Câmara Paraguaia da Construção intensifica esforços para reduzir a lacuna de infraestrutura

A Câmara Paraguaia da Construção (Capaco) está lançando um centro de pesquisa com o objetivo de influenciar políticas de infraestrutura e ajudar empresas locais, enquanto o país enfrenta uma lacuna de infraestrutura de US$ 30 bilhões que também pode prejudicar outros setores.

O centro iniciará suas operações em 28 de outubro e “beneficiará o setor ao gerar dados relevantes para apoiar todos os agentes no planejamento operacional, na identificação de oportunidades e na mitigação de riscos”, informou a câmara à BNamericas por e-mail.

O centro realizará análises de custos, monitorará tendências de mercado, efeitos de políticas públicas, vendas de insumos, empregos e importações de equipamentos, entre outros.

O governo está sob forte pressão para reduzir os déficits fiscais depois da flexibilização das regras de gastos durante a pandemia da Covid-19 e está apostando em investimentos privados para dar continuidade às obras de infraestrutura, que são essenciais para as exportações.

Em julho, a Moody's citou os esforços de infraestrutura de sucessivos governos e os benefícios que eles geraram para o comércio como uma das razões para a elevação da classificação de longo prazo para 'Baa3'.

O Ministério de Obras Públicas (MOPC) planeja investir US$ 5,5 bilhões entre 2023 e 2028, dos quais quase US$ 1,5 bilhão correspondem a mecanismos como parcerias público-privadas, concessões e contratos turnkey.

O novo centro da Capaco contribuirá para esses planos, fornecendo pesquisas que identifiquem necessidades, problemas e oportunidades, utilizando dados concretos e análises independentes.

“Nossa ideia é que, por meio de relatórios que serão emitidos periodicamente, possamos estabelecer alianças estratégicas com instituições públicas, agências de financiamento e especialistas do setor”, afirmou a Capaco.

A câmara também visa apoiar pequenos e médios empreiteiros.

“As análises e investigações realizadas pelo centro oferecerão informações atualizadas sobre oportunidades e tendências de mercado, custos e condições do setor, além de promover a colaboração entre as empresas para reforçar sua posição no mercado”, acrescentou a Capaco.

Um canal de comunicação será estabelecido para permitir que os membros tenham acesso a estatísticas e relatórios.

Embora as empresas de construção tenham se beneficiado dos esforços de infraestrutura de sucessivos governos, elas também enfrentaram dificuldades devido ao aumento de custos e atrasos nos pagamentos.

O MOPC também concluiu a pagamento de uma dívida de US$ 330 milhões com empreiteiras no início deste ano. A dívida é resultado de uma política do governo anterior (2018-23) sob a qual empresas de construção podiam transferir o direito de cobrar por certificados de obras para bancos locais.

As empresas acabaram alegando que o mecanismo não era sustentável, uma vez que os bancos descontavam juros dos pagamentos por certificados de obras a taxas que as empresas não conseguiam suportar. 

"Existem grandes desafios na construção e nosso objetivo é sempre estar na vanguarda", declarou a câmara.