Allcom mira expansão na América Latina com IoT e redes privadas com a GE

A MVNO brasileira Allcom Telecom afirma ser a empresa com o maior número de acessos de internet das coisas (IoT) entre as operadoras não tradicionais do país.

O crescimento da empresa no mercado brasileiro a levou a iniciar uma expansão regional e entrar no segmento de redes privadas.

“Sempre pensamos em expandir nossas operações na América Latina, e agora estamos avançando nisso. Abrimos uma subsidiária em Miami para facilitar essa operação regional e, além do Brasil, crescemos no Chile, Colômbia, México e um pouco na Argentina”, disse o CEO Marcio Fabozi à BNamericas.

Atualmente, a base de clientes fora do Brasil não é tão representativa. Fabozi prevê que o número de clientes crescerá nos próximos meses e, particularmente, em 2025. A Allcom relata 5.000 clientes atendidos diretamente e cerca de 8.000 quando a contagem inclui clientes atendidos por distribuidores e revendedores.

Sediada em São Paulo, a empresa oferece soluções machine-to-machine (M2M) e IoT, além de equipamentos de parceiros e aplicações para gestão de conectividade.

A companhia fornece soluções para transações financeiras por meio de métodos de pagamento no ponto de venda (PoS), automação industrial, carros conectados, segurança eletrônica e rastreamento de ativos.

A Allcom projeta receita de R$ 210 milhões (US$ 37 milhões) para este ano e atualmente tem quase 4 milhões de dispositivos conectados, apontou Fabozi. Ela oferece conectividade em um acordo master de MVNO com a Algar Telecom, embora também garanta acesso a redes de outras operadoras.

Segundo Fabozi, a Allcom só tem menos acessos de IoT que as líderes do mercado Vivo, Claro e TIM. Cerca de 70% dos negócios da empresa vêm de rastreamento, 15% de soluções de pagamento e 15% de serviços públicos, segurança patrimonial e agronegócio. Há três anos, o rastreamento, principalmente de veículos, correspondia a mais de 90% dos negócios, lembrou o CEO.

Com passagens pela Motorola, Cinterion, Gemalto e Sierra Wireless, o engenheiro eletricista Fabozi foi nomeado CEO em dezembro com a tarefa de aumentar ainda mais a presença da empresa e ampliar a base de dispositivos conectados em 35% no curto prazo.

O executivo é sócio e fundador do Grupo Allcom, que também reúne as empresas Allblin (blindagem de veículos), Sitallcom (adquirida em 2022 e focada em sensores de rastreamento) e a insurtech Supper Certo Seguros (adquirida em outubro deste ano e focada em seguros automotivos).

O objetivo é promover a sinergia entre todas essas operações, disse ele.

SATÉLITE

Para avançar na área de conectividade de IoT, a Allcom assinou um contrato com a provedora de soluções de satélite OrbComm. O objetivo é ter o satélite como um complemento de conectividade para redes móveis terrestres, principalmente para conectar plantações e fazendas, bem como logística e transporte marítimo, explicou o executivo.

A parceria com a OrbComm entrará em vigor em novembro. Outra parceria importante é a com a fabricante de chips Qualcomm.

Segundo Fabozi, a plataforma de IoT do grupo (Allmanager) permitirá que os clientes monitorem ativos em qualquer lugar do país, com recursos que vão desde rastreamento até soluções mais complexas, como monitoramento de dados do motor, velocidade e temperatura.

Como a OrbComm também atua em outros países da América Latina, a expectativa é expandir sua presença para além do Brasil.

REDES PRIVADAS

Para as redes privadas, a Allcom assinou um contrato regional com a GE Vernova visando a conectividade dedicada para indústrias.

A Vernova é a unidade da GE para redes elétricas inteligentes e redes privativas. Ela reúne o portfólio de negócios de energia da GE, incluindo as unidades de energia, eólica, eletrificação e serviços digitais.

Isso, segundo Fabozi, “fecha o ciclo”, transformando a Allcom em uma oferta completa para conectividade de IoT e redes privadas, desde conexões via satélite até o gerenciamento de equipamentos e dispositivos.

Com o contrato, a Allcom se tornará distribuidora e integradora de equipamentos da GE Vernova para o segmento industrial, incluindo dispositivos de rádio e 4G/5G. A GE Vernova tem suas próprias soluções de rádio, antenas e núcleo de rede. Todos os equipamentos são importados.

Os primeiros acordos são esperados para os próximos meses. Os principais focos são as áreas de energia e serviços públicos.

“Assinamos o contrato com a GE em julho. Estamos neste momento participando de três editais e estamos com um projeto-piloto. Esperamos monetizar pelo menos dois projetos de redes privativas já a partir do ano que vem”, completou o executivo.