Trina Tracker analisa o mercado argentino e a expansão da energia solar fotovoltaica
A expansão das energias renováveis na Argentina está sendo liderada pelo setor privado, por meio do mercado de energia a termo Mater, no qual grandes usuários e empresas de distribuição contratam eletricidade verde de geradores ou comerciantes por meio de acordos corporativos de compra de energia (PPAs).
Entre os fornecedores que atendem ao mercado argentino está a chinesa Trinasolar, responsável por mais da metade dos rastreadores vendidos neste ano. A perspectiva para energia solar fotovoltaica está melhorando no país, especialmente devido aos custos atrativos e aos planos em andamento que visam aliviar os gargalos de transmissão.
Para saber mais, a BNamericas realizou uma entrevista por e-mail com Santiago Ballester, diretor de vendas da Trina Tracker para América Latina e Caribe.
A Trina também atua nos segmentos de painéis solares fotovoltaicos e armazenamento em baterias.
BNamericas: Como um mercado de rastreadores, qual a importância da Argentina para a Trina na América Latina?
Ballester: Para a Trina Tracker, a Argentina é um alvo estratégico, sendo um dos mercados que mais impulsionam projetos na América Latina e no Caribe, excluindo o Brasil. Além disso, é um dos países onde a Trina Tracker tem maior penetração. Em 2024, vendemos mais de 50% dos rastreadores do mercado argentino e, globalmente, temos uma participação de mercado de 30%. Este mercado é essencial para os negócios, com uma grande diversidade de empresas locais realizando vários projetos. A previsão é que entre 1 GW e 1,5 GW de projetos fotovoltaicos sejam desenvolvidos a cada ano nos próximos três anos, e a Trina Tracker está bem posicionada para realizar uma grande parte desses projetos.
BNamericas: Qual é o motivo do sucesso da Trina Tracker na Argentina?
Ballester: É importante destacar que o sucesso da nossa marca na Argentina está no trabalho da equipe local que desenvolvemos. Não temos apenas uma presença comercial local, mas também uma equipe operacional e técnica capaz de lidar com projetos e fornecer serviços de engenharia para atender diretamente nossos clientes. Temos uma relação muito próxima com eles, podemos nos encontrar pessoalmente, compartilhar o mesmo fuso horário, idioma e cultura. Os clientes sempre sentem essa proximidade, o que se torna um fator importante para continuarem sendo nossos parceiros e nos escolherem novamente.
BNamericas: Por que um rastreador é importante em projetos de energia?
Ballester: O rastreador é um componente padrão para projetos fotovoltaicos porque com um pequeno aumento no capex (capital investido), é possível gerar uma quantidade muito maior de eletricidade. Com menos de 10% de aumento no capex, é possível aumentar a geração em 15-30%.
BNamericas: O mercado Mater está impulsionando o setor de energia solar fotovoltaica na Argentina. Quais são suas perspectivas para o país em termos de demanda futura por rastreadores e qual o papel esperado das plantas projetadas para abastecer minas?
Ballester: Há uma perspectiva de posicionamento. A expectativa é que, nos próximos três anos, a capacidade de 3 a 4 GW de novos projetos seja alcançada, distribuída ao longo desse período. É importante notar que este é um mercado dominado por entidades privadas, então ele opera de forma independente.
Temos visto muitos desenvolvedores ansiosos para empreender projetos, não apenas os players tradicionais, mas também desenvolvedores provenientes de energia termelétrica e/ou eólica, que, devido aos custos mais baixos e à tendência de redução do LCOE [custo nivelado de eletricidade] em energia fotovoltaica, estão migrando para esse setor.
BNamericas: Você mencionou que o setor é dominado por entidades privadas. Qual é o papel do Estado?
Ballester: O setor público na Argentina foi responsável principalmente pela emissão de PPAs nos leilões Renovar, o que teve um impacto positivo no setor entre 2016 e 2019. A contraparte desses PPAs foi o setor privado. Após esse impulso inicial, o mercado privado [Mater] foi aberto, permitindo que os desenvolvedores privados firmassem acordos com usuários privados de eletricidade, o que impulsionou ainda mais o setor.
Com o atual governo, não prevemos a emissão de PPAs em um futuro próximo; seu papel será manter e renovar as regulamentações para que as empresas privadas possam continuar e viabilizar a construção da infraestrutura de transmissão, que já está limitando a conexão de projetos à rede.
BNamericas: Vocês estão atualmente envolvidos em algum projeto na Argentina, enviando orçamentos, etc.?
Ballester: Sim, na Argentina estamos trabalhando com os geradores fotovoltaicos mais importantes do país. Temos mais de sete projetos em operação em diferentes províncias, incluindo o parque solar Las Lomas (25 MW) e o parque solar Pampa del Infierno (150 MW), que foi comissionado recentemente e é muito importante para nós, pois não usa apenas os Trina Trackers, mas também os módulos Trinasolar. Isso representa um marco para nós na região. Atualmente, temos mais de 600 MW em diferentes estágios de fabricação, envio e instalação. Além disso, também estamos fazendo ofertas para todos os projetos do mercado.
BNamericas: A questão do congestionamento de linhas de transmissão é relevante na Argentina. O que os desenvolvedores dizem sobre uma possível solução futura para esse problema? Por exemplo, há otimismo ou, ao contrário, preocupações?
Ballester: Há otimismo. No entanto, o congestionamento das linhas de transmissão é um problema, embora não tão urgente quanto em outros mercados, como o Chile. Na Argentina, ainda há capacidade para novos parques de geração fotovoltaica, então não é uma questão urgente. Podemos, no entanto, prever que, no médio prazo, apresentará limitações significativas para a conexão de novos projetos. É importante que essa questão seja resolvida se quisermos continuar aumentando a participação de energia renovável na matriz energética da Argentina.
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