Projeto equatoriano Warintza desponta como uma das maiores minas da América Latina
O projeto de cobre, molibdênio e ouro Warintza, localizado no sul do Equador e pertencente à canadense Solaris Resources, pode se tornar uma das minas mais importantes da América Latina.
Em fase de exploração avançada, o projeto na província amazônica de Morona Santiago, localizado a 40 km ao norte da mina de cobre Mirador, é considerado um empreendimento de mineração estratégico para o Equador.
Nos próximos meses, a empresa e o governo equatoriano assinarão um aditivo ao contrato de investimento assinado em 2022, no valor de US$ 42 milhões. O aditivo passará a contemplar investimentos de US$ 3,5 bilhões, tornando Warintza a segunda maior iniciativa de investimento do país, atrás do projeto de cobre e ouro Cascabel, de US$ 4,2 bilhões, da australiana SolGold.
A Solaris garantiu a fase de exploração avançada e estudos com cerca de US$ 105 milhões que arrecadou nos últimos seis meses, apesar da situação complexa do país, que em janeiro declarou uma guerra interna ao tráfico de drogas e ao crime organizado.
De acordo com a atualização publicada pela Solaris em 22 de julho, os recursos estimados de Warintza até o momento totalizam 2,33 bilhões de toneladas (Bt) de cobre equivalente, das quais 232 Mt são medidas, 677 Mt indicadas e 1,43 Bt inferidas.
A BNamericas conversou com Ricardo Obando, gerente da Lowell Mineral para o Equador, subsidiária local da Solaris, sobre o aumento substancial do investimento planejado, o status atual do projeto e a possível data de início de construção da mina.
BNamericas: Por que o investimento planejado no projeto passou de US$ 42 milhões para US$ 3,5 bilhões?
Obando: Em 2022, levando em consideração a magnitude da descoberta, assinamos o contrato de investimento no valor de US$ 42 milhões com o Ministério de Produção. Esse investimento inicial seria para cobrir a exploração inicial e avançada, bem como a realização de estudos.
Até o final de 2022, como resultado da nossa intensa campanha de perfuração, um importante potencial geológico e mineral começou a ser identificado nas nossas concessões.
Após rigorosas análises em laboratórios nacionais e internacionais, identificamos a presença de importantes recursos indicados e inferidos, especialmente cobre, molibdênio e ouro, e isso permitiu que a empresa atualizasse suas informações e projetasse o desenvolvimento deste projeto, pensando na produção, definindo o novo valor do investimento.
Até o momento, registramos seis importantes alvos de cobre, molibdênio e ouro dentro das nossas concessões. Com isso, foi possível estimar e projetar o potencial de desenvolvimento deste projeto e o valor de capex. Estamos em um processo de atualização e desenvolvimento de um aditivo ao contrato de investimento, que está avançando.
Esperamos ter, dentro de um mês e meio ou dois meses, a formalização da assinatura do aditivo ao nosso contrato de investimento, no valor de US$ 3,5 bilhões.
Estimamos também 5.000 empregos na fase de construção da mina e 2.000 nas fases de produção e operação.
Warintza é um projeto de classe mundial. Parece que será um dos mais importantes não só do Equador, mas da região.
BNamericas: A mina será a céu aberto? Que outras instalações produtivas o investimento estimado contempla?
Obando: Devido ao tamanho, à magnitude e à localização do depósito, bem como as condições e a qualidade do mineral, a mina será a céu aberto.
Estamos trabalhando na formulação e no projeto de usinas, acampamentos, barragens de rejeitos e toda a logística e infraestrutura envolvidas no desenvolvimento de um projeto como esse.
Estamos nas fases preliminares, determinando, através de estudos técnicos e conceituais, o desenvolvimento integral do projeto, sempre com o apoio do Ministério de Energia e Minas, através do Vice-Ministério de Minas, e também do Ministério do Meio Ambiente.
BNamericas: Quanto foi perfurado até agora? E quanto será perfurado ao longo de 2024?
Obando: Na exploração inicial, já perfuramos cerca de 139.000 m.
Neste ano de 2024, projetamos a perfuração de mais 40.000 m a 60.000 m, que correspondem à fase de exploração avançada, para reconfirmar e reafirmar a importante descoberta que fizemos na exploração inicial. Até o momento, já perfuramos 29.000 m do que estava previsto para este ano.
Os programas simultâneos de exploração distrital visam descobertas complementares de um portfólio ampliado de alvos epitermais de ouro/prata e cobre pórfiro.
No momento, temos sete perfuratrizes trabalhando simultaneamente nas nossas concessões, que fazem parte do território indígena Shuar, e isso é inédito. Em 2022, tínhamos cerca de 14 máquinas perfurando ao mesmo tempo.
BNamericas: Como será o abastecimento de energia? Vocês planejam construir uma usina?
Obando: Há cerca de dois anos, cientes dos importantes resultados geológicos, assinamos um memorando de entendimento com a empresa elétrica equatoriana Celec para identificar a capacidade do sistema interligado nacional para suprir nossas necessidades.
Identificamos duas fases, sendo a primeira a construção da mina, para a qual seriam necessários entre 8 MW a 10 MW. Para essa fase, é muito provável que nos conectemos ao sistema existente, potenciando a linha que chegaria até Warintza. A repotenciação se concentraria em geradores e transformadores.
Em uma segunda fase, para a operação do projeto, estimamos que serão necessários entre 230 MW a 260 MW, e isso implica outro desafio.
