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Rumo à renovação: ferrovias brasileiras se preparam para o futuro

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Rumo à renovação: ferrovias brasileiras se preparam para o futuro

Os fabricantes brasileiros de equipamentos ferroviários estão otimistas com o futuro do setor, graças ao programa de infraestrutura a ser anunciado pelo governo federal e à crescente pressão, principalmente das mineradoras, para substituir as frotas ferroviárias existentes para reduzir as emissões.

Espera-se que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncie seu novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) este mês. São aguardados investimentos anuais de cerca de R$ 60 bilhões (US$ 12,7 bi), com grande parte deles no setor ferroviário, disse recentemente um membro do governo BNamericas.

Enquanto isso, o setor procura atender à crescente demanda, principalmente das mineradoras, por trens que gerem menos emissões de gases do efeito estufa, o que pode gerar novas oportunidades para introduzir a tecnologia híbrida.

Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), conversa com a BNamericas sobre as perspectivas para o setor, incluindo as metas do ministério dos transportes de abolir o ICMS para projetos ferroviários.

BNamericas: Que impacto a planejada retirada do ICMS pode ter no setor ferroviário?

Abate: É uma intenção louvável do governo federal, que deve facilitar e ajudar no avanço dos projetos de ferrovias. O governo mencionou que a retirada do ICMS poderia representar uma redução nos custos de 15%, mas eu diria que esta é uma estimativa média: como o ICMS varia de estado para estado, é provável que essa redução possa ser bem maior em alguns estados.

BNamericas: Qual será a dificuldade de convencer os governos estaduais a retirar o imposto?

Abate: Em função da situação fiscal complicada dos estados, eu vejo esta tarefa como bastante dura para o governo federal, uma vez que ninguém gosta de perder receitas e vai exigir um nível de sacrifício dos governos. Além disso, também é verdade que cada estado tem sua realidade, então não é só uma questão de equilíbrio de forcas, mas das reais necessidades de arrecadação de cada região.

BNamericas: Como você avalia as iniciativas do governo federal em relação ao setor ferroviário, até agora?

Abate: A avaliação até agora é positiva. Desde março, temos tido várias reuniões mensais com ministérios do governo defendendo nossas demandas. Uma das nossas demandas mais importantes – que parece que vai ser atendida – é a questão da depreciação acelerada, que precisa ser também avaliada pelo Congresso.

No passado, quando tivemos o mecanismo de depreciação acelerada, isso ajudou o setor de materiais, vagões e locomotivas, e, se for implementada, será bastante positiva para o setor.

 Claro que ainda há muita coisa do lado do governo a ser feita, mas vejo os primeiros meses de forma positiva.

BNamericas: Quais são as expectativas para o anúncio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o setor ferroviário?

Abate: Temos uma expectativa muito grande com relação ao PAC, porque esse programa deverá trazer detalhes de uma série de projetos de ferrovias do governo federal. A outra boa notícia é que teremos também iniciativas dos governos estaduais inseridas no PAC.

O nível de ociosidade da indústria de trens e vagões está bastante elevado e, com o avanço do PAC, esperamos reduzir esta ociosidade.

Além do PAC, temos também atuado em outras frentes para dar vigor ao segmento. Como parte disso, estamos tentando a extensão de mais cinco anos do Reporto, que vai expirar em dezembro de 2023, e também queremos ver o programa Frota Ferroviária Verde avançando.

[Nota do editor: em 2022, o governo federal criou o programa Frota Ferroviária Verde, visando incentivar investimentos na redução das emissões de gases de efeito estufa da operação ferroviária e em alternativas para aumentar o uso de combustíveis renováveis e não poluentes para a operação dos serviços de transporte ferroviário de mercadorias e de passageiros]

BNamericas: Quais são os níveis atuais de ociosidade industrial?

Abate: Hoje estamos com um nível de ociosidade para as empresas que produzem trens para o setor de cargas de 80%, o que é um patamar elevado, mas esta ociosidade tende a cair nos próximos anos, devido ao aumento de demanda gerado pelo PAC e também por essa tendencia de vagões e trens híbridos.

BNamericas: Falando sobre o programa Frota Ferroviária Verde, você acredita que o Brasil algum dia terá serviços ferroviários de carga 100% elétricos?

Abate: A eletrificação completa das ferrovias é difícil no Brasil. Um dos elementos de dificuldade é o fato que temos extensões ferroviárias muito longas e isto inviabiliza muitos planos de eletrificação. 

Acredito que teremos uma eletrificação de parte do setor ferroviário, mas muitas das soluções para descarbonização do transporte ferroviário de cargas será por modelos híbridos, com o uso misto de biocombustíveis e baterias.

Muito se fala também do hidrogeno verde, mas ainda é prematuro fazer uma afirmação sobre sua aplicação no setor ferroviário. 

Há um fato concreto: os esforços das empresas, principalmente das mineradoras em reduzir as emissões das suas operações, tende a gerar novos pedidos para a indústria ferroviária, diante dessa busca de tecnologias hibridas, não totalmente elétricas.

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