As prioridades e projetos dos candidatos presidenciais do Uruguai para o setor de TIC
Tecnologia, transformação digital e inovação foram destaque nas campanhas dos candidatos presidenciais às vésperas das eleições gerais do Uruguai no domingo, 27 de outubro.
Pesquisas indicam que o favorito é o ex-prefeito de Canelones, Yamandú Orsi, que representa a coalizão de oposição de esquerda Frente Ampla, embora ele ainda esteja abaixo do limite de 50% necessário para evitar um segundo turno em 24 de novembro.
Se houver segundo turno, seu oponente deverá ser o ex-secretário da presidência Álvaro Delgado, que representa o partido governista de centro-direita Partido Nacional.
Independentemente de quem sair vencedor, não se espera que o próximo presidente faça nenhuma mudança radical na economia.
A BNamericas analisa o que os principais candidatos presidenciais estão propondo para o setor de TIC e suas visões para o setor.
YAMANDÚ ORSI
Em seu plano de governo, o favorito Orsi apresentou uma lista de 48 prioridades, divididas em três áreas principais: estabilidade e crescimento econômico, assistência e proteção social, e melhoria da segurança.
Na esfera econômica, ele promete uma nova política industrial desenvolvida em conjunto com o setor privado e com foco em setores-chave, incluindo TIC, bem como bioeconomia, dispositivos médicos, energia e economia circular.
Orsi disse ainda que promoverá parques tecnológicos dedicados ao desenvolvimento de soluções em ciência de dados, inteligência artificial (IA) e internet das coisas (IoT), bem como criará uma secretaria vinculada à presidência para coordenar a agenda de ciência, tecnologia e inovação (CTI).
O candidato também se compromete a dar acesso ao sistema de cobrança eletrônica para microempresas e trabalhadores autônomos.
Em termos de segurança pública, Orsi menciona a criação de um centro de coordenação unificado para segurança de fronteiras e a implantação de 500 câmeras de vigilância. Isso proporcionará oportunidades para integradores e empresas que trabalham neste campo, como Motorola Solutions, NEC e Sonda.
Orsi também quer incluir tecnologia de registro de placas e sistemas de identificação facial na maioria dessas câmeras e incorporar 2 mil dispositivos móveis para resposta imediata a casos de violência de gênero.
5g, segurança, regulamentação de big tech e IA
O programa para 2025 a 2030 da Frente Ampla fornece mais detalhes sobre TIC.
Ele pede “acelerar a adoção do 5G, lançar as bases para a implantação de tecnologias futuras e estar atento à variedade de soluções técnicas atuais e futuras (Wi-Fi 6, acesso via satélite, redes autogerenciadas etc.)”.
A coalizão de Orsi promete garantir a “soberania estatal” nas telecomunicações em torno da empresa estatal Antel e consolidar o Uruguai como um centro regional de excelência na prestação de serviços, internet, IA, segurança cibernética, 5G, entre outros.
Sua companheira de chapa e vice-presidente é Carolina Cosse, ex-presidente da Antel e ex-ministra da Indústria, Energia e Mineração.
Outra promessa é pressionar por uma legislação para “defender a soberania digital”, incluindo uma lei para regular as grandes tecnologias.
Nas compras públicas, a coligação afirmou que todas as aquisições estatais de tecnologia devem ser acompanhadas da correspondente transferência de conhecimento, visando permitir seu “uso e manutenção autônomos”.
Em um capítulo específico sobre transformação digital, o programa apoia a promoção e o desenvolvimento de software aberto, uma política de regulação e controle de sistemas de IA e cursos em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (na sigla em inglês, STEM) e IA.
Também promete “mais e novos planos para apoiar a identificação, exploração e adoção de tecnologias digitais de ponta”.
O programa completo pode ser acessado aqui, em espanhol.
ÁLVARO DELGADO
O programa de governo de Delgado é o que mais especificamente aborda os datacenters, defendendo o “apoio ao desenvolvimento” destas estruturas no país.
O presidente Luis Lacalle-Pou, do mesmo partido, esteve presente na cerimônia que marcou o início da construção do projeto do Google no Uruguai, o primeiro grande datacenter de uma big tech do país.
O programa do Partido Nacional afirma que o Uruguai “se destaca na tecnologia e no mundo digital”, mas que mais passos precisam ser dados nesse sentido.
Delgado defende o aumento das exportações de serviços de TI, a expansão internacional de startups uruguaias e a captação de fundos estrangeiros de investimento para o país.
O candidato também promete eliminar ou rever tarifas sobre a exportação de serviços de TI, principalmente com países vizinhos, e fortalecer o programa Uruguai Innovation Hub.
Delgado também pede neutralidade tecnológica e uma revisão periódica dos preços de interconexão no país.
O Uruguai é um dos países da América do Sul que não possui redes de fibra ótica compartilhadas para uso por operadoras e provedores de serviços de internet. Neste sentido, a agenda de Delgado defende a promoção do desenvolvimento de redes neutras, a fim de “oferecer serviços de telecomunicações no atacado para otimizar o investimento e evitar a duplicação de infraestrutura, tornando as redes lucrativas”.
As propostas também incluem melhorar a regulamentação uruguaia do uso do espectro e, em linha com as redes neutras, facilitar o compartilhamento de infraestrutura.
Além disso, Delgado quer mais segurança jurídica e previsibilidade para licenciamento e autorização, incluindo espectro, com vistas a garantir investimentos de longo prazo.
Em entrevista coletiva em agosto, o candidato afirmou que suas propostas incluem mudanças regulatórias em decretos, simplificação de processos de importação e “desburocratização geral do Estado”.
O programa completo de Delgado pode ser visto aqui, em espanhol.
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