Como a Petrobras conduz a manutenção de suas operações
A Petrobras tem um dos maiores portfólios de ativos upstream e downstream do mundo, compreendendo aproximadamente 30 unidades de produção offshore próprias e 10 refinarias de petróleo.
Esses ativos devem crescer, já que o plano de negócios da estatal para 2025-29 prevê o início das operações de seis FPSOs próprios (P-78, P-79, P-80, P-82, P-83 e P-84), a construção de um segundo trem de refino na refinaria RNEST, em Pernambuco, além e novas plantas de lubrificantes e diesel em seu complexo de Boaventura (antigo Gaslub), no Rio de Janeiro.
Para realizar a manutenção e as operações necessárias para seus ativos de refino, exploração e produção (E&P), entre outros ativos, a empresa possui mais de 4 mil contratos em vigor, envolvendo um valor total de aproximadamente 270 bilhões de reais (US$ 44,4 bi).
A pedido da BNamericas, a Petrobras explicou como consegue manter uma estrutura tão enorme e complexa nas condições corretas, e destacou os principais desafios pela frente.
E&P
BNamericas: Quais as principais estratégias, técnicas e ferramentas adotadas pela Petrobras para garantir a preservação de seus ativos ao longo dos anos, visando à extensão máxima de sua vida útil e ao mínimo de interrupções?
Petrobras: O planejamento de manutenções da Petrobras é baseado em rígidos procedimentos internos e pelo pleno atendimento a conformidade, como por exemplo o atendimento a NR-13. As inspeções regulares nos equipamentos e estruturas, conduzem o planejamento ao longo dos meses de operação.
Hoje utilizamos novas tecnologias para nos apoiar, como mapeamento 3D das plantas operacionais, inspeções com drones para áreas de difícil acesso, entre outras.
Além disso, na área de Exploração e Produção [E&P] existem diferentes programas e iniciativas estratégicas com foco na manutenção da integridade, aumento da confiabilidade e eficiência dos ativos.
BNamericas: Poderiam citar exemplos de inovações tecnológicas aplicadas e em desenvolvimento?
Petrobras: A Petrobras tem intensificado a utilização de drones e robôs como alternativas para inspeção de equipamentos e estruturas de difícil acesso. Além disso, o Cenpes, Centro de Pesquisa da Petrobras, tem conduzido diversas pesquisas de práticas e materiais para melhoria da preservação dos ativos atuais e futuros de E&P. Podemos citar o desenvolvimento de novas tintas, mas resistentes às condições offshore, como também o uso de robôs para pintura.
Também podemos citar outros exemplos de pesquisas e projetos desenvolvidos, como:
– Projeto de materiais e revestimentos alternativos para mitigar falhas por corrosão
– Implantação de análises autônomas para verificação de relatórios e dados de inspeção com uso de IA
– Uso de drones e robôs de superfície e submarinos em diversas atividades
– Desenvolvimento de revestimentos alternativos para mitigar falhas por corrosão
– Desenvolvimento de técnicas de reparos automonitoráveis
– Uso de manufatura aditiva em larga escala e inteligência artificial para subsidiar recomendações de inspeção e manutenção
BNamericas: Quais são os principais desafios em vista? Que soluções a Petrobras está buscando? Como os fornecedores podem ajudar a companhia a superá-los?
Petrobras: O maior desafio para Petrobras é a perspectiva de aumento da demanda por mão de obra técnica para fazer frente às necessidades das áreas de manutenção das unidades existentes e construção e montagem de novas instalações, decorrentes dos projetos de investimentos previstos para os próximos anos.
BNamericas: Nos últimos dois anos, que unidades de E&P e Refino passaram por paradas de manutenção?
Petrobras: Entre 2023 e 2024 a Petrobras realizou parada programada em 35 plataformas, entre próprias e afretadas.
[Nota da BNamericas: a Petrobras possui 20 unidades de produção offshore afretadas em operação. Seu plano de negócios atual prevê a instalação de mais três FPSOs afretados até 2029: Almirante Tamandaré, Alexandre de Gusmão e Barracuda/Caratinga.]
BNamericas: A Petrobras tem conseguido reduzir o tempo médio de paradas de manutenção de seus ativos? Persegue alguma meta nesse sentido?
Petrobras: O E&P utiliza benchmarks internos e externos para suas paradas, buscando as melhores práticas para execução com segurança e manutenção dos níveis de eficiência esperados, garantindo a vida útil dos seus ativos.
