Acionistas da Tigo UNE discutirão opções para melhorar situação financeira da empresa

Os acionistas da telco colombiana Tigo UNE, da Millicom e da EPM, concessionária pública de Medellín, iniciarão uma mesa de negociações para buscar alternativas para garantir a sustentabilidade financeira da joint venture.

A decisão foi comunicada pelo ministro das TIC, Mauricio Lizcano, após uma reunião com representantes do conselho superior para a transformação digital, da Tigo e da EPM. Na ocasião, a situação financeira da empresa e sua necessidade de capitalização foram expostas.

Com 50% da UNE EPM Telecomunicaciones, conhecida como Tigo UNE, a Millicom é a controladora, enquanto a EPM detém os 50% restantes.

A empresa suspendeu a assembleia de acionistas convocada para esta semana e adiou o evento para 30 de junho de 2023. Nessa assembleia, seria analisada a situação financeira da Tigo UNE e as iniciativas para geração de caixa, crédito e capitalização.

Em março, o conselho de administração da UNE EPM propôs que a assembleia geral não distribuísse lucros, já que o prejuízo do exercício de 2022 foi de 473,8 bilhões de pesos (US$ 106 milhões). É o sexto ano em que a empresa não distribui dividendos entre seus acionistas, segundo a imprensa local.

Em 2022, o faturamento da empresa cresceu 5,9% em relação a 2021 e chegou a 5,4 trilhões de pesos.

O prefeito de Medellín, Daniel Quintero, também presidente do conselho da EPM, destacou que a Tigo precisa de 750 bilhões de pesos para capitalizar, segundo o jornal local La República.

No ano passado, a EPM tentou se livrar de sua participação na UNE EPM. No entanto, o processo não prosperou.

A Tigo tem encontrado dificuldades para competir em um mercado dominado pela Claro, que possui 3,5 milhões de clientes de banda larga fixa e 21 milhões de conexões móveis. A Tigo é a segunda em banda larga fixa, com 1,78 milhão de clientes, e a terceira em internet móvel, com 7 milhões.

A crise econômica e a desaceleração na contratação de serviços de banda larga residencial pressionaram a empresa, que decidiu reduzir seus investimentos no país.

“Continuamos acreditando que essa desaceleração é temporária. O potencial é significativo, por isso estamos prontos para retomar os investimentos assim que as condições melhorarem”, declarou Mauricio Ramos, CEO da Millicom, na última reunião com acionistas.

Em janeiro, a agência de classificação Fitch indicou que a Tigo UNE mantinha “um perfil financeiro sólido, evidenciado por uma alavancagem consistentemente baixa e geração de caixa estável”.

“No longo prazo, a Fitch espera que a empresa mantenha sua forte posição no negócio fixo, apesar dos investimentos significativos dos concorrentes na implantação de fibra, já que o aumento da penetração da banda larga e a receita média por usuário mais alta impulsionariam a receita fixa do segmento B2C”, acrescentou a agência.

A Fitch estima que os investimentos continuariam acima de 20% das vendas. No entanto, há necessidade de capitalização para atender aos investimentos que Quintero estima em um bilhão de pesos por ano.

“Sobre a UNE, falamos tudo o que ia acontecer: que a empresa seria perdida, que iam nos pedir mais dinheiro, que iam nos diluir, que iam nos arrastar para o prejuízo e que isso afetaria as finanças da cidade”, declarou Quintero em sua conta no Twitter na semana passada.

O conselho de administração da EPM solicitou à Millicom um relatório sobre a situação financeira da Tigo UNE por meio dos reguladores de finanças e valores mobiliários, comércio e indústria e do MinTIC.