Como as geradores de energias renováveis pretendem entrar na arena do hidrogênio
A expansão para o hidrogênio verde é um movimento lógico para empresas de energia renovável e os softwares podem ajudá-las a navegar nessas águas novas e tecnicamente complexas, apurou a BNamericas.
Em geral, os geradores de energias renováveis são responsáveis pela maior parte dos projetos de hidrogênio verde e derivados, nos quais cerca de 60% dos custos de produção estão associados à eletricidade. O restante, em torno de 40%, diz respeito à próxima etapa: produzir hidrogênio verde que, por sua vez, pode ser combinado com carbono ou nitrogênio para criar e-combustíveis e amônia verde, respectivamente.
“Para elas [empresas de energias renováveis], é mais fácil integrar a parte que está faltando, mas esta parte – que representa cerca de 40% dos custos – é tremendamente complexa”, disse o engenheiro e pesquisador chileno Felipe Gallardo, CEO da plataforma de desenvolvimento de projetos de hidrogênio Southern Lights, sediada em Estocolmo.
“Isto significa não apenas trabalhar com uma tecnologia à qual eles não estão acostumados, mas também trabalhar em um espaço ao qual eles não estão treinados, produzindo um produto final que não é eletricidade, com uma linguagem e termos de engenharia aos quais eles não estão acostumados.”
O software Southern Lights oferece aos desenvolvedores um conjunto de ferramentas digitais ágeis para dar suporte ao planejamento, configuração, modelagem, licenciamento e seleção de tecnologia. Os usuários também otimizam o desenvolvimento do projeto em conjunto com especialistas de negócios da Southern Lights para tornar os projetos financeiramente competitivos.
Gallardo – que fundou uma consultoria italiana que atende projetos na Europa e América Latina e é ex-funcionário da agência estatal de desenvolvimento chilena Corfo – comentou que as empresas de energia estão acostumadas a projetar projetos lucrativos, mas que adicionar o componente de hidrogênio à equação cria vários novos desafios.
O objetivo da Southern Lights é alavancar software e tecnologia para “permitir que a empresa de energias renováveis dê esse passo e não falhe ao tentar, já que é muito arriscado e é fácil cometer erros”, afirmou Gallardo, que recentemente assinou um memorando de entendimento com a Associação Chilena de Energias Renováveis e Armazenamento (Acera).
Uma grande parte dos membros da Acera está considerando expandir para a área do hidrogênio.
O Chile tem cerca de 70 projetos de hidrogênio verde e derivados anunciados publicamente, a maioria projetada para explorar os recursos de energia renovável de classe mundial do país nas regiões de Magalhães e Antofagasta, com a maior parte do restante visando a região industrial de Biobío.
Espera-se que a indústria de hidrogênio verde do Chile avance em dois caminhos: plantas de grande porte, voltadas principalmente para o mercado de exportação, bem como projetos de menor escala, projetados para ajudar a descarbonizar a economia local.
O Chile tem projetos-piloto, o maior deles a planta de demonstração de gasolina sintética Haru Oni, em Magalhães, e a construção de instalações de maior escala pode começar na segunda metade da década. Vários projetos estão na fase de revisão ambiental, com o principal desafio agora de encontrar compradores e cortar custos para ajudar a diminuir a diferença de preço com produtos como o gás natural convencional.
Utilizada por clientes nos EUA, Europa e Chile, a Southern Lights foi lançada há dois anos e garantiu financiamento de capital de risco.
Gallardo vê o Chile como um eventual trampolim para outros países da América Latina.
“Estamos começando a olhar para países como Argentina, Brasil, Peru, Colômbia, que serão participantes importantes no hidrogênio, além da Costa Rica”, concluiu o executivo, acrescentando que não há planos imediatos para entrar nestes países.
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