BNamericas: Qual o universo de fornecedores de bens e serviços que trabalha com a Petrobras na área de manutenção?
Petrobras: A fim de atender as atividades de manutenção e operação de refino, exploração e produção, termelétricas e demais unidades da Petrobras, temos mais de 4 mil contratos vigentes, com valor total aproximado de R$ 270 bi [US$ 44,4 bi]. Estes contratos compreendem mais de mil fornecedores de todos os portes, sendo 95% destes nacionais.
REFINO
BNamericas: Quais as principais estratégias, técnicas e ferramentas adotadas pela Petrobras para garantir a preservação de seus ativos ao longo dos anos?
Petrobras: A Petrobras dispõe de planos de inspeção e de manutenção preventiva, preditiva e proativa para todos os seus ativos, que são implementados durante a campanha e as paradas programadas de suas unidades produtivas. Ao longo da vida útil dos equipamentos, são conduzidos também estudos de engenharia que propõem melhorias de projeto e modernizações, conferindo mais confiabilidade e disponibilidade ao parque de ativos.
BNamericas: Poderiam citar exemplos de inovações tecnológicas aplicadas e em desenvolvimento?
Petrobras: A Petrobras tem intensificado a utilização de drones e robôs como alternativas para inspeção de equipamentos e estruturas de difícil acesso. A adoção de dispositivos de tipo PDA (personal digital assistant) no suporte às atividades de operação, inspeção e manutenção tem conferido maior segurança, confiabilidade e produtividade no desempenho das rotinas dessas equipes.
Em paradas programadas de manutenção das unidades, podemos citar como exemplos de uso:
– Ensaio de gamagrafia de baixa intensidade para detecção de defeitos em equipamentos e estruturas metálicas, que adota raios de isolamento relativamente menores para a proteção das pessoas
– Equipamento autopropelido para sacar feixe tubular de trocadores de calor
– Dispositivo de colchão de ar para movimentação de grandes cargas
– Limpeza por ultrassom de feixes de permutadores de calor (em fase de testes)
BNamericas: Quais são os principais desafios em vista? Que soluções a Petrobras está buscando? Como os fornecedores podem ajudar a companhia a superá-los?
Petrobras: O maior desafio para Petrobras é a perspectiva de aumento da demanda por mão de obra técnica para fazer frente às necessidades das áreas de manutenção das unidades existentes e construção e montagem de novas instalações, decorrentes dos projetos de investimentos previstos para os próximos anos.
Os prestadores de serviço podem auxiliar na superação desse desafio, investindo, juntamente com a Petrobras, na implementação de mais programas de capacitação e certificação de pessoal.
BNamericas: Nos últimos dois anos, que unidades de refino passaram por paradas de manutenção?
Petrobras: Ocorreram paradas programadas de manutenção nas seguintes refinarias, ao longo de 2023: Reduc, Refap, Regap, Replan e RPBC.
No ano de 2024, esses eventos se deram nas seguintes refinarias: Recap, Reduc, Regap, Repar, Replan, Revap e RPBC.
BNamericas: Qual o cronograma previsto de paradas de manutenção de unidades de produção offshore e refino nos próximos dois anos?
Petrobras: As paradas programadas em refino seguem um cronograma anual que leva em consideração o plano de abastecimento nacional.
[Nota da BNamericas: a Petrobras planeja investir US$ 3,8 bilhões em paradas programadas até 2029. Somente em 2025, as seguintes refinarias passarão por paradas programadas: Replan e RNEST no primeiro trimestre, RPBC e Refap no segundo trimestre, e Revap no terceiro trimestre, exigindo um investimento de R$ 900 mil reais e mobilizando 22,5 mil trabalhadores. Confira os detalhes no plano de negócios da empresa, slide 58.]
BNamericas: A Petrobras tem conseguido reduzir o tempo médio de paradas de manutenção de seus ativos? Persegue alguma meta nesse sentido?
Petrobras: A Petrobras utiliza como parâmetro referenciais internacionais apontados pela empresa Solomon Associates em seus estudos bianuais, que comparam o desempenho entre refinadores instalados nos diferentes continentes ao redor do mundo. A Solomon fornece insights estratégicos baseados em dados de todo o setor de energia, levando a maior eficiência, confiabilidade e lucratividade para os seus clientes.
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