Brasil
Perguntas e Respostas

Terrawise Ventures disputa fatia do financiamento de datacenters no Brasil

Bnamericas
Terrawise Ventures disputa fatia do financiamento de datacenters no Brasil

Lançada formalmente em novembro, a brasileira Terrawise Ventures é uma consultoria de negócios especializada na identificação e no desenvolvimento de projetos de infraestrutura de qualidade para iniciativas de energia renovável, datacenters e projetos brownfield.

A empresa com sede em São Paulo busca promover um fluxo tranquilo entre os mercados de capitais e os projetos de infraestrutura nessas áreas, refletindo benchmarks de mercados desenvolvidos.

No caso dos datacenters, a principal aposta é a promoção de fundos de investimento imobiliário (REIT) e sindicatos de credores, modelos financeiros amplamente utilizados no exterior, mas que, na visão da empresa, ainda não prosperaram, de fato, no Brasil.

Nesta entrevista, o sócio fundador Eduardo Kimura fala sobre os planos e visões da empresa para investimentos em datacenters.

BNamericas: Qual é a estratégia da Terrawise Ventures para o segmento de datacenters no Brasil? 

Kimura: A Terrawise Venures nasceu justamente com o objetivo de tentar profissionalizar a busca de recursos através de instrumentos financeiros do mercado de capitais. Isso permite uma participação, um leque muito maior de investidores. Nosso trabalho visa a um amadurecimento do mercado financeiro brasileiro, com um foco claro nos negócios de datacenter. 

Esse tipo de captação [via trustes] ainda é muito incipiente no Brasil, comparado com mercados avançados como os EUA. É um mercado faminto por crescimento. As curvas de crescimento são exponencias e irreversíveis e existe muito espaço para as empresas se modernizarem. 

BNamericas: De que forma exatamente vocês querem “profissionalizar” o mercado financeiro para os datacenters? 

Kimura: Estamos fomentando a criação de ativos de real estate de datacenters de altíssima qualidade para formarem em breve a base da de fundos de investimentos, que serão operacionalizados pelos nossos parceiros na Faria Lima [centro financeiro de São Paulo]. 

Somos um blend. Estamos cruzando o arrojo de uma startup com a cautela de um bom gestor de risco. Estamos tratando de ativos e investidores que buscam assertividade e transparência. 

Do ponto de vista macro, temos um ambiente completamente regulado – pela CVM, neste caso dos fundos, e pelo Bacen, no caso dos bancos. Nesse quesito, o Brasil é bastante desenvolvido, o sistema é governado de forma muito sólida.

Estar debaixo de produtos financeiros regulados é uma dádiva, é uma segurança para quem investe e para quem é investido também.

BNamericas: Como estão as conversas com os parceiros financeiros?

Kimura: Estamos montando o ecossistema de parcerias, porque nós não atuamos apenas com datacenter. Nós escolhemos nichos específicos de atuação, resumidamente sustentabilidade e tecnologia. Se você analisar, energia renovável, brownfield e tecnologia serão os temas predominantes da nossa próxima década, do próximo século, no mundo e no Brasil.

Mas você só terá um setor de tecnologia, de datacenter, pujante, com diferentes formas de investimento. Nada melhor do que tentar profissionalizar isso, buscar bons espelhos lá fora, bons exemplos de REITs, e trazer canais de captação com nicho muito focado que hoje o setor ainda não explora.

BNamericas: Qual é o perfil de ativo do datacenter que vocês estão mirando?

Kimura: Inicialmente, tínhamos como objetivo empresas de datacenter, proprietárias de ativos de real estate, com uma restrição de acesso de capital. Ou que estavam precisando investir para expandir, sem muito capital, com pouca capacidade de caixa, mas que são donas do terreno e dos próprios datacenters

Mas conversando com os colegas, com o mercado, isso se ampliou. Mesmos as grandes operações, aquelas que têm sócios estrangeiros ou até fundos de private equity fazendo injeção de investimentos, devem precisar de novas fontes de recursos.

Há uma mudança no perfil do tipo de maquinário para datacenters. Estamos migrando de CPUs para GPUs [processadores exigidos principalmente por aplicações poderosas de IA]. Os parques de servidores vão mudar. Com isso, os cronogramas dos fundos de capital também devem sofrer picos. Serão necessários recursos novos e imprevistos.

Basicamente, vimos que recorrer ao mercado de capitais e sindicalizar a captação de investidores passa a ser benéfico, inclusive para quem também tem acesso ao capital. Porque você vai conseguir ter as injeções extraordinárias que serão requeridas para fazer as compras que ninguém previu.

BNamericas: Ou seja, vocês não estão mais mirando só os pequenos, mas também grandes datacenters?

Kimura: Sim. Eles teriam o benefício de otimização da estrutura de capitais.

Essas máquinas, as tecnologias, estão só começando. A gente não sabe onde isso vai parar, que tipo de tecnologia será necessária.

Você acaba habilitando um canal de captação de investimentos bastante interessante. A gente acredita muito nessa tese de trazer uma nova via de captação que possa apoiar inclusive as grandes operações.

