Conectividade energética com os EUA seria a chave para o sucesso do nearshoring no México

Se quiser aproveitar as oportunidades do nearshoring, será fundamental que o México aumente a conectividade energética com os Estados Unidos, apontaram especialistas em um webinar na semana passada.

Embora o México importe cerca de 70% de seu gás natural dos EUA por gasodutos, quase não há comércio de eletricidade entre os dois países.

No webinar organizado pelo Atlantic Council Global Energy Center, think tank sediado em Washington, os palestrantes destacaram que o México está muito atrás do Canadá na integração do seu mercado de eletricidade com os Estados Unidos.

“Uma das áreas onde não vimos integração é o mercado de eletricidade”, disse Liliana Diaz, professora adjunta do programa de estudos latino-americanos da Universidade Johns Hopkins. “Há uma grande oportunidade nessa área.”

Com o aumento das conexões com os EUA, os estados do norte do México poderiam importar energia limpa do Texas para atender ao aumento na demanda de energia, que vem sendo impulsionada pelos investimentos do nearshoring, segundo Diaz.

“Isso criaria um ciclo virtuoso para a segurança energética, […] trazendo mais desenvolvimento econômico para a região.”

Com seus abundantes recursos solares e eólicos, o México também poderia exportar energia limpa para os Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, Diaz espera que o governo mexicano continue priorizando o desenvolvimento da infraestrutura de gasodutos necessária para levar o combustível dos estados do norte para o sul do país.

ENERGIA LIMPA E SOBERANIA ENERGÉTICA

Diaz acredita que a administração de Claudia Sheinbaum se concentrará no desenvolvimento de recursos renováveis e na preservação da soberania energética.

“Provavelmente veremos uma estratégia energética muito bem elaborada no futuro, que equilibrará esses dois objetivos, promovendo a incorporação da energia renovável e mantendo a segurança energética como o principal.”

Sheinbaum, que substitui o presidente Andrés Manuel López Obrador a partir do dia 1º de outubro, prometeu acelerar a transição energética do México e instalar cerca de 80 GW de energia limpa.

Como a comissão federal de eletricidade CFE e a estatal Pemex estão enfrentando dificuldades financeiras, Sheinbaum precisará da participação do setor privado para atingir suas metas de energia renovável, lembrou Diaz.

REGULAMENTAÇÃO

As diferenças entre as estruturas regulatórias da América do Norte estão impedindo a cooperação energética e o comércio internacional de energia, segundo o think tank.

Em um relatório de pesquisa relacionado ao webinar, o Atlantic Council Global Energy Center pediu uma simplificação dos processos de licenciamento e autorização nos EUA, México e Canadá.

“A expansão de uma rede integrada de energia limpa e o aumento do comércio de energia convencional exigirá uma colaboração estreita em termos de licenciamento e estruturas regulatórias”, aponta relatório.

“Facilitar o comércio transfronteiriço de energia por meio de regulamentações alinhadas e processos simplificados aumentaria a integração do mercado e garantiria o fluxo eficiente de recursos energéticos em todo o continente.”

O relatório completo, em inglês, está disponível na caixa Documentos, no canto superior direito da tela.