novos mecanismos que impactam diretamente na quantificação do capex.
Trata-se da identificação de quatro setores críticos e do restabelecimento da via às condições observadas nos anos 2014-2015, linha de base do projeto referencial.
Até o momento, com as novas informações de topografia e as informações de campo coletadas, já existe uma estimativa de quanto o capex aumentaria. No entanto, teremos o valor final em 9 de agosto, data em que será publicada a terceira versão do contrato.
BNamericas: Que fatores explicarão o novo valor orçado?
Silva: São três fatores. O primeiro são as condições da via. Durante a vistoria técnica pudemos observar uma série de eventos como deslizamentos, afundamentos, entre outros, que alteram substancialmente a linha de base dos anos 2014-2015 em que se sustenta o projeto de referência.
O segundo fator é a identificação de determinados setores, denominados críticos, que apresentam um risco geodinâmico ou geotécnico complexo. Estes requerem um tratamento contratual e uma distribuição de risco diferente do que se previa, o que terá impacto no orçamento.
O terceiro fator é a verificação das intervenções referenciais previstas no projeto. Busca comprovar que estes atendem ao disposto nas normas técnicas vigentes.
BNamericas: A descrição do projeto indica que o sistema ferroviário será para tráfego misto, carga e passageiros. Quanto se espera mobilizar?
Silva: A expectativa de demanda de passageiros para o quinto ano de operação é de 915 mil passageiros por ano. Em seguida, espera-se atingir 1,22 milhão de passageiros por ano.
Quanto às estimativas de carga, referem-se a mercadorias que os passageiros irão movimentar e estima-se que possam chegar a 48 mil t por ano. A infraestrutura do projeto foi projetada para aumentar a capacidade de carga para 20 t por eixo, o que permitirá que toda carga potencial [como carga mineral] seja transportada por ferrovia.
BNamericas: A meta é licitar a linha férrea em dezembro. A data estimada se mantém?
Silva: A meta de concessão do projeto em dezembro continua a mesma. Estamos avançando conforme planejado com alguns ajustes de cronograma, mas estes não afetaram o caminho crítico do projeto.
O objetivo é completamente razoável. Trata-se de um edital baseado em uma estrutura madura, bem estudada e avaliada pelo mercado e pelos órgãos públicos que participam com pareceres do processo de promoção de projetos.
BNamericas: A reativação da ferrovia influenciará no desenvolvimento ou reativação de projetos na área de influência?
Silva: As normas previstas para o projeto vão proporcionar segurança e confiabilidade no transporte ao longo da via e dentro da área de influência direta e indireta. Isso permitirá reativar a economia local e empreendimentos turísticos e agrícolas entre Huancayo e Huancavelica.
Por outro lado, existem vários projetos de mineração que, de acordo com o estudo de demanda de 2015, poderiam usar o serviço de transporte ferroviário para mover seus concentrados minerais para o complexo mineiro metalúrgico La Oroya (quando habilitado) ou para o porto de Callao para exportação.
BNamericas: A pré-qualificação de licitantes está aberta até outubro. Quantas empresas já demonstraram interesse?
Silva: Até o momento, oito empresas manifestaram interesse formal e adquiriram direitos de participação. Estas empresas são de capitais nacionais e estrangeiros provenientes da Espanha, China, Portugal e do Brasil.
Há outro grupo de empresas que se interessaram pelo projeto, mas ainda não adquiriram os direitos de participação. Nossa expectativa é que a nova versão do contrato seja decisiva para as empresas formalizarem seu interesse.
BNamericas: Você identificou algum risco ou problema com as autoridades locais ou com as comunidades da área de passagem da FHH?
Silva: O projeto tem ampla aceitação social, tando dos moradores de cada bairro como de suas autoridades. Temos comunicado as metas e o andamento do projeto em diversas reuniões e planejamos realizar workshops com os agentes envolvidos nos próximos meses.
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