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Projeto argentino de lítio Centenario-Ratones combina sustentabilidade e eficiência

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Projeto argentino de lítio Centenario-Ratones combina sustentabilidade e eficiência

A empresa francesa Eramet está inaugurando a planta de lítio Centenario-Ratones, na província argentina de Salta, enquanto o início da produção está previsto para novembro.

Com um capex de US$ 870 milhões e uma capacidade de 24 mil t/a (toneladas por ano) de carbonato de lítio equivalente, a Câmara Argentina de Empresários da Mineração (CAEM) aponta que a quarta operação do metal do país permitirá que a capacidade nacional de lítio triplique para atingir 136 mil t/a.

A construção, gerida pela local Eramine Sudamérica, envolveu 2.500 trabalhadores e enfrentou uma série de desafios relacionados à sua localização, a 4 mil metros acima do nível do mar.

O aspecto socioambiental tem sido fundamental para o avanço do projeto conjunto entre a Eramet e a empresa chinesa Tsingshan. A diretora de sustentabilidade da Eramine, Constanza Cintioni, discute esse tema em uma entrevista com a BNamericas.

BNamericas: Quais foram as complexidades enfrentadas na construção da primeira fase de Centenario Ratones?

Cintioni: Construir uma planta industrial a 4.000 metros de altitude de maneira responsável e segura tem sido um grande aprendizado devido aos desafios climáticos e aos fortes ventos da puna. Além disso, as mudanças nas políticas, na taxa de câmbio e nas questões de importação e exportação nos levaram a trabalhar intensamente com os empreiteiros, bem como com os governos nacional, provincial e municipal.

Superar essas questões nos permitiu fortalecer a equipe e ser criativos para atender aos requisitos, como a Lei de Promoção Mineira de Salta, que exige a contratação de fornecedores e trabalhadores locais. Isso envolveu a formação de mão de obra por meio de diversos programas educacionais em parceria com as universidades e o Ministério da Educação, permitindo que hoje mais de 80% da equipe seja composta por saltenhos.

BNamericas: Em relação à tecnologia de extração direta de lítio, patenteada pela Eramet, como foi a fase de experimentação e por que não consideraram piscinas de evaporação?

Cintioni: Em primeiro lugar, pelo nível de utilização do recurso, que é de 90% em comparação com os sistemas tradicionais, o que permite um melhor controle do processo. Buscamos sempre otimizar o tempo, um indicador no qual melhoramos muito, já que nosso processo ocorre em menos de 24 horas.

Por outro lado, temos dois insumos fundamentais: a salmoura de onde é extraído o lítio e a água utilizada no processo, que não é potável nem adequada para consumo humano. Nosso compromisso é tornar o uso da água o mais eficiente possível, por isso temos um nível de reaproveitamento superior a 60% no processo.

BNamericas: Como vocês utilizarão de forma eficiente a energia e os recursos hídricos?

Cintioni: Consideramos a energia solar e estamos prontos para iniciar uma expansão do nosso parque solar [de 600 KW], porque buscamos nos abastecer majoritariamente com energia verde. Além disso, temos gás de uma usina que funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, que também foi ampliada junto com outras empresas da região.

Quanto à água, aplicaremos rigor no controle por meio de um sistema que mede o consumo e reporta o monitoramento ambiental de forma participativa, para que a comunidade possa acessar com transparência a qualidade da água com a qual trabalhamos.

BNamericas: O prazo para início da produção em novembro será cumprido?

Cintioni: Sim. Estamos trabalhando muito, principalmente no aspecto de recursos humanos, por meio de um centro de treinamento especial, para que possamos avançar para a operação da planta e gerenciar os termos de temperatura e os equipamentos, que são bastante complexos. Estamos fazendo isso de forma muito organizada, confiantes de que cumpriremos os prazos acordados para novembro.

BNamericas: O que motivou o aumento de quase 9% no capex, para US$ 870 milhões? Qual a relação desse aumento com o cumprimento das normas de sustentabilidade?

Cintioni: A variação se deve principalmente a alguns atrasos devido às condições climáticas durante a construção. Os compromissos em termos de responsabilidade social, empresarial e sustentabilidade ambiental foram aplicados desde o início por meio do relacionamento com autoridades, comunidade, universidades e organizações sociais. Trabalhamos juntos porque acreditamos que isso também garante a sustentabilidade das nossas ações.

Acabamos de criar uma nova parceria com [a ONG] Promujer que nos permitirá capacitar 1.200 mulheres em três anos para possam desenvolver seus empreendimentos. Também temos programas de bolsas de estudo, com a Universidade Nacional de Salta, para apoiar o desenvolvimento dos estudantes.

Além disso, formamos uma quarta aliança com a Fundação Anpuy, para promover o desenvolvimento dos jovens saltenhos e ampliaremos a quantidade de bolsistas em todos os níveis de ensino. Estamos interessados em gerar novos empregos também fora do setor de mineração, assim como promover empresas locais.

BNamericas: Quais medidas serão implementadas para reduzir a pegada de carbono no transporte para a operação mineradora?

Cintioni: Em sustentabilidade, estamos trabalhando com as áreas de logística e comércio exterior para lidar com a complexidade da altitude, porque o acesso é complicado e devemos garantir que a segurança seja mantida ao longo do tempo com as temperaturas e amplitude térmica da puna.

Para reduzir a pegada de carbono estamos tentando promover uso do transporte ferroviário como uma alternativa promissora, embora não dependa 100% de nós. Por isso, trabalhamos em conjunto com o estado provincial e nacional, buscando garantir segurança e eficiência na logística de Salta; e também já identificamos os pontos críticos das rotas.

BNamericas: Quais são os requisitos ao selecionar fornecedores?

Cintioni: O requisito básico é nosso código de ética e nossas políticas de direitos humanos, meio ambiente e segurança. Esses requisitos não são negociáveis com os fornecedores, que sabem que o descumprimento é motivo para anulação do contrato.

Atualmente, nosso foco está na construção, onde temos os riscos, e, por isso, nossas gerências se reúnem constantemente com as empresas contratadas para revisar os temas de segurança, relações trabalhistas e aspectos vinculados à ética e aos direitos humanos.

Isso faz parte de nossa responsabilidade social corporativa, que nos permitiu chegar até aqui sem nenhum conflito, e esperamos terminar esta etapa da mesma maneira. Ao mesmo tempo, estamos preparando as condições para os próximos processos de compras, licitações e novos contratos.

BNamericas: A segunda fase de Centenario pretende adicionar 30 mil t/a de carbonato de lítio equivalente. Como está o processo de obtenção das aprovações socioambientais?

Cintioni: Estamos em pleno processo, junto à Secretaria de Mineração [provincial], para que possam fazer as análises correspondentes com as equipes que estão dedicadas ao nosso projeto.

Valorizamos o compromisso da secretaria e de suas equipes técnicas, com quem compartilhamos as visões de um projeto responsável, seguro e sustentável. Tendo passado pelas dificuldades da primeira etapa, adquirimos conhecimento e estamos trabalhando agora de forma mais eficiente em equipe.

BNamericas: O que você acha do regime de incentivo a grandes investimentos, RIGI, que foi aprovado junto com a Lei de Bases? A Eramine ingressará no programa?

Cintioni: Sim. O RIGI será positivo para atrair investimentos em projetos de logística e de energias verdes, que também almejamos. Vemos este programa de forma muito positiva para a implementação dos projetos que nos faltam.

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