Como o BNDES planeja tornar mais verde sua agenda de concessões

Depois de estruturar projetos de concessão em diversos segmentos de infraestrutura, como saneamento e rodovias, o banco de desenvolvimento brasileiro BNDES busca dar um toque verde à sua agenda, trabalhando em concessões para parques nacionais.

Este novo enfoque se depara com desafios relacionados a fatores ASG (ambientais, sociais e de governança).

“As concessões de parques nacionais não são concessões de saneamento ou rodovias. Os investidores interessados nessas concessões também devem assumir um compromisso para aumentar a consciência ambiental dos visitantes do parque e também atuar do lado do governo na preservação dessas grandes extensões de floresta e manter um bom relacionamento com as comunidades locais”, disse à BNamericas Cláudio Maretti, ex-presidente do ICMBio.

“Qualquer descumprimento disso pode prejudicar gravemente a imagem das empresas que assumem essas concessões, diante das crescentes demandas de investidores e líderes globais pelo cumprimento das melhores práticas ESG”, disse Maretti.

CONCESSÕES DE PARQUES

O Ministério do Meio Ambiente publicou nesta semana o edital de licitação para a concessão de 30 anos do Parque Nacional do Iguaçu (na foto).

A concessão do Iguaçu prevê investimentos de R$ 500 milhões (US$ 88 mi) em nova infraestrutura e R$ 3 bilhões para operações do parque durante o período do contrato.

O parque foi criado em 1939 com uma área de quase 200 mil ha.

O banco estatal disse que o edital incorpora aspectos relacionados à sustentabilidade financeira, preservação do meio ambiente e preocupação com as comunidades do entorno.

“A agenda de parques é preservação sim, mas também o fomento ao empreendedorismo e ao emprego verde capaz de gerar muita renda por todo o Brasil. A consequência dessa nova linha de negócios setoriais da indústria da economia verde é fazer do país uma potência global na governança de ativos ambientais”, afirmou o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, em nota.

No caso dos parques naturais, o BNDES busca replicar o sucesso das concessões que estruturou para outros segmentos de infraestrutura.

O BNDES assinou contrato com o ICMBio para estruturar as concessões de dez unidades de conservação ambiental.

A iniciativa vai revitalizar os parques nacionais de Brasília, Serra dos Órgãos, Serra da Bocaina, Anavilhanas, Jaú, Serra da Canastra, Serra do Cipó, Capra, além das florestas de Ipanema e Brasília.

“Acredito que o BNDES tenha hoje o maior portfólio para concessão de ativos ambientais do mundo. O que a gente está enxergando acontecer daqui a 2 ou 3 anos na agenda de ativos ambientais é o que já ocorre com a agenda do saneamento: um pipeline de projetos estruturados e visão de longo prazo para geração de oportunidades aos empreendedores”, disse Montezano.

APOIANDO GOVERNOS LOCAIS

Em conjunto com os parques federais, o BNDES também planeja ajudar os governos locais a estruturar as concessões dos parques.

O banco fechou contrato com Recife para estruturar a concessão de seis parques municipais.

“O Recife será um projeto-piloto para a atuação do BNDES na estruturação da concessão de parques municipais, com um grande potencial de difusão para todo o País”, disse Fábio Abrahão, diretor de concessões e privatizações do banco.