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Província argentina de Jujuy está em busca de parceiros estratégicos

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Província argentina de Jujuy está em busca de parceiros estratégicos

A Argentina é o quarto maior produtor de lítio do mundo graças a duas operações, uma localizada na província de Jujuy (Olaroz, controlada por Allkem e Toyota Tsusho) e outra em Catamarca (Fénix). Juntas, as duas registraram exportações no valor de US$ 700 milhões em 2022.

O lítio está na mira do governo argentino, das províncias e de investidores, que veem oportunidades na transição energética mundial com a produção crescente de veículos elétricos e a instalação de usinas de energia renovável.

Em Jujuy, o lítio foi declarado de interesse estratégico por meio de uma lei de 2011, a qual garante uma participação na exploração do metal para a empresa provincial Jemse.

Por força dessa legislação, a Jemse controla 8,5% das empresas que possuem projetos de lítio na província, incluindo a Caucharí-Olaroz, operada pela mineradora local Exar, por sua vez uma joint venture entre Lithium Americas e Ganfeng Lithium.

A Jemse também participa dos parques solares de Caucharí, que estão localizados em uma das áreas com maior radiação do mundo.

A BNamericas conversa com Felipe Albornoz, presidente da Jemse, sobre a situação atual do país, obstáculos legislativos, projetos de lítio e energia e novas oportunidades de negócios.

BNamericas: A atual crise macroeconômica que afeta a Argentina será um desestímulo ao investimento?

Albornoz: A situação é complexa: temos inflação alta e um nível muito alto de pobreza. Também temos problemas com importações de materiais que devemos resolver o mais rápido possível. No aspecto legal, o que importa é a segurança e que as regras não mudem. Entretanto, também há interessados e a partir da Jemse continuamos a fazer reuniões com novos investidores, principalmente para o lítio.

BNamericas: Qual é a discussão sobre a lei de áreas úmidas?

Albornoz: O projeto foi apresentado, mas precisa ser trabalhado para não prejudicar investimentos. Não somos contra, mas devemos trabalhar em consenso com todos os setores.

BNamericas: Qual sua opinião sobre estabelecer um preço fixo ou formar uma espécie de Opep para o lítio, em uma tentativa de regular o mercado?

Albornoz: Aqui se estabeleceu preços mínimos em meados de 2022, mas não houve consenso. Se as leis ou modificações forem discutidas com as empresas, não seria ruim, mas quando são impostas sem conhecimento, surgem problemas. O lítio não é uma commodity, não tem preço internacional. Então, basear-se em um preço que se tira de outra parte do mundo, sem analisar os custos para cada região, é complicado. Deve ser feita uma análise geral que inclua todos os participantes do negócio para estabelecer as diretrizes.

BNamericas: Qual a produção que a Olaroz atingiu em 2022 e para quando a expansão está prevista?

Albornoz: Não tenho o número exato de como terminou o ano, mas a produção está estimada entre 16 e 17 mil toneladas para 2022. Sua expansão está sendo concluída, provavelmente neste trimestre, e permitirá chegar a cerca de 41 mil toneladas por ano [t/a] a partir de 2023.

BNamericas: A produção de lítio em Caucharí-Olaroz foi estimada em 40 mil t/a. A meta será cumprida?

Albornoz: A construção está finalizada e já está sendo planejado o comissionamento, que acontecerá neste semestre. Quando ela entrar em produção, você vai ver realmente a capacidade que a planta terá em seu primeiro ano de vida.

BNamericas: A Argentina conseguirá subir do quarto para o terceiro lugar na produção mundial de lítio?

Albornoz: Tudo caminha para isso. Jujuy terá 80 mil t/a em 2023 ou 2024, além de novos projetos. O mesmo acontece com as outras províncias, como Salta, onde há muitos projetos que estão no início. Em Catamarca há uma planta operando, mas também outros projetos. Em quatro ou cinco anos, a Argentina terá uma capacidade muito boa de produção de carbonato de lítio.

