Construção do aeroporto peruano de Chinchero avança em meio a incertezas

O Aeroporto Internacional de Chinchero (AICC), projeto peruano de US$ 682 milhões para atender o centro turístico de Cusco, continua avançando com as obras após resolver as polêmicas entre o Ministério dos Transportes (MTC) e o consórcio construtor Natividad. No entanto, a incerteza permanece e novos conflitos poderão surgir.

Segundo um especialista do setor, a Natividad procurará assegurar – por meio de um acordo-quadro – a construção do terminal de passageiros e da cerca perimetral, enquanto o MTC já se comprometeu a fornecer adiantamentos de até para US$ 40 milhões quantas vezes forem necessárias para ter fluxo de caixa.

Quanto às obras restantes – são oito pacotes de construção no total –, a continuidade de Natividad não está garantida.

“Atualmente, estão sendo feitos apenas progressos na cerca perimetral e estamos aguardando a confirmação do terminal. Ambas são obras que já devem ter um bom percentual de andamento”, afirmou o especialista, que atua no projeto.

O Consorcio Natividad é formado pela sul-coreana Hyundai Engineering & Construction, pela chinesa Sinohydro Corporation, pela mexicana ICA Constructora e pela peruana HV Contratistas. O grupo assumiu o projeto após o contrato com a concessionária anterior, a Kuntur Wasi, ter sido dissolvido em 2017.

Segundo a Controladoria-Geral do Peru, a construção do AICC atrasou 47% em meados de junho e não será entregue na data originalmente acordada, em julho de 2025. O atraso motivou uma forte disputa em que o MTC estava próximo de finalizar o contrato com a Natividad.

O ministério teria recuado a decisão por receio político e falta de capacidade para gerir possíveis conflitos sociais.

O FUTURO

Embora a situação esteja fria, as probabilidades de o relacionamento entre Natividad e CTM terminar são altas. Segundo o especialista, as entidades técnicas do MTC – autarquias abaixo do Vice-Ministro dos Transportes – não estão satisfeitas com o trabalho da Natividad e seria uma questão de tempo até optarem por uma nova empreiteira.

“As coordenações querem  resolver o contrato porque sabem que não vão chegar a lugar nenhum com a Natividad. Com a saída dos titulares da pasta – o ministro Raúl Pérez Reyes – é provável que o problema volte a surgir”, comentou a fonte.

O MTC apresentou recentemente um relatório técnico de apoio ao regulador ambiental Senace, no qual propõe obras de US$ 250 mil para garantir o fluxo de água na construção e operação do AICC. No relatório, o ministério confirma que a obra será entregue no quarto trimestre de 2025, embora isso não seja possível.

“Neste ritmo, e sendo optimista, o AICC só estará pronto em 2030”, concluiu o especialista.