BNamericas: Qual é o status de desenvolvimento desse portfólio hoje?

Kimura: Somos uma empresa muito nova. Levamos um bom tempo para selecionar os players corretos. O que estamos fazendo agora é construir uma carteira de ativos de alta qualidade, conversando com muitas pessoas, muitas empresas de datacenter.

Estamos fazendo avaliações minuciosas, não só do ponto de vista da estrutura de capital, mas também do ponto de vista técnico, olhando a localização, a disponibilidade de conectividade, o perfil do negócio, a curva de crescimento, em algumas empresas. Tudo isso conta a favor da formação de uma boa base de ativos. Já temos bons prospectos.

E do lado dos investidores, nossos parceiros possuem carteiras de ativos, family offices, então a sindicalização das cotas é muito mais distribuída.

Vale dizer que também estamos abertos a operações individuais. Estamos falando com alguns investidores locais e estrangeiros como potenciais adquirentes desses ativos.

BNamericas: Isso quer dizer que, para além do modelo de fundo, de truste, vocês também estão considerando atuar com investimento direto?

Kimura: Há um mundo de operações estruturadas disponíveis. Estamos focando em uma abordagem específica, mas isso não nos impede de olhar lateralmente para outros arranjos. O project finance, por exemplo, não está descartado.

Agora, acreditamos muito na nossa tese, que isso vai gerar uma atratividade muito forte de capital e rentabilidade para os investidores.

Se você observar os benchmarks disponíveis lá fora, verá que os fundos imobiliários para datacenters têm um rating muito bom, porque são contratos de longuíssimo prazo, com empresas que não param de crescer e se expandir.

BNamericas: Quantos prospects estão mapeados?

Kimura: Estamos falando de 10 a 40 operações. Este é o range, e devemos chegar mais ou menos à metade disso.

Obviamente, alguns scores devem partir antes. Uma operação acaba saindo antes que outra até por necessidade do investidor ou por um casamento adequado entre investidor e investida.

Em 2024, talvez no início do ano, deveremos ter uma primeira operação.

É claro que haverá outros parceiros no nosso ecossistema, inclusive responsáveis fiduciários, porque somos uma consultoria, não somos uma empresa “da Faria Lima” em si.

BNamericas: Como vocês veem a competição com grandes instituições financeiras globais, algumas das quais estão aumentando suas operações de financiamento para datacenters na América Latina?

Kimura: Acho que existem alguns fatores aí. Em primeiro lugar, a pizza é grande demais. Ainda há espaços a serem preenchidos. E, em segundo lugar, nossa especialização setorial é o nosso diferencial.

Um terceiro ponto é que também acreditamos que vamos atrair essas instituições. Isso já está começando a acontecer, com alguns contatos.

Nosso valor está na inteligência e na originação. Não somos uma gestora de ativos, e não é possível criar ativos de qualidade sem conhecer os negócios.

Tenha acesso à plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina com ferramentas pensadas para fornecedores, contratistas, operadores, e para os setores governo, jurídico e financeiro.

Assine a plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina.

Outros projetos em: TIC (Brasil)

Tenha informações cruciais sobre milhares de TIC projetos na América Latina: em que etapas estão, capex, empresas relacionadas, contatos e mais.

Outras companhias em: TIC (Brasil)

Tenha informações cruciais sobre milhares de TIC companhias na América Latina: seus projetos, contatos, acionistas, notícias relacionadas e muito mais.

  • Companhia: Oracle do Brasil Sistemas Ltda.  (Oracle Brasil)
  • A subsidiária local da Oracle é desenvolvedora de software de manufatura de processos, software de planejamento de recursos empresariais, ferramentas de internet e software de g...
  • Companhia: Datora Telecomunicações Ltda.  (Datora)
  • A Datora Telecomunicações Ltda. (Datora) é uma empresa brasileira fundada em 1993 em São Paulo que oferece soluções de telecomunicações em escala nacional e internacional. A Dat...
  • Companhia: Greatek Brasil
  • A descrição contida neste perfil foi extraída diretamente de uma fonte oficial e não foi editada ou modificada pelos pesquisadores da BNamericas, mas pode ter sido traduzida aut...
  • Companhia: Telefônica Brasil S.A.  (Telefónica Brasil)
  • A Telefônica Brasil SA é uma empresa brasileira de telecomunicações de capital aberto que oferece voz fixa e móvel, banda larga fixa e móvel, ultra-banda larga, dados e serviços...
  • Companhia: Senior Solution
  • A Senior Solution fornece produtos e serviços de tecnologia para atender às necessidades do setor financeiro. A empresa oferece soluções para bancos, gestão de ativos, internet ...
  • Companhia: Nokia do Brasil Tecnologia Ltda.  (Nokia Brasil)
  • A Nokia do Brasil Tecnologia Ltda. (Nokia Brasil), constituída em 1991 em São Paulo, é subsidiária da empresa finlandesa de tecnologia Nokia Corporation que oferece produtos, se...