Com redução dos preços do lítio, Arcadium e Albemarle refazem planos

Arcadium Lithium e Albemarle, empresas com operações no Chile e na Argentina, estão reestruturando seus planos de expansão e reduzindo suas despesas diante da queda dos preços dos metais e apesar do aumento projetado da demanda devido à transição energética.

A primeira decidiu não executar simultaneamente a primeira fase da expansão de Fénix e o início de Sal de Vida, ambos localizados na província de Catamarca, mas os executará de forma sequencial para avaliar custos, indicou no relatório de resultados do segundo trimestre.

Por sua vez, a americana Albemarle continua a planejar um aumento na produção no salar de Atacama, no norte do Chile, mas suspenderá a sua expansão na Austrália e reduzirá o capex deste ano entre 300 milhões e 400 milhões de dólares, visando manter o seu fluxo de caixa.

No último mês e meio, a tonelada o carbonato de lítio a 99,2% caiu de US$ 11.707 para US$ 10.206 e a do hidróxido de lítio para baterias caiu de US$ 11.429 para US$ 10.532, de acordo com o mercado de metais de Xangai.

Os preços continuam a refletir uma queda de 80% face ao início de 2023.

O colapso é explicado por uma maior oferta, pelo excesso de capacidade de baterias na China e pela desaceleração nas vendas de veículos eléctricos, especialmente na Europa, devido às tarifas de importação.

“Com os preços spot do lítio na China caindo para o mínimo dos últimos três anos, arrastando para baixo os mercados asiáticos, alguns produtores integrados enfrentam pressões crescentes de custos, enquanto outros produtores não integrados podem acabar por operar com prejuízo”, alertou a agência de mercado de commodities FastMarket em comunicado.

“Nesta faixa de preço, estamos bem dentro da curva de custos, o que exige cortes de produção mais acentuados nos próximos meses para reequilibrar o mercado e mitigar perdas adicionais”, acrescentou.

A crescente consciência ambiental também contribui para aumentar a pressão sobre os preços à medida que os esforços de reciclagem se intensificam.

O mercado global de reciclagem de baterias de íon-lítio crescerá a uma taxa anual de 17% entre 2024 e 2032, passando de 16,2 bilhões para 56,9 bilhões de dólares, prevê a agência Markets and Markets num relatório.

ARCADIUM 

A empresa que nasceu da fusão entre a norte-americana Livent e a australiana Allkem estabeleceu como meta economizar US$ 125 milhões anuais a partir de 2027 e reduzirá suas despesas em US$ 500 milhões nos próximos 24 meses.

Além disso, reavalia o investimento em Fénix e Sal de Vida, embora aspire formar um complexo no salar de Hombre Muerto, já que estão a apenas 10 km de distância.

“O mercado indica claramente que a indústria não precisa mais aumentar a oferta no mesmo ritmo esperado anteriormente”, disse Paul Graves, presidente da Arcadium, em comunicado.

A mineradora com sede na Irlanda concluiu no segundo trimestre uma expansão em Fénix, a qual aumentará a produção para 33 mil t/ano de carbonato de lítio equivalente (CLE), incluindo cloreto de lítio, ante 18 mil toneladas de CLE e 5 mil de cloreto de lítio no ano passado.

A Arcadium também concluiu uma expansão em Olaroz, na província de Jujuy, a qual aumentará o volume, de 17.758 t/ano de CLE para 40 mil t/ano, mesmo com a capacidade total sendo alcançada apenas em 2025, já que os poços de evaporação que utiliza exigem um mínimo de 12 meses para obter produção.

ALBEMARLE

A empresa continua revendo a sua estrutura financeira e operacional, já a transação do metal “está bem abaixo do preço de incentivo para novos projetos”, conforme comentou no seu relatório do segundo trimestre de 2024.

Embora tenha sido vendido um volume maior no referido trimestre, as vendas líquidas totalizaram US$ 1,43 bilhão, valor abaixo dos US$ 2,37 bilhões do segundo trimestre de 2023. Além disso, a empresa reportou prejuízo líquido de US$ 188 milhões, o que contrasta com o lucro líquido de US$ 650 milhões na mesma comparação.

A Albemarle busca compensar a situação com vendas maiores, que permitiriam uma expansão em sua planta La Negra, localizada na região chilena de Antofagasta, onde a capacidade atual é de 94 mil t/ano de CLE, incluindo 4,5 mil t/ano de cloreto de lítio.

A entidade chilena de desenvolvimento Corfo, que administra o contrato de operação da Albemarle no país, autorizou-a a produzir mais 240 mil toneladas de lítio metálico equivalente (LME) durante o período contratual, que termina em 2043. Isto se soma à cota concedida em 2016, de 262.132 toneladas de LME.

A nova autorização implica o compromisso de validar uma tecnologia sustentável, como a extração direta, para substituir ou combinar com o atual método de evaporação utilizado nos 83 poços do Salar do Atacama.

As operações poderão continuar para além do atual período contratual sob uma parceria público-privada, conforme estipulado na estratégia chilena para o lítio.