A constante queda nas exportações bolivianas de gás

Os últimos dados do INE, instituto de estatísticas da Bolívia, revelam que as exportações anuais de gás natural do país estão caminhando para a quarta queda consecutiva.

O país normalmente envia gás para os vizinhos Argentina e Brasil, mas as perspectivas diminuíram à medida que ambos intensificam seus esforços para intensificar a exploração de seus próprios recursos de hidrocarbonetos.

Além disso, a suspensão dos envios para a Argentina, anunciada em setembro, foi um golpe para a Bolívia. Autoridades locais explicaram, no entanto, que isso já era esperado, devido ao desenvolvimento da exploração na formação de Vaca Muerta pelos argentinos. Além disso, destacaram que o gás que iria para a Argentina será enviado para o Brasil, o que pode representar uma oportunidade para a Bolívia usar sua rede de gasodutos para transportar gás argentino para o Brasil, gerando assim receitas a partir de uma estrutura que ficaria inutilizada.

Desde 2020, as exportações de gás boliviano caíram de 8.989.591 para 6.059.659 toneladas em 2023, com 4.427.131 toneladas registradas entre janeiro e novembro de 2024, mostram os dados do INE.

	2020	2021	2022	2023	2024  (Jan-Nov)
Argentina	4.047.198	3.426.218	2.792.305	1.671.655	871.799
Brasil	5.010.418	5.563.373	4.838.643	4.388.005	3.555.332

Exportações de gás da Bolívia, em toneladas (fonte: INE)

Além disso, o valor do gás exportado caiu nos últimos anos, de US$ 2,97 bilhões em 2022 para US$ 2,05 bilhões em 2023 e US$ 1,5 bilhão entre janeiro e novembro do ano passado.

Em 2022, o gás representou quase 22% das exportações, caindo para 18% em 2024 (janeiro a novembro).

Nesse contexto, há a questão da queda na produção de gás da Bolívia, impactada pela natureza estatista do setor que, segundo os críticos, levou a um ambiente de investimento desfavorável.

A produção boliviana de gás, entre janeiro e outubro de 2024, caiu quase 11% em relação ao ano anterior, para 10 Bm³ (bilhões de metros cúbicos), de acordo com números do INE.

A necessidade de atualizar o marco regulatório e facilitar o papel do Estado no setor foi apontada como essencial para sustentar o plano do governo para reativação do upstream. O Executivo apresentou recentemente um projeto para reformular a Lei 767, de 2015, que estabeleceu uma estrutura de promoção da exploração e produção de hidrocarbonetos.

Entre os objetivos da proposta está agilizar os processos de licenciamento.

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