
Como uma desenvolvedora de parques industriais surfa a onda do nearshoring no México

Apesar de alguns especialistas rejeitarem a ideia do nearshoring e negarem que tal tendência esteja trazendo investimentos estrangeiros diversificados para o México, a promotora de parques industriais Finsa está confiante de que o fenômeno continuará a impulsionar os seus negócios e, em breve, anunciará a construção de mais dois parques industriais.
“A situação dos investidores e dos investimentos é positiva. Estamos vendo que os projetos continuam chegando, [as empresas] estão interessadas em assinar [contratos de leasing] no curto prazo e isso é uma grande vantagem para nós”, disse Claudio Zambrano, vice-presidente de desenvolvimento de negócios e relações públicas da Finsa, a repórteres durante um passeio pelo parque industrial Querétaro III – no qual a empresa já investiu cerca de US$ 50 milhões.
A Finsa desenvolveu 24 parques industriais e administra 3,7 milhões de m² de espaço industrial. Os clientes incluem empresas dos segmentos automotivo, logística e distribuição, eletroeletrônico, metal-mecânico, saúde, alimentos e bebidas e outros.
Em junho, Kenneth Smith Ramos, principal negociador do México na revisão do Acordo de Livre Comércio da América do Norte que levou à assinatura do acordo T-MEC, explicou à BNamericas que várias empresas chinesas analisaram primeiro o que aconteceria com as eleições de junho no país, depois analisam o ambiente eleitoral nos EUA para tomar decisões de mais longo prazo.
No entanto, a Finsa discorda e indica que o cenário político nos EUA ou no México não é algo que preocupe as empresas internacionais. Uma pesquisa que a empresa realiza trimestralmente entre 79 clientes mostrou que o panorama político dos dois países não está no topo da lista de suas preocupações, afirmou Zambrano.
“Ficamos muito surpresos porque, das 79 empresas entrevistadas em 17 mercados diferentes em todo o México, nenhuma está preocupada […]. O México não é realmente um risco para elas”, disse. “Em 2024 continuamos recebendo demanda de investidores e tudo em torno das eleições mexicanas e americanas não influencia isso.”
No entanto, as empresas internacionais parecem estar preocupadas com a taxa de câmbio – dada a recente valorização do peso mexicano –, com o aumento dos custos, as reformas fiscais e laborais, a disponibilidade de mão de obra no norte do país, as tarifas, o dumping e outras implicações geopolíticas e comerciais do atual cenário global.
A Finsa anunciou recentemente a construção de um parque industrial de 79 hectares em Monterrey, com capacidade para abrigar 20 empresas. Além disso, anunciará em breve a construção de mais dois parques, segundo Albertina Leal, vice-presidente de comunicação, imagem e estratégia da empresa.
Dados da Finsa mostram que os mercados mais dinâmicos do país estão localizados em cidades ao norte – como Monterrey, Tijuana, Saltillo, Juárez e Reynosa –, algumas das quais não têm espaço ou há pouca disponibilidade.
Uma opção, para Leal, é expandir as operações para a região sudeste – fortemente priorizada durante o governo de Andrés Manuel López Obrador – mas o plano levaria tempo devido à falta de infraestrutura na área.
“[O corredor interoceânico] é um projeto que nos interessa porque vemos todo o esforço que o governo mexicano está fazendo para desenvolver aquela área”, disse Leal durante entrevista coletiva. “As cadeias produtivas devem ser desenvolvidas em toda a região do Istmo [de Tehuantepec], as quais podem ser viáveis, mas não será uma questão de um ou dois anos, como foi dito inicialmente.”
Além dos 12 parques industriais que fazem parte do corredor interoceânico, a presidente eleita Claudia Sheinbaum prometeu desenvolver outros 100 em todo o país. A Finsa afirma que esta é uma meta ambiciosa, mas realista.
“O México tem 32 estados, então imagine cinco parques industriais por estado, seriam 160, então é razoável”, comentou Héctor Salas, diretor de novos negócios da Finsa para a região do Bajío, durante a coletiva de imprensa. “Teríamos que ver quão grandes são os investimentos. É um objetivo muito agressivo que implica que o governo e o setor privado terão de trabalhar juntos. Não é inviável.”
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