Como está o desempenho da Digital Realty na América Latina?

O fundo norte-americano de investimento em infraestrutura digital Digital Realty tem enviado sinais ambíguos referentes a aspectos como perspectivas e demanda para suas operações na América Latina.

A diretoria afirmou que as atividades estão em alta, mas os números contam uma história um pouco diferente.

Na região, o grupo é coproprietário da empresa de datacenters brasileira Ascenty ao lado da Brookfield Infrastructure Partners. A Ascenty tem 36 sites em toda a América Latina, entre eles projetos que estão ativos e ainda em desenvolvimento.

Do total de sites, 25 ficam em São Paulo, dois no Rio de Janeiro e um em Fortaleza, no Brasil; três em Querétaro, no México; três em Santiago, no Chile; e dois em Bogotá, na Colômbia. Novos lançamentos ainda estão por vir, disse o CEO da Digital Realty, Andrew Power, a investidores na conferência para apresentar os resultados do terceiro trimestre de 2024 da empresa.

“Eles não estão prontos – a capacidade disponível nesses locais específicos que virão em breve não está, necessariamente, energizada hoje, mas essas entregas estão se aproximando rápido”, destacou o executivo antes de citar alguns mercados, como a América do Sul.

Apesar disso, ele pontuou que “todos eles somam mais de 3 GW de capacidade, incluindo capacidade de shell, que podemos ativar rapidamente”.

Power também contou que a Digital Realty está adquirindo terrenos e energia na maioria dos mercados em que a empresa atua, entre eles a América do Sul, mas não deu mais detalhes.

Nos últimos meses, a Digital Realty não adicionou nenhum terreno ou capacidade energética à sua carteira de projetos na América Latina, de acordo com os registros do grupo.

CAPACIDADE E OCUPAÇÃO

No final de setembro, o pipeline de datacenters da Ascenty totalizava 150 MW em capacidade, ou carga de white space de TI, com 118 MW do total em São Paulo.

Essa capacidade regional não mudou em relação ao segundo ou primeiro trimestres.

O mesmo vale para as taxas de ocupação dos datacenters, que permanecem em 91,9% para os datacenters de São Paulo, 90,1% para Santiago e 22% para Fortaleza. Querétaro e Rio de Janeiro registram 100%.

O site da Ascenty em Fortaleza foi projetado para ter 10 MW de potência total em uma área de 9.000 m². Atualmente, ele tem 6,2 MW em carga de white space de TI.

O restante da capacidade da Ascenty é dividido da seguinte forma: 10,2 MW para Santiago, 8 MW para Querétaro e 8 MW para o Rio de Janeiro. Todos esses valores não mudaram em relação ao trimestre anterior.

Na Colômbia  a empresa ainda não começou a desenvolver ativamente seus dois datacenters planejados.

A Ascenty reservou 5.600 m³ para o projeto, um terreno que permaneceu listado como “espaço reservado para desenvolvimento” em vez de “espaço em desenvolvimento ativo” nos registros da Digital Realty nos últimos dois trimestres.

A ativação do primeiro datacenter do grupo em Bogotá, inicialmente programada para o final deste ano, foi adiada para 2025.

A Ascenty não considera que o mercado corporativo da Colômbia já esteja totalmente maduro. O COO da Ascenty, Marcos Siqueira, disse à BNamericas no início deste ano que a companhia não tinha pressa. “Vamos sempre acelerando ou segurando os nossos investimentos de acordo com a demanda. Na Colômbia, eu já tenho os dois prédios prontos, um terreno garantido, as licenças garantidas, e a energia assegurada também.”

LOCAÇÃO

No geral, a Digital Realty relatou US$ 208 milhões na locação de base anualizada dos datacenters da Ascenty.

A taxa representa o aluguel de base contratual mensal (definido como valor-base do aluguel em dinheiro antes dos abatimentos) sob os contratos de locação existentes até 30 de setembro, multiplicado por 12.

O grupo registrou receitas globais de US$ 1,4 bilhão no trimestre, um aumento de 2% em relação ao ano anterior.

Globalmente, a Digital Realty entregou 36 MW de capacidade durante o terceiro trimestre de 2024 e tinha 644 MW de capacidade de datacenter em construção.

“O pipeline geral agora está 74% pré-locado, em comparação com 66% no final do segundo trimestre, com um rendimento médio esperado de 12%”, disse o CFO Matt Mercier.

“Quase todo o desenvolvimento em andamento nas Américas está pré-locado”, acrescentou.