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Após aprovação ambiental, terminal de hidrogênio verde do Chile entra em fase de licitação

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Após aprovação ambiental, terminal de hidrogênio verde do Chile entra em fase de licitação

Um projeto de infraestrutura logística compartilhada de hidrogênio verde avaliado em US$ 60 milhões, planejado para a região de Magalhães, no Chile, recebeu autorização ambiental.

O projeto do terminal de Laredo, promovido pela estatal Enap, proprietária da infraestrutura, foi desenvolvido para apoiar a entrada de equipamentos e máquinas para usinas de grande porte na região isolada do sul do país.

Projetos para a produção de vários gigawatts de amônia verde e e-fuels estão planejados para Magalhães, que conta com recursos eólicos de classe mundial. Uma planta de demonstração de e-fuels, Haru Oni, está em operação no local.

Devido às restrições de profundidade da água em Laredo, o projeto envolve a locação uma embarcação logística que ficará ancorada perto do píer. Os navios de carga poderiam, então, atracar ao longo das laterais da embarcação e descarregar antes que as mercadorias – principalmente turbinas eólicas – fossem transferidas para a costa.

A próxima fase do trabalho inclui a licitação, e o objetivo é ter o projeto operacional entre 2026 e 2027. A iniciativa também inclui trabalhos em terra, como pavimentação e iluminação. Operando desde o final da década de 1970, o cais tem cerca de 120 m de comprimento e 25 m de largura. A Enap tem operações de petróleo e gás na região.

Laredo segue os passos de um projeto de logística marítima semelhante realizado na Europa, disse à BNamericas a presidente da Enap, Gloria Maldonado, durante a conferência sobre hidrogênio Hyvolution Chile, realizada esta semana em Santiago e organizada pela empresa de eventos FISA.

Maldonado anunciou que será iniciado um processo de manifestação de interesse em 2025.

A Enap está trabalhando no projeto Laredo com os desenvolvedores de hidrogênio verde Total Eren, HIF Chile e HNH Energy, sob um acordo assinado em 2023.

A autorização foi concedida recentemente pela agência de avaliação ambiental SEA, que determinou, após a apresentação de uma carta de pertinência, que o projeto não precisava entrar no sistema de avaliação.

As obras em Laredo estão previstas para começar no final de 2026 e devem levar cerca de um ano.

A Enap e seis desenvolvedores também têm um projeto de logística muito maior e de longo prazo envolvendo US$ 900 milhões no terminal Gregorio, em Magalhães.

“Estamos avançando, tudo está seguindo conforme o planejado, eu diria”, comentou Maldonado. “Estamos em dia com os acordos que temos com os nossos parceiros desenvolvedores.”

Entidades europeias de financiamento de projetos de hidrogênio pediram ao Chile que compartilhasse infraestrutura para ajudar a apoiar o desenvolvimento da indústria e reduzir os custos para o setor privado.

Este ano, a Enap anunciou a concessão do contrato de construção de sua primeira planta de hidrogênio verde, que ficará localizada no complexo de Cabo Negro, em Magalhães. O objetivo da instalação com 1 MW de capacidade de eletrolisador é produzir hidrogênio verde usando energia do parque eólico Vientos Patagónicos ─ do qual a Enap é a sócia majoritária ─, visando produzir as primeiras moléculas até o final de 2025.

A empresa alemã Neuman & Esser conquistou o contrato, que também conta com componentes de armazenamento, estação de carregamento e treinamento.

LICENCIAMENTO

Abrindo a conferência, o presidente chileno Gabriel Boric destacou o papel do Estado para ajudar a dar um impulso ao setor.

“Estamos convencidos de que o Chile pode fazer a diferença. O Chile é um país inserido no mundo”, disse ele.

“O Estado tem um grande papel aqui”, acrescentou, citando como exemplo os projetos de lei de reforma do licenciamento apresentados pelo governo e em tramitação no Congresso, elaborados para agilizar o processamento.

O objetivo é fazer com que o projeto de lei seja aprovado no Congresso até o final do ano, destacou Boric. O presidente acrescentou que a meta geral era construir uma economia do hidrogênio que beneficiasse tanto os investidores quanto as comunidades. A princípio, o governo esperava obter a aprovação dos legisladores neste trimestre.

Enquanto isso, em relação aos projetos no lado da oferta, os responsáveis pela tomada de decisões no setor afirmaram na conferência que o Chile, sem grandes subsídios, precisava aproveitar seus recursos de energia renovável de classe mundial e tornar o licenciamento mais ágil.

Bernado Larraín, vice-presidente da geradora local Colbún, criticou o atual sistema de licenciamento e exigiu mudanças para permitir a resolução de problemas nos estágios iniciais do processo.

Larraín se referiu a um projeto de uma usina hidrelétrica reversível da Colbún, Paposo, cujo processamento das licenças foi encerrado antecipadamente pelo SEA, que alegou que algumas informações estavam faltando.

O Chile tem vários projetos de derivados de hidrogênio verde de grande porte na fase de avaliação ambiental, a maior parte visando Magalhães ou a região de Antofagasta, no norte do país. O maior deles é o projeto de amônia verde HNH Energy, de US$ 11 bilhões, da AustriaEnergy, planejado para Magalhães.

É preciso pressa para garantir que o país aproveite a oportunidade de ser pioneiro neste setor.

Um desafio associado é diminuir, nas fases iniciais, a diferença de preço entre os hidrocarbonetos tradicionais e o hidrogênio verde. As autoridades estão trabalhando para introduzir contratos por diferença para ajudar a resolver essa questão.

DEMANDA INTERNA

Enquanto isso, em paralelo, o Walmart e alguns parceiros anunciaram o primeiro caminhão pesado de carga movido a célula de combustível de hidrogênio do Chile, parte de um projeto apoiado pela agência estatal de desenvolvimento Corfo e pelos ministérios Energia e Transportes.

Um objetivo é construir um ecossistema de logística e, eventualmente, expandir a frota após um período de testes. O Walmart produz hidrogênio para empilhadeiras dos depósitos. Uma van movida a célula de combustível também faz parte do projeto.

Autoridades europeias do setor de hidrogênio pediram ao Chile que incluísse o uso de hidrogênio na estrutura da economia para apoiar o desenvolvimento e a descarbonização.

Em termos de demanda interna, o ministro da Energia, Diego Pardow, disse que projetos de pequena escala, como o do Walmart, permitem que o país desenvolva habilidades e conhecimento.

Além disso, o Chile avança, em ritmos diferentes, em iniciativas de trens, carros e ônibus a hidrogênio. Projetos de fertilizantes sustentáveis, co-combustão de amônia verde e GLP sintético também estão em desenvolvimento. O GLP sintético seria capaz de substituir o diesel sem grandes gastos de adaptação.

Projetos de pequena escala permitem que o país “sonhe alto”, ressaltou Pardow durante o evento. Um dos temas centrais da conferência foi a importância de estimular a demanda doméstica por hidrogênio.

Um relatório de autorização do SEA correspondente ao projeto Laredo está disponível para download, em espanhol, na caixa Documentos, no canto superior direito da página.

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