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Transição energética deve guiar transações de M&A no Brasil

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Transição energética deve guiar transações de M&A no Brasil

As operações de fusões e aquisições (M&A) nos setores de mineração, petróleo e gás e energia elétrica do Brasil provavelmente serão bastante influenciadas pela transição energética mundial.

Com as empresas tentando reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, a expectativa é que ativos desses setores atraiam investidores que antes estavam interessados em outras áreas.

A percepção de risco também mudou, com assuntos relacionados a questões ESG ganhando destaque no valuation dos ativos.

Paulo Guilherme Coimbra, sócio da KPMG, conversou com a BNamericas sobre as tendências de M&A nesses setores.

BNamericas: Qual é o estágio atual das transações de M&A no Brasil de ativos ligados a recursos naturais – energia, óleo e gás e mineração?

Coimbra: Primeiro, vale dizer que se olharmos o cenário geral de M&A, ainda vemos que é um cenário desafiador, principalmente pela questão do elevado nível de juros atual, que reduz a liquidez no Brasil e no mundo.

Agora, olhando para o segmento de recursos naturais, temos observado algumas mudanças interessantes no perfil dos investidores e das operações.

Nos primeiros meses do ano, temos percebido um aumento no interesse de investidores da Ásia em relação aos ativos no Brasil, e acredito que isso está ligado tanto ao resultado do processo eleitoral no Brasil quanto às questões relacionadas a uma agenda climática mais forte no país.

Diante disso, vejo muito interesse em ativos no Brasil vindo de investidores do Japão e da China. Há um fluxo de investidores estrangeiros olhando para o Brasil hoje que não existia antes.

BNamericas: Por que ativos relacionados com recursos naturais estão no radar dos investidores?

Coimbra: Todo o setor de recursos naturais está associado, de alguma forma, em todo o mundo, ao forte apelo relacionado com a transição energética, por isso, eletricidade, óleo e gás e mineração entram nessa lista.

Atualmente, existem empresas de todos os setores querendo reduzir sua pegada de carbono e outras mudando de portfólio, então, esses são gatilhos que movimentam muito as operações de M&A desses segmentos.

BNamericas: No setor de mineração, o que você destacaria dentro dessa tendência?

Coimbra: O setor de mineração ficou muito tempo sem operações de M&A relevantes, e esperamos que, com todas as questões relacionadas com a transição energética, esse segmento veja um avanço importante no volume de transações ligadas a minerais associados à transição energética.

Diante disso, tenderemos a ver uma combinação de transações; desde uma empresa do setor comprando outra rival até empresas de outros segmentos, como montadoras de veículos, que assumirão participações minoritárias em mineradoras produtoras de minerais estratégicos para a fabricação de veículos.

Recentemente, estive conversando com um cliente que é uma grande montadora, que disse que hoje, em uma montadora, 30% do foco está no core business da empresa e 70% está em temas relacionados a medidas de redução de emissões e soluções de veículos autônomos.

Veremos também no setor de mineração muitas grandes empresas olhando para ativos de pequenas empresas que oferecem soluções tecnológicas para a área de mineração.

BNamericas: Na área de óleo e gás, quais são os gatilhos para as operações?

Coimbra: Existem dois movimentos nesse setor.

O primeiro, que ainda precisamos entender melhor, são as estratégias de negócios da Petrobras e tudo o que está relacionado ao regime de partilha de produção, operações nas áreas do pré-sal. Esse é um segmento que envolve grandes players globais, que estão de olho nas estratégias de negócios da Petrobras para definir sua posição estratégica no Brasil.

Em paralelo, há um movimento que está mais na área de águas rasas e onshore, e aqui temos diversas empresas de diferentes portes se movimentando, algumas vendendo ativos e outras entrando no setor para aumentar a eficiência de ativos existentes.

BNamericas: Quais são suas expectativas para o volume de M&A nesses segmentos nos próximos meses?

Coimbra: De maneira geral, olhando em retrospectiva, o primeiro e o segundo trimestres ainda foram afetados pela transição governamental no Brasil, com algumas operações atrasadas.

Vejo o mercado bem mais aquecido do segundo semestre em diante, pela redução das incertezas políticas e também pela indicação do Banco Central de que haverá corte nas taxas de juros, o que abre uma janela para IPOs.

Minha expectativa é de um número crescente de fusões e aquisições no segundo semestre.

BNamericas: Qual a importância do monitoramento de questões ESG para empresas e investidores que avaliam ativos nesses segmentos?

Coimbra: A mudança de mentalidade dos investidores agora, em comparação com o que acontecia há alguns anos, é enorme.

Hoje, é necessário que uma empresa que está sendo vendida ofereça garantias robustas do rastreamento de toda sua cadeia de suprimentos, desde questões trabalhistas até questões ambientais.

Diversos fundos de investimento têm hoje severas restrições à realização de investimentos em empresas que não possuem uma política ESG clara.

Hoje, o mercado financeiro discute se as práticas ESG reduzem os custos de captação das empresas, mas eu diria que, para uma M&A, as questões ESG já são bem perceptíveis.

BNamericas: Se a reforma tributária em debate no Congresso gerar aumentos de impostos para setores como mineração, óleo e gás, isso poderia afetar, de alguma forma, as operações de M&A?

Coimbra: Os investidores precisam de estabilidade. Cada vez que há uma discussão que pode alterar algum aspecto do setor alvo de uma aquisição, o nível de atenção dos investidores aumenta.

Se essa reforma tributária resultar realmente em um aumento de impostos para esses setores, isso terá um impacto direto no valuation das operações.

Mesmo para investidores que já estão posicionados em empresas desses setores, se houver aumento de impostos, eles verão o valuation desses ativos no portfólio mudar.

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