Como a indústria de veículos elétricos do México pode lidar com a falta de infraestrutura de transmissão?

Especialistas propuseram o compartilhamento de carga como uma das soluções para o mercado de veículos elétricos do México devido à infraestrutura de transmissão insuficiente do país. Porém, para o executivo de uma empresa do setor, isso só funcionará se as empresas evitarem acumular energia.

“Se todos acumularem a capacidade que está disponível agora, a possibilidade dos outros usarem diminui”, comentou Edgar Moreno, cofundador da empresa de infraestrutura de carregamento CE Neutral, em bate-papo com a BNamericas nos bastidores do evento Mexico EV Day, promovido pela associação local de veículos elétricos AMIVE.

“O importante para nós é saber onde a eletricidade é necessária e garantir que possamos oferecê-la de maneira compartilhada”, disse Moreno, que recomenda a criação de um esquema em que um centro de compartilhamento de carga atenda a uma série de empresas diferentes.

O executivo acrescentou que sua proposta inclui financiamento privado, e que empresas especializadas em infraestrutura de carregamento, como a CE Neutral, poderiam absorver parte dos custos.

“As empresas focadas em infraestrutura poderiam fazer um esforço financeiro e reduzir o valor inicial investido pelos donos das frotas. Elas assinariam um contrato de médio prazo se comprometendo a usar a infraestrutura para carregar seus veículos.”

Segundo Moreno, a falta de infraestrutura de carregamento não deve ser motivo para as empresas descartarem a introdução de veículos elétricos. Elas deveriam se concentrar em novos esquemas de financiamento.

“Acredito que as soluções já existem, assim como a tecnologia. As empresas com vontade de fazer isso progrediram”, destacou. “Acredito que a próxima prioridade deve ser entender como tornar isso mais fácil, por exemplo, melhorando os produtos financeiros para que o setor bancário possa dar suporte às empresas com empréstimos para financiar sua conversão para veículos elétricos.”

Em uma entrevista publicada esta semana, o presidente da AMIVE, Francisco Cabeza, disse à BNamericas que a capacidade de carregamento dos centros de compartilhamento de carga deve ser superior a 500 kW, para carregar de 5 a 10 veículos com um único conector.

“Isso faz sentido, porque você está otimizando a capacidade disponível no local e está dando o maior retorno possível do investimento ao imóvel, gerando novos negócios para players que já estão estabelecidos ou que querem participar do mercado de veículos elétricos”, disse ele.

Outra solução – que vem sendo discutida pelo setor com representantes do novo governo, liderado pela presidente eleita Claudia Sheinbaum – é a geração distribuída, aumentando a capacidade elétrica no local com a possibilidade de 1 MW de armazenamento de energia, pontuou Cabeza.

“Acho que isso vai ser parte da solução, mas nos falta criatividade para resolver esse desafio da grande demanda de energia, não só dos veículos elétricos, mas também dos datacenters, que são muito importantes para o mundo”, completou.