Codelco e Enami se unem para fortalecer mineração de pequeno porte, fundição de cobre e projetos de lítio

As empresas estatais chilenas Codelco e Enami firmaram compromisso de cooperação para beneficiar a mineração de pequeno porte, avançar na fundição e refino de cobre, além de impulsionar os projetos de lítio. 

Com o acordo, "a mineração de pequeno porte terá a oportunidade de acessar propriedades minerais, ativando novas operações, dinamizando o setor e gerando mais emprego e desenvolvimento em várias regiões do país", afirmou Iván Mlynarz, presidente da Enami, durante a assinatura do contrato na terça-feira.

A Codelco, maior produtora mundial de cobre, avaliará as opções de transferência de propriedades por meio de contratos de arrendamento ou outros mecanismos para fortalecer o papel da Enami na mineração de pequeno porte, indicaram as empresas em um comunicado.

Além disso, a Codelco apoiará a Enami na transferência de conhecimento sobre fundição e refino de cobre, que pode ser útil para projeto de modernização da fundição Hernán Videla Lira.

A planta estadual de processamento mineral na região norte do Atacama está paralisada devido ao descumprimento das normas ambientais e à falta de financiamento para incorporar as melhorias tecnológicas necessárias.

A Codelco, por sua vez, possui vasta experiência na operação de suas fundições em Chuquicamata, Caletones na divisão El Teniente e Potrerillos em Salvador, além de Ventanas, que já desativou seus fornos.

COLABORAÇÃO EM LÍTIO

As duas empresas também se comprometeram a colaborar na exploração e extração de lítio em seus projetos no norte do Chile.

A Enami está desenvolvendo Salares Altoandinos, na região do Atacama, e a análise de seus recursos e potencial de reserva permitiu classificá-lo como o terceiro maior prospecto de lítio do Chile, ficando atrás do Salar de Atacama e Maricunga, iinformou a empresa em um comunicado divulgado dias antes.

Isso se deve aos resultados preliminares das concentrações de lítio identificadas no Salar La Isla, parte do projeto, que apresentou uma média de 921 mg/l e um máximo de 979 mg/l, segundo a Enami.

Por sua vez, a Codelco administrará a operação no Salar do Atacama em aliança com o produtor local de lítio SQM entre 2025 e 2060, onde a concentração gira em torno de 1.400 mg/l. A estatal também possui o projeto Maricunga em andamento, cuja média é de 1.073 mg/l.

Por fim, a Codelco planeja iniciar em breve a exploração do Salar de Pedernales.

As duas empresas são fundamentais na estratégia nacional de lítio, uma vez que o governo atual delegou a responsabilidade liderar as parcerias público-privadas para explorarão dos principais ambientes salinos do país. 

Tanto a Codelco quanto a Enami estão em busca de parceiros privados para financiar seus projetos.

QUEBRADA BLANCA

O acordo entre as estatais foi revelado poucos dias após a Codelco anunciar a aquisição de 10% da participação da Enami na operação de cobre Quebrada Blanca (QB), localizada na região de Tarapacá.

A aquisição de US$ 520 milhões foi questionada na indústria, porque se considerou que a participação da Enami na propriedade QB  – onde foram investidos US$ 8.800 milhões em um plano de crescimento para alcançar uma produção próxima a 300.000 toneladas/ano de cobre – poderia ser favorável para a obtenção de dividendos.

Isso ocorre em um momento em que a Enami enfrenta dívidas milionárias, o que coloca em risco o seu trabalho como motor da pequena mineração devido à falta de capacidade de fundição e liquidez para apoiar programas de desenvolvimento. No entanto, a negociação foi vista como uma forma de reduzir, em parte, a dívida da Enami.

A QB pertence 60% à canadense Teck Resources e 30% à japonesa Sumitomo. A participação de 10% da Enami não exige aporte de capital.