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Amadurecimento dos laços entre Brasil e China leva a investimentos estratégicos

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Amadurecimento dos laços entre Brasil e China leva a investimentos estratégicos

Os investimentos no Brasil por parte de empresas chinesas saltaram 33%, registrando US$ 1,73 bilhão no ano passado, indicando uma nova fase no relacionamento entre os dois países.

Apesar desse crescimento, o volume de investimentos em 2023 foi o segundo menor desde 2009, superando apenas os US$ 1,3 bilhão registrados em 2022, de acordo com relatório publicado pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

“O que podemos perceber é que a relação entre Brasil e China está chegando a um nível de maturidade”, disse Tulio Cariello, diretor de conteúdo e pesquisa do CEBC, durante evento de apresentação do relatório de investimentos, que contou com a presença da BNamericas.

“Quando os investimentos chineses no Brasil começaram a ganhar força, era natural que o volume fosse muito maior do que é agora, já que eram investimentos iniciais em grandes projetos nas áreas de energia elétrica, petróleo e gás, por exemplo”, acrescentou Cariello.

“Agora é uma relação mais qualitativa, com maior concretização entre investimentos anunciados e realizados.”

A concretização de investimentos chineses no Brasil, ou a proporção de projetos anunciados que foram realmente executados, subiu de apenas 27% em 2022 para 88% em 2023.

Do total de investimentos chineses no Brasil no ano passado, 72% foram direcionados para energia verde e setores correlatos, como a cadeia de veículos elétricos, que tiveram alta de 16% em relação a 2022, atingindo o maior patamar desde o início da série atual, em 2007.

“A agenda de infraestrutura da China está sendo revisitada. Em meio a isso, o Brasil começa a se beneficiar do movimento chamado powershoring, que é a busca por iniciativas ligadas a uma matriz energética mais segura e verde”, afirmou Jorge Arbache, ex-vice-presidente de setor privado do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e professor de Economia da Universidade de Brasília.

“Os movimentos de powershoring são liderados por players do setor privado que buscam projetos associados à descarbonização, enquanto os movimentos de nearshoring estão associados a estratégias mais ligadas aos governos, que querem ter uma cadeia de suprimentos mais confiável. Acredito que no caso do nearshoring há mais ameaças, porque a qualquer momento os países podem impor barreiras uns aos outros – o que, por exemplo, tende a acontecer entre os EUA e o México, já que as empresas chinesas têm usado o México como plataforma para entrar no mercado americano”, acrescentou Arbache.

Com a tendência de powershoring, a indústria de veículos elétricos está ganhando escala.

O setor de energia elétrica liderou a atração de investimentos chineses no Brasil em 2023, respondendo por 39% do total, enquanto o segmento de veículos elétricos foi responsável por 33%.

“A China vê o Brasil como um país estratégico para o longo prazo. O Brasil tem uma indústria automobilística consolidada muito forte, então faz sentido que a China aproveite isso e tenha no Brasil não só fábricas e produção para atender o mercado local, mas também para ter no Brasil um polo de exportação para outros países da região, já que geograficamente a China é distante da América Latina”, comentou Ricardo Bastos, diretor de relações institucionais e governamentais da montadora chinesa GWM e presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

O setor automotivo brasileiro atraiu no ano passado US$ 568 milhões em investimentos de empresas chinesas, um aumento de 56% em relação a 2022. Tais investimentos foram impulsionados pelo compromisso contínuo da GWM com sua fábrica em Iracemápolis, no interior de São Paulo, enquanto sua rival e também chinesa BYD agora ocupa o antigo complexo industrial da Ford em Camaçari, na Bahia, para produzir veículos elétricos e híbridos. Também há planos para processar lítio.

“A BYD vem fazendo investimentos cada vez maiores no Brasil e é inegável que isto também está acontecendo por conta das tensões entre China e EUA, então parte dos investimentos que a BYD planejava fazer nos EUA tem vindo para o Brasil”, disse Marcello Schneider, diretor institucional da BYD no Brasil.

“Olhando para frente, a ideia da BYD é investir em toda a cadeia de eletrificação, incluindo nas fases de processamento de lítio no Brasil, produção de baterias e também em armazenamento de energia”, complementou.

PANORAMA GERAL E FATORES POLÍTICOS

Entre 2007 e 2023, o estoque de investimentos chineses no Brasil atingiu US$ 73,3 bilhões, abrangendo 264 projetos e ativos.

O número foi liderado pelo setor de energia elétrica, que recebeu US$ 33,2 bilhões, o equivalente a 45% do total, seguido pela extração de petróleo, responsável por 30%, com projetos que somam US$ 21,7 bilhões.

Os investimentos nesses setores foram feitos principalmente por empresas estatais chinesas, incluindo State Grid, China Three Gorges, China Petrochemical Corporation (Sinopec), China National Petroleum Corporation (CNPC) e China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), na maioria impulsionados por sucessivos leilões de exploração realizados pelo governo brasileiro.

Os investimentos chineses no Brasil, bem como as relações comerciais entre os dois países, começaram a acelerar em meados dos anos 2000, durante os dois primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2010.

Durante todo o governo do Partido dos Trabalhadores (PT), entre 2003 e 2016, havia um alinhamento maior com a China do que o período de 2016 até o final de 2022, conforme o governo mudou para a direita, particularmente sob Jair Bolsonaro. Embora o Brasil tenha mantido fortes relações comerciais com a China, Bolsonaro buscou laços mais próximos com os EUA.

Segundo analistas, o aumento dos investimentos chineses no Brasil em 2023 não é coincidência, dado o retorno de Lula à presidência.

“A China, seja o governo ou mesmo as empresas, tem um cenário muito mais confortável para investir no Brasil no governo Lula”, afirmou à BNamericas André Pereira César, analista político da Hold Consultoria.

“Em diversas ocasiões, o então presidente Bolsonaro criticou duramente a China por seu viés político e isto manteve um nível de relacionamento muito tenso, principalmente do lado brasileiro”, acrescentou.

O relatório da CEBC sobre o volume de investimentos chineses no Brasil pode ser baixado na caixa Documentos, no canto superior direito da tela.

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