Como a Helium planeja diminuir a falta de conectividade na América Latina

A empresa de infraestrutura móvel descentralizada Helium, do grupo Nova Labs, está planejando crescer na América Latina com uma econômica solução de descarregamento de rede para implantação de redes de telecomunicações.

A empresa tem um acordo com a Movistar México para implantar hotspots em áreas não conectadas, expandindo a cobertura da operadora de telefonia móvel.

“A maneira como a infraestrutura de telecomunicações tradicional é construída tem muitos custos associados – você precisa de torres de celular, espectro e operações e gerenciamento muito caros”, disse à BNamericas Mario Di Dio, gerente geral de rede da Nova Labs.

A Helium está construindo uma rede de mini torres de celular (hotspots) instaladas em áreas privadas e não residenciais, como cafés, restaurantes e shoppings. Estes hotspots descarregam tráfego de redes móveis para redes fixas ou de satélite, com algumas diretamente conectadas à Starlink.

A operadora de telefonia móvel paga pela transferência de dados, enquanto os proprietários de hotspots recebem recompensas baseadas em blockchain em proporção à quantidade de dados que transferem das operadoras.

“A operadora, em vez de pagar por esse grande e caro ativo, está pagando pelo acesso”, explicou Di Dio. “O blockchain é o que permite fazer isso de forma escalável.”

A Helium implantou 62.000 hotspots, a maioria deles nos EUA. Metade é padrão, enquanto a outra metade são hotspots Wi-Fi convertidos para trabalhar com a rede Helium. A solução é baseada no padrão OpenWifi desenvolvido pelo Telecom Infra Project (TIP).

Nos EUA, a Helium fez parceria com seis operadoras, incluindo MNOs (operadoras de rede móvel) e MVNOs (operadoras de rede móvel virtual), e tem quase 400.000 usuários ativos diários.

No México, a empresa concluiu um programa piloto em Oaxaca, um local considerado Patrimônio Mundial da Unesco, onde as regulamentações limitam a implantação de infraestrutura de torres móveis tradicionais. A empresa já certificou hotspots externos para instalação no México e está nos estágios finais de certificação de hotspots internos.

Ao se conectar à rede da Helium, a Movistar reduz os custos de roaming e melhora a experiência do usuário.

A Helium também estabeleceu relações comerciais com várias MNOs e MVNOs no México, embora seus nomes permaneçam não divulgados por razões de confidencialidade. Di Dio esclareceu que a empresa espera anunciar outro parceiro comercial na América Latina ainda este ano.

A empresa também está explorando a expansão para Brasil, Argentina, Colômbia e Chile, visando países com infraestrutura com fio bem desenvolvida (fibra ou cabo), mas com implantação mais lenta de 4G e 5G.

No México, a empresa pretende expandir sua rede de 1.000 hotspots para várias dezenas de milhares neste ano, dentro das 300 zonas de expansão cobertas pelo acordo com a Movistar.

Outra estratégia de crescimento envolve licenciar sua tecnologia. A Helium já licenciou a tecnologia hotspot para uma empresa para comercialização nos EUA.

“Nosso modelo não é criar lucros e receitas com um hotspot. Claro, faremos isso no curto prazo porque somos nós que vendemos [os hotspots], mas [nosso modelo] é realmente sobre atuar como um intermediário entre as operadoras e a rede”, afirmou Di Dio.

“Estamos muito abertos a licenciar a tecnologia para qualquer pessoa que queira criar hotspots e, por isso, incentivamos a conversão de pontos de acesso Wi-Fi existentes”, concluiu.