BNamericas: Qual foi o resultado da licitação de propriedades nas bacias de Salinas Grandes e Laguna de Guayatayoc, onde foi identificado potencial para explorar e produzir carbonato de lítio?

Albornoz: As ofertas foram analisadas e a outorga foi feita para uma empresa com muita experiência e solvência. Não posso fornecer o nome até à assinatura do contrato, o que acontecerá no final do mês, mas é provável que este ano comece a exploração dos 11 mil hectares que foram licitados.

BNamericas: Como está o projeto de uma fábrica de células para baterias de lítio?

Albornoz: O projeto está pronto e os investidores estão avaliando o financiamento. No entanto, para iniciar a construção, é necessária uma demanda mínima, que não existe hoje. Falta uma lei para a promoção nacional da eletromobilidade que realmente motive a conversão de veículos. Aguardamos as condições necessárias para avançar.

BNamericas: A Jemse está interessada em produzir cobre?

Albornoz: Em Jujuy existem projetos de cobre de empresas privadas, mas a Jemse não está no negócio do cobre no momento. Nas áreas onde há disponibilidade de ouro, cobre, prata e terras raras, estamos trabalhando para trazer parceiros estratégicos. Lá veremos alguma participação mínima ou um canon [espécie de royalty regional de exploração] para o que se obtém com a produção. Mais do que tudo, buscamos projetos a serem executados e viabilizados.

BNamericas: Os parques solares fotovoltaicos de Caucharí estão em processo de ampliação. Qual capacidade em megawatts vocês esperam alcançar, e quando eles estarão disponíveis para abastecer a rede elétrica?

Albornoz: A expansão de mais 200 MW nos parques Caucharí I, II e III foi autorizada em todos os níveis do país e já enviamos as informações para o nosso financiador, que é o chinês Exim Bank. Aguardamos a última fase de aprovação do crédito, que sairia ainda neste trimestre, para iniciar as compras e construção, o que nos permitirá passar para uma capacidade de produção fotovoltaica de 500 MW. Esta será vendida à rede nacional por meio da Cammesa e será distribuída em todo o país.

BNamericas: Qual é a situação atual do projeto de oito parques solares fotovoltaicos em Jujuy?

Albornoz: O projeto consiste em um total de 96 MW divididos em duas etapas de 48 MW. Foi convocada a licitação para a primeira etapa, que consiste na construção, operação e manutenção das oito usinas que ficarão estrategicamente localizadas na província de Jujuy.

Fizemos um contrato com a Ejesa [Empresa Jujena de Energia] para distribuir energia localmente. O primeiro parque será Cannava, que fornecerá energia a uma planta de cannabis para fins medicinais. Então temos outro projeto que será localizado na Zona Franca de Perico. Outros parques, como Humahuaca e Caimancito, também estarão em lugares estratégicos.

Esse é o primeiro estágio. Para a próxima etapa já estamos trabalhando na localização do terreno, de acordo com a necessidade da demanda. É um projeto único no país, que trabalha com empresas locais de energia e, se funcionar bem, será um modelo de negócio a replicar noutras províncias.

BNamericas: Entre os novos projetos da Jemse, quais atrair interessar dos investidores?

Albornoz: Temos diferentes projetos de energia renovável relacionados à geração solar, geotérmica e de hidrogênio verde. Os investidores podem nos perguntar sobre a viabilidade desses projetos. Temos um protótipo de usina de energia renovável que desenvolvemos em conjunto com a Invap, o qual consiste em um sistema misto solar térmico e fotovoltaico que gera energia 24 horas por dia. Temos zonas francas industriais e comerciais de varejo. Na mineração, temos lítio e muitos outros projetos interessantes. Continuamos à procura de parceiros estratégicos e daremos todas as ferramentas para que o investidor possa desenvolver confortavelmente seus projetos.

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