Tivit mira na Argentina como novo centro de serviços tecnológicos regionais

A empresa de tecnologia Tivit anunciou que investirá na Argentina, visando ampliar seu quadro em 250 funcionários e estabelecer um centro de serviços compartilhados na capital, Buenos Aires. O objetivo é apoiar operações internacionais e auxiliar no desenvolvimento de capacidades de inteligência artificial.

“A Argentina é um mercado muito importante para qualquer empresa”, disse Sergio Díaz, gerente geral da Tivit Argentina.

O executivo acredita que há uma grande oportunidade no país e espera que uma nova onda de investimentos dinamize o mercado local.

A empresa brasileira tem planos de investimentos de US$ 50 milhões até 2025, principalmente para aquisição de empresas em toda a região. Este ano, planeja investir R$ 300 milhões (US$ 60 mi) para melhorar e modernizar a oferta de nuvem privada de seus datacenters.

Nesta entrevista, Díaz conversou sobre o compromisso com a Argentina e os planos para o país.

BNamericas: Por que abrir um centro na Argentina?

Díaz: A Argentina é primeiro uma aposta no país, e é também um pouco uma aposta pela capacidade de recursos [humanos], também apoiada pelo crescimento do escritório na Argentina, com novos negócios.

Então, todos esses pontos se uniram na decisão do conselho de criar um centro de serviços da Argentina para toda a América Latina.

Creio que há profissionais muito bons e hoje já atuam em outros países. Queremos continuar explorando isto e gerar mais empregos no país.

BNamericas: Quais países vocês esperam atender a partir da Argentina?

Díaz: Visamos toda a região. Estamos presentes em 10 países, do México à Argentina, e em cada um deles temos operações há muitos anos. Queremos prestar serviços a todos os países onde estamos presentes.

Também temos negócios fora da América, mas este centro terá como alvo os países da região.

BNamericas: Em que estágio está o projeto?

Díaz: Já está começando. Embora tenhamos anunciado apenas agora, já havíamos começado. Possuímos recursos significativos na Argentina, prestando serviços a clientes locais e regionais, e o objetivo é o crescimento do escritório, agregando no mínimo 250 pessoas.

Planejamos que o projeto seja concluído em novembro ou dezembro. As equipes de recrutamento e busca já estão trabalhando e já incorporamos muitos recursos.

BNamericas: No início você mencionou o crescimento do negócio local. Que oportunidades você vê para o país?

Díaz: Vemos oportunidades em todas as linhas de negócios. Temos a linha digital, que está muito inserida em tudo que é desenvolvimento e inteligência artificial – um dos objetivos deste crescimento é ter mais pessoas com esses perfis –, e segurança cibernética, que é outra das linhas importantes que a empresa conta e que tem crescido muito nos últimos anos. Também temos linhas de plataformas e datacenters. Há oportunidades em cada uma das linhas de negócios.

As linhas digital e de cibersegurança estão entre as que mais cresceram nos últimos dois anos.

Sete das dez principais empresas a nível regional nos escolhem para prestar serviços.

A partir da Argentina atendemos multinacionais da própria Argentina, Chile, Brasil, Paraguai etc. A importância da Argentina é muito grande.

BNamericas: Em quais áreas você vê mais oportunidades de desenvolvimento para inteligência artificial?

Díaz: Onde aplicamos a inteligência artificial é em cada processo, produto ou sistema de automação que as empresas precisam para ser muito mais eficientes, para poder reduzir custos e competir melhor no mercado.

A demanda está crescendo, mas o problema é como colocar os pés no chão, como aplicar [inteligência artificial] nos problemas de cada empresa. E é aí que temos que ter pessoas profissionais e treinadas, com conhecimento deste tipo de soluções. Este é o grande segredo.

BNamericas: O que você pode falar a respeito de investimentos?

Díaz: Fazemos investimentos em duas frentes. O primeiro e mais importante é o investimento em capital [humano]: fazemos um investimento muito grande em nossos recursos e almejamos profissionalização, excelência, treinamento e certificação.

A segunda é que procuramos ou adquirimos continuamente empresas a nível regional. Isto ajuda muito a conquistar mais market share ou adquirir mais empresas especializadas em determinadas disciplinas, com determinados conhecimentos. Isto permite adaptar-nos rapidamente ao mercado.

BNamericas: Foi recentemente regulamentado o Regime de Incentivos para Grandes Investimentos (Rigi), que inclui tecnologia. O que você espera para o setor?

Díaz: Hoje o mercado está muito atento a todas as mudanças que estão acontecendo. É um novo governo com uma forma muito diferente de lidar com as coisas. Creio que todos estão muito esperançosos com a vinda de investimentos para a Argentina – eles certamente impulsionarão um crescimento muito grande. Na verdade, grandes empresas, em maior ou menor grau, já estão na Argentina.

Este ano está sendo muito difícil, mas as empresas não querem ficar para trás em termos de avanços tecnológicos ou novas aplicações. Estamos fazendo coisas, mas estamos fazendo nos volumes que gostaríamos? Não, porque o investimento ainda é restrito.

A Argentina é um mercado muito importante para qualquer empresa. Então, se abrir, vierem novos investimentos, com certeza haverá novamente uma explosão.