Como a ISA CTEEP está impulsionando sua transformação digital

A empresa brasileira de transmissão de energia ISA CTEEP, subsidiária da colombiana Interconexión Eléctrica (ISA), está ampliando suas iniciativas de automação e transformação digital com projetos que envolvem drones, inteligência artificial, subestações digitais e gêmeos digitais.

“Temos conseguido resultados concretos com a implementação de tecnologias inéditas no Brasil. Em 2021, inauguramos a primeira subestação digital do Sistema Interligado Nacional (SIN) em Lorena (SP) e, em 2023, modernizamos a Subestação de Jaguariúna com o conceito de subestação 4.0, também pioneiro no País”, disse à BNamericas Ferdinand Vale, gerente de projetos na ISA CTEEP.

O projeto em Lorena, no estado de São Paulo, foi realizado com a Grid Solutions da GE Renewable Energy e a Hitachi ABB e envolveu cerca de R$ 240 milhões (US$ 47,2 milhões) em investimentos.

Além das subestações Lorena e Jaguariúna, Vale informou que a ISA CTEEP possui outras cinco instalações instaladas no modelo indústria 4.0, ou subestação 4.0.

Dessas, quatro pertencem ao projeto de transmissão de energia do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, e uma está localizada no setor de 230 kV do projeto de interligação energética Ivaí, que é realizado em conjunto pela ISA e pela Taesa, no Paraná.

Outros dois ativos básicos da rede na região metropolitana de São Paulo – as subestações Leste e Sul – passarão por modernização e serão digitalizados, afirmou o executivo.

Tanto a subestação digital quanto a subestação 4.0 integram tecnologias como fibra ótica e Internet das Coisas (IoT), permitindo o gerenciamento remoto dos sistemas da subestação e a aplicação de análises para manutenção preditiva. Segundo Vale, isso garante maior eficiência operacional e confiabilidade.

A substituição dos cabos de cobre por fibra reduz em 50% o uso geral de cabos e estruturas, pontuou o executivo.

Com isso, as subestações digitais e 4.0 ocupam menos espaço, geram menos resíduos e reduzem deslocamentos durante a construção e manutenção, mitigando os impactos ambientais e proporcionando maior segurança aos colaboradores, acrescentou.

Quanto aos projetos futuros, Vale disse que a ISA CTEEP “avalia constantemente a modernização tanto dos ativos atuais quanto dos novos projetos de leilões, garantindo o alinhamento com a estratégia do negócio e gerando valor para a sociedade”.

ATUALIZAÇÕES E MODERNIZAÇÃO

No geral, a empresa é responsável por cerca de 95% da energia transmitida em São Paulo, o estado mais populoso do país.

Como a maior parte da rede é antiga, os investimentos digitais estão sendo direcionados para reforçar e melhorar os sistemas, visando aumentar a confiabilidade do sistema de energia.

Segundo Vale, os investimentos em melhorias na rede de transmissão existente estão relacionados à substituição de equipamentos e sistemas de proteção, controle e supervisão que estão no final de sua vida útil ou que estão obsoletos e cujas peças de reposição não são mais vendidas no mercado. 

Nos reforços, os investimentos têm como objetivo geral aumentar a capacidade de transmissão.

O executivo destacou a utilização de cabos condutores especiais, mais leves, com maior capacidade e que exigem menos substituições de estrutura. Além disso, a utilização de cabos para-raios com tecnologia ótica (OPGW) amplia a capacidade de comunicação da empresa.

A ISA CTEEP também estuda a implementação de outras tecnologias no sistema de transmissão para permitir maior flexibilidade operacional, disse Vale, bem como a utilização de novos materiais isolantes para reduzir o impacto das emissões de gases de efeito estufa.

DRONES

Em paralelo aos sistemas, a ISA CTEEP intensificou a adoção de drones para o monitoramento de suas torres.

Nos últimos cinco anos, a empresa investiu R$ 3 milhões na aquisição desse tipo de equipamento.

Atualmente, a ISA CTEEP possui mais de 120 drones em uso para monitorar torres de transmissão, a maioria deles é da fabricante chinesa DJI, disse Vale.

Segundo a empresa, a digitalização dessas inspeções em torres de transmissão aumenta a confiabilidade ao permitir a rastreabilidade com o registro de imagens que podem ser acessadas a qualquer momento, além de garantir segurança, já que os técnicos não precisarão escalar torres com até 100 metros de altura.

O uso de drones, segundo relatos, reduz pela metade o tempo estimado para a conclusão da tarefa.

NUVEM E GÊMEOS DIGITAIS

Leandro Waingurt, gerente de TI da ISA CTEEP, informou à BNamericas que a Microsoft é o principal parceiro de nuvem pública da empresa.

Segundo o executivo, a nuvem Azure da Microsoft está sendo usada principalmente para “plataformas com crescimento exponencial”, como inteligência artificial e data lake.

Waingurt não especificou se o grupo de energia implantou ferramentas generativas de IA, como o CoPilot da Microsoft, no back-office ou se está trabalhando nelas no front-end.

Em relação aos gêmeos digitais, o head de TI disse que a ISA CTEEP está realizando pilotos utilizando o modelo – que consiste em réplicas totalmente virtualizadas de ativos físicos – em linhas de transmissão e subestações, envolvendo tanto a ISA quanto suas subsidiárias.

Conforme relatado pela BNamericas, outros grandes players de energia no Brasil que apostam em gêmeos digitais incluem Enel, Furnas e Equatorial Energia.

INVESTIMENTOS

Em 2023, a ISA CTEEP relatou um recorde de R$ 1,2 bilhão em investimentos destinados a melhorar e modernizar sua rede, que inclui iniciativas de digitalização e automação.

O plano de capex aprovado para 2024-2028 é de R$ 5 bilhões, abrangendo 250 projetos de P&D e inovação pré-aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).