
Anglo American quer aumentar eficiência e reduzir o uso de água no Chile em um 2023 desafiador
A mineradora Anglo American vai enfrentar grandes desafios este ano, embora esteja prestes a implementar uma série de avanços tecnológicos para cumprir com os padrões ambientais cada vez mais rigorosos.
No mês passado, a empresa com sede em Londres teve de cortar as estimativas de produção de 2023 em suas operações chilenas em 10%, para 530.000-580.000 toneladas de cobre, e as estimativas de produção de 2024 em 7%, para 550.000-600.000 toneladas. Em 2025, a companhia prevê 530.000-580.000 toneladas.
A medida foi adotada em grande parte devido a fatores como a queda nos teores dos minerais, a maior dureza das rochas extraídas na mina Los Bronces e a crise hídrica que o Chile vive hoje, segundo um relatório da Anglo para investidores.
Diante dos desafios, a subsidiária da Anglo no Chile está realizando um programa de melhorias tecnológicas, chamado Future Smart Mining, para aumentar a eficiência operacional com foco na economia de água e energia.
“Temos cerca de US$ 3,3 bilhões associados ao projeto Los Bronces Integrado, US$ 3,2 bilhões para Collahuasi, [...] em El Soldado temos US$ 40 milhões para a fase V e para [a fundição] Chagres temos investimentos alinhados com a sustentabilidade e as normas ambientais”, disse o CEO da Anglo American Chile, Patricio Hidalgo, em entrevista ao canal corporativo no YouTube.
No próximo ano, o quinto moinho de bolas entrará em operação em Collahuasi, na região norte de Tarapacá, para adicionar 50.000 t/ano de produção de cobre. A empresa já está analisando a opção de adicionar até 100.000 t/ano a partir de 2028, informou a companhia no relatório.
Em 2021, Collahuasi registrou 630.000 t de cobre, das quais 277.000 t pertencem à Anglo American com base em sua participação de 44% na empresa Doña Inés de Collahuasi, na qual também participam a Glencore, com 44%, e a Japan Collahuasi Resources, com 12%.
O projeto Los Bronces Integrado, localizado em uma área andina a nordeste de Santiago, foi criticado por moradores e ambientalistas pelo impacto que causaria no meio ambiente e na segurança hídrica da capital, que já está em crise.
O serviço de avaliação ambiental do Chile (SEA) rejeitou o projeto no ano passado devido a esses problemas.
No entanto, a empresa quer deixar claro que pretende mudar a forma como Los Bronces é operado. “Queremos parar de usar água doce na mina Los Bronces até 2030”, afirmou Hidalgo.
Em 2022, a Anglo assinou um contrato com a empresa Aguas Pacífico para receber cerca de 500 l/s de água dessalinizada a partir de 2025. Com isso, cobrirá mais de 45% das necessidades hídricas de Los Bronces e fornecerá água para as comunidades vizinhas de Colina e Tiltil.
A empresa também espera instalar um sistema de classificação de minério a granel este ano para economizar água e energia.
Da mesma forma, avaliará um processo de recuperação de partículas grossas para triturar o material em porções maiores e ganhar eficiência hídrica e energética.
“O que queremos é trazer novas tecnologias e repensar a forma como fazemos mineração com a aspiração de sermos invisíveis em termos de pegadas de carbono e ambientais”, comentou Hidalgo.
Essas ações fazem parte de uma carteira de investimentos de mais de US$ 10 bilhões para o Chile, lembrou o executivo.
Além de não dar a aprovação ambiental para Los Bronces Integrado, a SEA rejeitou o projeto de continuidade operacional de El Soldado em 2022, cujo objetivo era prolongar a vida útil da mina, localizada no município de Nogales, na região de Valparaíso, de 2027 a 2037.
No entanto, a Anglo lançou uma área de teste em El Soldado que funcionará até o final deste ano para confirmar possíveis economias de água com um método de empilhamento a seco (HDS), que permitirá uma gestão mais eficiente dos rejeitos. O processo envolve uma secagem mais rápida, o que facilitará a recuperação de água em até 85%, de acordo com a empresa.
Em 2021, El Soldado produziu 42.300 t de cobre fino.
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