Casa dos Ventos amplia portfólio para atender hiperescaladores e datacenters
O grupo brasileiro de energia renovável Casa dos Ventos está intensificando sua estratégia para aproveitar oportunidades de fornecimento de energia para grandes provedores de nuvem, dados e internet.
Recentemente, a empresa anunciou um contrato de longo prazo para o fornecimento de energia eólica para a brasileira Odata, de propriedade do grupo norte-americano Aligned Data Centers.
O acordo foi realizado por meio de investimento direto, ou modelo de autoabastecimento, no qual a Odata adquiriu uma participação no complexo eólico Babilônia Sul (360 MW), em Várzea Nova, Bahia.
Agora, a Casa dos Ventos negocia uma série de acordos semelhantes com outros grandes players do segmento, como Scala e Ascenty, informou à BNamericas João Caldas, diretor de analytics, novas tecnologias e inovação da Casa dos Ventos.
A expectativa é que o setor de datacenters seja um dos principais impulsionadores de demanda e gere novos contratos para o grupo no futuro.
“Somos de longe o player mais bem posicionado nesse setor. Temos o maior portfólio disponível para novas contratações e a única a empresa com capacidade de entregar um grande volume de energia, com um mix balanceado, em um espaço de tempo relativamente curto”, disse Caldas, em conversa com a BNamericas no evento de datacenters DCD Connect, em São Paulo.
A Casa dos Ventos projeta uma capacidade operacional de 4,2 GW até o próximo ano, sendo que uma parte dessa energia pode ser absorvida por empresas de datacenters que demandam energia limpa e abundante para suas operações.
Para os próximos anos, a Casa dos Ventos espera alcançar um portfólio de 6,9 GW de energias eólica e solar disponíveis.
TIVIT
A Casa dos Ventos firmou um dos primeiros contratos de autoprodução no setor com a Tivit, que recentemente desmembrou sua operação de datacenter e a batizou de Takoda.
Este contrato começou a ser negociado antes da pandemia e entrou em vigor em outubro de 2021. Atualmente, segundo Caldas, a Casa dos Ventos fornece 100% da demanda operacional da Takoda.
Estima-se que o acordo tenha contribuído para evitar mais de 15 mil toneladas em emissões anuais de CO₂.
O volume demandado pela Takoda é menor se comparado a grandes acordos de autoabastecimento, como os firmados com a Odata e outros, em negociação ou já fechados e ainda não divulgados, com outras grandes empresas do setor.
No entanto, de acordo com Caldas, isso corresponde a mais de 100 MW para Takoda.
O executivo disse que o Brasil é um mercado de energia promissor para datacenters devido ao seu segmento de energia aberto, ambiente competitivo, estrutura regulatória razoável, disponibilidade de capital, indústria local bem-estabelecida e incentivos disponíveis.
Ele também mencionou a disponibilidade e redundância da rede como vantagens e destacou que, apesar das recentes restrições, a combinação de fontes permite que a sazonalidade do vento complemente o fornecimento hidrelétrico e a biomassa complemente a energia solar, entre outras.
“As perspectivas para o segmento são muito boas. Estamos muito otimistas com isso.”
INVESTIMENTO EM DATACENTER
Em outra iniciativa, a Casa dos Ventos planeja desenvolver um datacenter, se aventurando mais diretamente no comissionamento de infraestrutura para abrigar processadores de dados e servidores.
O projeto deverá ficar localizado na zona industrial de Pecém, no estado do Ceará, um polo industrial onde a Casa dos Ventos também desenvolve uma iniciativa de hidrogênio verde.
Ainda não há muitos detalhes disponíveis. A BNamericas soube, por fontes de mercado, que a ideia da empresa é construir o datacenter sob medida para um único locatário. Ou seja, será construído para um cliente, possivelmente uma multinacional de nuvem e inteligência artificial, mas as negociações ainda estão em andamento e, por enquanto, nada está totalmente formalizado.
Há negociações com diversas empresas, embora o plano seja fechar negócio com apenas um player.
A BNamericas também apurou que a Casa dos Ventos começou a trabalhar na documentação e no licenciamento para a implementar o projeto no Pecém.
O investimento ultrapassa R$ 50 bilhões (US$ 8,72 bilhões), embora a maior parte deva ser investida pelo cliente, de acordo com uma fonte do mercado.
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