Como as novas demandas de segurança de rede estão estimulando a ‘observabilidade’ na América Latina

Com a expansão da automação, da IoT e da IA, e os limites cada vez mais tênues entre a tecnologia operacional (TO) e a tecnologia da informação (TI) nas empresas, os fornecedores de redes e segurança estão aumentando suas apostas na chamada observabilidade.

Na área de segurança de redes, a observabilidade se tornou a palavra da moda no mercado nos últimos meses, com os fornecedores justificando que a tendência vai além do simples monitoramento, ao se aprofundar e observar as interações dos componentes do sistema e dos dados coletados pelos sensores para garantir uma compreensão total das causas dos problemas e, assim, melhorar a detecção e a resposta às ameaças.

Criada há mais de 25 anos, a Tenable, com sede nos Estados Unidos, é um dos players que está aumentando seus investimentos nesse segmento, inclusive na América Latina. A empresa de segurança é líder na área de gerenciamento de exposições, que abrange a observabilidade.

“Estamos com grandes perspectivas de negócios. Vemos muitos ataques recentes, em múltiplos tipos de verticais, mas a infraestrutura crítica, de uma forma geral, é uma área que hoje recebe muita atenção”, disse à BNamericas Alexandre Rodrigues, head de OT da Tenable para a América Latina.

O relatório Worldwide Device Vulnerability Management de 2023 da IDC classificou a Tenable em primeiro lugar neste segmento pelo quinto ano consecutivo. A IDC estimou que este mercado estava avaliado em mais de US$ 2,1 bilhões em 2022, um aumento de 11,7% em comparação com 2021.

Em abril, por meio do braço Telefónica Tech, a Telefónica anunciou um contrato global com a Tenable, que também cobre a América Latina, para melhorar seu serviço global de gerenciamento de vulnerabilidades. O objetivo da Telefónica é criar uma solução que gerencie toda a superfície de ataque das empresas para antecipar ameaças e prevenir ataques futuros, explicou na época.

O serviço é baseado na plataforma de gerenciamento de exposições Tenable One, para identificar todos os ativos expostos nas organizações, cobrindo riscos associados a equipamentos de TI, nuvem, contêineres, aplicações web e plataformas de identidade.

Segundo Rodrigues, em média, 50% dos ativos de TO das empresas, ou seja, os equipamentos para as operações de negócios, agora são de TI. Isso significa que metade dos ativos industriais estão conectados, automatizados e integrados com sistemas de gestão, rede e segurança.

Em outubro, a Tenable fechou a aquisição da empresa de cibersegurança Ermetic, fornecedora de uma plataforma de proteção de aplicativos nativa de nuvem (CNAPP), para ampliar sua plataforma de gerenciamento de exposições Tenable One e sua solução Tenable Cloud Security para avaliar riscos locais e na nuvem, de acordo com a empresa.

Enquanto isso, a empresa está investindo em novos recursos de machine learning e inteligência artificial, inclusive IA generativa, para melhorar seu portfólio, destacou Rodrigues. Ele também observou que, apesar do hype, a IA também tornará os ataques às empresas mais comuns e sofisticados.

Além da Telefónica, a Tenable tem projetos em andamento com outras operadoras da região, disse ele, sem dar mais detalhes.

Outros mercados em que a empresa tem trabalhado na região são os setores automotivo, energético e siderúrgico, além de bens de consumo e centros de distribuição e logística, segundo Rodrigues.

Em todo o mundo, a Tenable relata ter mais de 40.000 empresas e organizações governamentais que confiam em suas soluções de gerenciamento de exposições.

Enquanto isso, o grupo de software de monitoramento Dynatrace, com sede em Massachusetts, que também se concentra na observabilidade, está expandindo sua presença e suas vendas na América Latina em meio aos requisitos corporativos de nuvem e à medida que as empresas buscam plataformas de visualização de software com IA.

A Dynatrace tem crescido cerca de 35-40% ao ano na América Latina nos últimos anos.

“Brasil, Peru, Chile e até Argentina são mercados onde temos crescido bastante na região. Estamos contratando na Argentina para atender à demanda de projetos dos clientes, apesar do complicado cenário local”, disse à BNamericas Roberto Carvalho, vice-presidente da Dynatrace para o Brasil e Sul da América Latina, em entrevista em agosto.

A Cisco, uma das principais fornecedoras mundiais de equipamentos de rede e segurança, também está de olho na observabilidade, segundo o diretor da empresa para a América Latina, Láercio Albuquerque.

O tema atraiu muita atenção na última edição do evento Cisco Engage, em São Paulo, na semana passada, que marcou o 30º aniversário da empresa no país.

“O que tem alavancado principalmente as vendas e o que nos fez chegar até aqui foi a cibersegurança embutida nas soluções que oferecemos”, disse Albuquerque aos jornalistas sobre os principais motores de crescimento da empresa no país.

Em fevereiro, a Cisco anunciou diversas novas soluções e recursos na Cisco Observability Platform, entre elas a IA generativa.

Os clientes poderão usar diálogos conversacionais em vez de linguagem de consulta estruturada para realizar tarefas comuns durante a resolução de problemas, aumentando, assim, a produtividade, segundo a empresa.

“Os clientes cada vez mais querem soluções eficientes e seguras e a Cisco tem a camada de segurança embutida”, acrescentou Albuquerque.