Brasil e Chile aprofundam laços via mineração

Entre os vários acordos comerciais e de investimento assinados durante a visita do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ao Chile, destacam-se aqueles relacionados aos minerais críticos.

Lula esteve no Chile nos dias 5 e 6 de agosto para discutir temas econômicos e tensões regionais com o presidente chileno, Gabriel Boric.

Em carta de intenções, os ministérios de mineração de ambos os países concordaram em criar políticas e ações conjuntas que promovam a transparência no setor mineral, a cooperação em pesquisa e desenvolvimento, além da elaboração de programas de formação de mão de obra.

A carta também destaca a importância da sustentabilidade, da atração de investimento estrangeiro direto (IED), da troca de know-how e da digitalização.

“Temos certeza de que essa parceria estratégica entre Chile e Brasil vai fortalecer nossa posição no mercado global, vai impulsionar o desenvolvimento sustentável de nossos países e vai contribuir, globalmente, para a transição energética justa e inclusiva. Temos trabalhado por uma verdadeira aliança pelo fortalecimento da indústria verde na América Latina”, declarou o ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira.

“Queremos uma verdadeira aliança pelo fortalecimento da cadeia de transformação mineral na América do Sul. E, para consolidarmos nossa posição nesse mercado estratégico, o Brasil lançará um programa abrangente para impulsionar a nossa indústria mineral. Vamos transformá-la numa mola propulsora da transição energética”, acrescentou.

“Brasil e Chile podem trabalhar juntos para tentar promover uma maior verticalização de seus segmentos de mineração, atraindo mais empresas e fornecedores para atender o setor na região. Porém, uma grande integração de segmentos entre os dois países é difícil, porque eles têm características muito diferentes”, comentou à BNamericas Valdir Farias, CEO da consultoria de mineração Fioito.

“A mineração no Chile tem influência direta do governo, por meio das operações da estatal Codelco, o que não acontece no Brasil, onde as mineradoras são de propriedade do setor privado. Essa característica tão diferente entre os países torna difícil avançar com iniciativas conjuntas no setor mineral, devido a uma visão diferente de negócios que existe entre empresas estatais e privadas”, complementou.

Representantes sauditas também visitaram recentemente o Brasil e o Chile para saber mais sobre o potencial mineral de ambos os países, especialmente em relação aos minerais de transição energética, como lítio, cobre e níquel.

Lula busca fortalecer os laços com o Chile em um momento que as relações com Argentina e Venezuela pioraram, enfraquecendo a liderança regional brasileira.

A visita resultou na assinatura de 17 acordos e gerou negociações sobre integração logística e de telecomunicações, entre outras coisas.

Em discurso, Lula afirmou que seu governo “conectar toda a América do Sul por meio de cinco grandes rotas viárias, duas das quais incluem o Chile”.

Uma lista abrangente dos acordos pode ser acessada aqui.