Como o apetite por fusões e aquisições da CI&T do Brasil é alimentado por um mercado digital 'fragmentado'

A multinacional brasileira de TI CI&T está pronta para buscar uma expansão mais impulsionada pelas fusões e aquisições, de acordo com seu CEO.

Com mais de 25 anos de atuação, a empresa fez apenas quatro aquisições.

Em comparação, a também multinacional brasileira de TI Stefanini fez seis aquisições somente em 2020, para um total de 30 negócios de M&A desde que foi fundada no final dos anos 1980.

O maior negócio da CI&T até agora aconteceu na quinta-feira, quando ela revelou a aquisição da empresa de software local Dextra . As partes não divulgaram o valor da transação.

“Esta é a nossa aquisição mais relevante e reflete um momento de mercado e uma questão estratégica”, disse o CEO da CI&T, Cesar Gon (na foto), à BNamericas sobre a compra da Dextra. O valor da transação não foi revelado.

“Achamos que o mercado de serviços de transformação digital é muito fragmentado e aquecido. E nossa visão é que agora, dado o tamanho que nossa empresa atingiu, podemos ser um pouco mais agressivos em nossa estratégia de crescimento inorgânico.”

A fragmentação na forma de um grande número de players com participação de mercado semelhante, oferece oportunidade para a CI&T se posicionar como um consolidador, principalmente no segmento de integração de serviços, disse Gon.

A empresa criou recentemente uma unidade especial para avaliar o potencial de fusões e aquisições sob três premissas: expansão geográfica, novas verticais ou fortalecimento de segmentos de negócios existentes e capital humano.

“As fusões e aquisições podem ser uma estratégia para acelerar nossa rede global de talentos”, disse Gon.

Embora não seja o principal fator, os investimentos de capital de risco não foram descartados e podem ser úteis para gerar inovação, segundo o executivo.

Dados compilados pela Transactional Track Record mostram que o setor de tecnologia foi responsável pelo maior número de 693 fusões e aquisições no Brasil nos primeiros cinco meses, aumentando 88% ano a ano para 287.

Olhando para os últimos 20 anos, a KPMG informou que o Brasil teve um número recorde de fusões e aquisições no 1T21: 375 transações, das quais 244 foram entre empresas locais.

O segmento mais movimentado foi o de tecnologia, com grandes empresas comprando startups, disse a KPMG, que fez a pesquisa com empresas de 43 setores.

Além de fusões e aquisições, Gon disse que a empresa poderia seguir os passos da rival Stefanini e lançar um IPO na bolsa de valores americana Nasdaq, possivelmente este ano.

PEGADA

A CI&T opera em sete países fora do Brasil: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Portugal, Japão, China e Austrália.

A América Latina atualmente não é um alvo para a empresa, mas Gon não descarta movimentos de M&A no futuro como forma de adquirir capital humano.

Para sua expansão, a CI&T aposta na continuidade da forte demanda por transformação digital, que foi acelerada pela pandemia COVID-19., Com a reabertura das economias e o relaxamento das medidas de distanciamento social, o executivo não vê desaceleração da demanda.

Serviços financeiros, bens de consumo, saúde e estilo de vida e varejo são os principais setores da empresa.

Seus maiores clientes incluem Cielo , Google , HP , Itaú , Bradesco , ABInbev Johnson & Johnson, Motorola , Nestlé, Porto Seguro , SulAmérica e Vivo .

A empresa não publica números de receita, mas CI&T viu crescimento de receita durante 26 meses consecutivos, de acordo com Gon.