Acordo entre Codelco e Anglo pode estabelecer novo modelo de mineração no Chile

A mineradora estatal chilena Codelco e a Anglo American assinaram um memorando de entendimento para desenvolver um distrito de cobre que inclui a Divisão Andina da primeira e Los Bronces da segunda.

As empresas terão participação igual no empreendimento e buscarão melhorar a lucratividade e aumentar a produção de cobre em 120.000 t/a (toneladas por ano) entre 2030 e 2051, de acordo com comunicados à imprensa.

“É o primeiro acordo significativo no qual a abordagem do distrito de mineração é estabelecida, o que pode se tornar um modelo notável para o Chile, um país cheio de minas. Isto pode marcar um ponto de virada, pois incentivará o uso de infraestrutura compartilhada entre depósitos próximos”, disse à BNamericas Marcos Lima, ex-CEO da Codelco.

Com a integração das operações de mineração, as empresas estimam que podem gerar pelo menos US$ 5 bilhões em valor (antes de impostos), excluindo potenciais sinergias adicionais. Isto “envolve aumentar significativamente nossa contribuição ao Tesouro e manter o Chile como líder mundial na produção de cobre”, afirmou o presidente da Codelco, Máximo Pacheco, em um comunicado.

“É uma boa notícia não só para as duas empresas, mas também para o resto das mineradoras que começarão a entender que o concorrente do cobre não é o vizinho, mas o alumínio ou a fibra ótica. Isso poderia ser aplicado em casos como a proximidade entre Zaldívar e Escondida, ou Collahuasi e Quebrada Blanca”, acrescentou Lima, que também é sócio fundador da CIS Consultores e professor de mineração na Universidade do Chile. “Não se justifica ter duas usinas de dessalinização, duas linhas de energia ou dois aquedutos que levam às montanhas se as minas estão próximas”

A mina Sur Sur, na Divisão Andina, localizada a 80 km de Santiago, produziu 181.609 toneladas de cobre no ano passado, o que marcou um aumento de 9,4%, segundo a Comissão Chilena do Cobre (Cochilco).

Los Bronces fica a 65 km de Santiago. A produção de cobre do ano passado caiu 20%, para 172.400 toneladas, devido a baixas qualidades, minério mais duro e o fechamento planejado de uma planta de processamento.

PLANO

As duas empresas, já parceiras na Anglo American Sur – que inclui Los Bronces e na qual a Codelco detém 29,5% –, planejam capitalizar a maior capacidade de processamento de Los Bronces e o minério de maior teor de Andina.

Los Bronces processa entre 50 e 55 Mt (milhões de toneladas) anualmente, com Andina ficando entre 30 e 33 Mt. As empresas buscam compartilhar plantas, caminhões e aterros sanitários, de acordo com o memorando. A extração continuará de forma independente e os ativos permanecerão sob a propriedade atual.

Em nota, o CEO da Anglo, Duncan Wanblad, revelou que uma produção de 1 Mt/ano até 2030 é viável. “Los Bronces e Andina apresentam benefícios de adjacência óbvios e significativos, e juntos representam aproximadamente 2% dos recursos e reservas globais de cobre, com aproximadamente 60 Mt contidas”, afirmou.

As negociações estão planejadas para serem concluídas no segundo semestre. Obter as licenças e iniciar o plano levará mais cinco anos, segundo as empresas. Uma vez implementado, o plano pode ajudar a impulsionar a produção chilena de cobre em 2,8% em comparação com os 5,33 Mt de 2023.