As propostas das principais candidatas presidenciais mexicanas para o setor energético

As duas principais candidatas presidenciais do México apresentaram elementos-chave das suas propostas energéticas antes das eleições de 2 de junho.

O próximo presidente deverá tomar posse em 1º de outubro.

Embora ambas tenham muitas propostas sobre transição energética, elas divergem sobre a abordagem. Os principais contrastes são visíveis nas suas abordagens em relação à empresa petroleira estatal Pemex e ao papel do setor privado.

Claudia Sheinbaum, atual líder e membro do partido governista Morena, quer continuar o plano de independência energética implementado pelo atual governo, fortalecendo a Pemex e a estatal de energia CFE.

Neste cenário, ambas as empresas continuarão a ser os players predominantes nos seus setores. A CFE representa 54% do mercado de produção de eletricidade, ajudada pelas medidas governamentais para contornar a reforma energética de 2013, enquanto a Pemex controla as sete refinarias de petróleo do país, além de dominar a exploração e produção.

Xóchitl Gálvez, representando a coligação Fuerza y Corazón por México – uma aliança entre os partidos PRI, PAN e PRD –, quer modernizar a Pemex para poder iniciar a sua transição energética.

Suas propostas incluem o foco da Pemex na exploração e produção e na redução da atividade de refino, fechando as refinarias de Cadereyta e Madero, nos estados de Nuevo León e Tamaulipas, respectivamente. Gálvez propôs reviver os leilões nos quais a CFE teria de competir com empresas privadas para comprar energia mais barata e mais limpa, colocando as empresas renováveis de volta no mapa.

Sheinbaum apresentou seu plano na Cidade do México na segunda-feira (18), durante um evento que comemora o 86º aniversário da nacionalização do petróleo, enquanto Gálvez fez comentários sobre seus planos em diversas ocasiões. Na mesma segunda, Gálvez publicou nas redes sociais uma lista com 10 ações para modernizar a Pemex e se reuniu com jovens eleitores interessados em energias limpas no estado de Yucatán.

A dívida da Pemex está projetada para atingir US$ 94,5 bilhões até o final do ano, ante US$ 106 bilhões atualmente, informou a Reuters.

Sheinbaum declarou que a Pemex poderia apoiar até a exploração de lítio, enquanto Gálvez disse em março que a empresa também poderia se tornar uma concessionária de energia adicionando cogeração e geração geotérmica às suas atividades. E Gálvez propôs abrir a empresa ao investimento privado.

Em termos de energias renováveis, Gálvez prometeu construir 100 projetos eólicos e solares e 10 mil estações de carregamento de veículos elétricos, enquanto Sheinbaum prometeu promover a construção de projetos renováveis, necessários para a transição energética.

Propostas de Sheinbaum

Sheinbaum no evento onde apresentou sua estratégia energética

O plano de Sheinbaum envolve seis objetivos e 10 ações para alcançá-los.

Seis objetivos

1. Soberania energética para que o México avance na garantia do abastecimento com recursos próprios.

2. Robustez face às mudanças externas, com clara participação do setor energético nas finanças públicas e “dívida razoável” do setor.

3. Diminuição da intensidade energética.

4. Acesso universal à eletricidade, gás e/ou fontes de energia renováveis para necessidades básicas.

5. Redução de emissões e gases de efeito estufa.

6. Atenção às zonas rurais onde ainda se consome lenha para aumentar a eficiência na utilização e reduzir doenças pulmonares, e promover fontes de energia renováveis nestas comunidades.

Dez ações

1. Nenhum aumento de preços em termos reais da gasolina, diesel e eletricidade.

2. Pemex e CFE continuarão a consolidar-se como “empresas públicas estratégicas” para o benefício dos consumidores e do desenvolvimento, uma vez que as privatizações são excluídas.

3. A produção de petróleo permanecerá em 1,8 milhões de barris por dia, enquanto a maior procura de energia deverá ser absorvida por fontes de energia renováveis. A queima de gás natural será reduzida, mas a produção aumentará para reduzir as importações.

4. A Pemex terá um plano de sustentabilidade de longo prazo e participará na extração de lítio, pois continuará sendo “a empresa de todos os mexicanos”.

5. A CFE garantirá e reforçará a capacidade de transmissão e distribuição de energia e manterá a sua participação na produção de eletricidade em 54% ou mais, e o setor privado permanecerá em 46%.

6. Promoção de um ambicioso programa intersetorial de eficiência energética.

7. Promoção do transporte elétrico, público e privado, e aceleração da eletromobilidade.

8. Promoção da transição energética.

9. Promover a indústria petroquímica nacional e dar maior impulso à produção de fertilizantes.

10. Atender comunidades com menos de 2.500 habitantes que não têm acesso à energia elétrica.

As propostas de Gálvez

Enquanto isso, Gálvez quer fortalecer a Pemex e prometeu apoiar um impulso às energias renováveis.

Gálvez com apoiadores durante visita a um parque eólico em Progreso

Modernização da Pemex

1. Manutenção urgente das plataformas, dutos e gasodutos da Pemex;

2. Reengenharia financeira para alcançar um refino sustentável;

3. Combater a corrupção;

4. Pagar integralmente os fornecedores e contratados de uma só vez;

5. Atualizar e manter equipamentos e processamento para atingir padrões sustentáveis;

6. Aproveitar o metano para a indústria;

8. Liderança tecnocrática;

9. Apostar na energia geotérmica, hidrogênio e captura de carbono;

10. Não à privatização, sim à modernização.