Estamos conversando com a Celec porque sabemos que Warintza terá que alimentar o sistema interligado nacional com projetos de autogeração, ou talvez com projetos de autogeração que existem em outras partes do país, através de parcerias público-privadas.
Já contratamos consultorias nacionais e internacionais. Estamos trabalhando para que todo o trajeto seja agilizado para que, quando a mina for construída, tenhamos a energia necessária.
Em paralelo, também estamos trabalhando na realização de estudos técnicos, ambientais e outros levantamentos que sejam necessários para fornecer energia ao projeto durante a operação.
BNamericas: Vocês descartam a construção de uma pequena central hidrelétrica ou eólica?
Obando: Não descartamos nenhuma dessas opções. Talvez tenhamos a situação resolvida para a primeira fase, de construção da mina, mas estamos pensando em como seria o desenvolvimento e a operação do projeto, quando haverá maior demanda de energia.
A Celec colocou na nossa mesa um importante portfólio de projetos. O memorando de entendimento assinado com a estatal tem como foco promover o desenvolvimento de energias renováveis.
Temos muita experiência com investidores canadenses que estão bastante interessados no potencial hídrico da província de Morona Santiago. Não descartamos, é claro, o fortalecimento de alguns projetos eólicos ou fotovoltaicos que estão sendo trabalhados no país.
Também temos interesse no que pode acontecer com o projeto hidrelétrico Santiago, que ficaria perto de Warinza, para o qual a Celec está desenvolvendo a estratégia de licitações e contratações.
Teremos que tomar algumas decisões muito em breve.
BNamericas: Como está a programação de Warintza no momento? Qual é o cronograma?
Obando: O principal desafio desse projeto é tentar equilibrar os prazos e as necessidades da indústria, dos investidores e dos mercados de ações com os prazos locais, regulatórios, sociais e políticos do Equador.
Felizmente, temos conseguido fazer isso. Os investidores entenderam quais são os prazos sociais e comunitários na tomada de decisões, especialmente em comunidades indígenas como Shuar, cujos processos de tomada de decisão, autoridade e organização interna são realizados através de assembleias comunitárias.
Há momentos em que os ministérios demoram para revisar estudos e, provavelmente, por pressão midiática e política. Os prazos políticos devem ser levados em conta, porque há mudanças de ministros, de autoridades. Existem situações políticas que muitas vezes afetam a tomada de decisões relativa ao desenvolvimento dos projetos.
Por sorte, temos conseguido fazer com que esses prazos coexistam e se alinhem, mesmo com a exigência de boas notícias e do cumprimento de marcos do investimento privado estrangeiro.
BNamericas: Esses prazos levaram em consideração as eleições de fevereiro e a mudança de governo?
Obando: Tudo é levado em consideração. Com base nisso, temos um cronograma bastante ambicioso, que também estamos atualizando em função dos prazos políticos.
Sabemos que nas eleições de fevereiro haverá troca de presidente e dos membros da Assembleia Nacional, e é aí que talvez resida um dos nossos principais desafios.
Estamos muito atentos à discussão na Assembleia Nacional da lei de consulta prévia, livre e informada, porque nosso projeto fica em um território indígena e, para o desenvolvimento das próximas fases, precisaremos de uma lei que garanta segurança jurídica, social e política.
BNamericas: A consulta prévia é uma das questões mais delicadas para o futuro não só de Warintza, mas da mineração no Equador.
Obando: Infelizmente, é uma questão que foi distorcida por atores da oposição, pelas plataformas antimineração e por algumas ONGs. Um direito tão fundamental quanto esse foi manipulado.
Para nós, é fundamental que haja clareza, porque o que queremos é continuar a construir um projeto que seja legitimado com o consentimento das comunidades. É por isso que o nosso cronograma depende também da promulgação da lei da consulta prévia.
Esperamos que, no primeiro trimestre do ano que vem, esta lei esteja pronta.
BNamericas: Quais são as ações imediatas dentro do cronograma de Warintza?
Obando: Prevemos iniciar nos próximos meses um processo de realização de estudos ambientais, de flora, de fauna, entre outros, que serão devidamente coordenados com o Ministério do Meio Ambiente para, a partir disso, avançar para o licenciamento ambiental para o construção da mina.
Esperamos ter todas as licenças para a construção da mina entre o final de 2026 e o início de 2027.
Neste momento, a empresa conta com licenças ambientais válidas para a fase de exploração avançada. Os processos para obtenção de licenças ambientais podem levar de dois a três anos, por isso precisamos trabalhar de forma planejada para obter a licença ambiental de construção até, no máximo, o início de 2027, e, claro, ter o consentimento das comunidades.
BNamericas: Como estão as relações com as comunidades indígenas Shuar da região?
Obando: Os acordos que construímos e o diálogo contínuo com as comunidades são o nosso principal ativo, e isso tem permitido o planejamento e a execução dos planos de geologia e perfuração, por isso estamos avançando em um ritmo muito bom.
Por trás de cada metro perfurado está o consentimento das comunidades e, junto com isso, emprego digno, empreendimentos locais, compras, investimento e conteúdo local da empresa. O projeto não poderia ser realizado se não tivéssemos, como, de fato, temos, o pleno consentimento dos centros Shuar Warints e Yawi e dos centros Shuar que ficam nos arredores e com os quais construímos uma relação de diálogo muito estreita, baseada na boa fé e na participação.
Temos certeza de que, se quisermos desenvolver a mina, devemos obter o consentimento das comunidades para as próximas fases, e é por isso que estabelecemos bases sólidas para o diálogo e a participação com elas.
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