Data insights: capex de geração a gás enfrentará queda acentuada no México

O investimento em nova capacidade de geração a gás no México deve cair em 2025, de acordo com o banco de dados da BNamericas, que acompanha projetos de energia em todo o país.

A estatal de energia elétrica CFE é a única empresa que está investindo em usinas a gás no México, conforme mostra o banco de dados. Isso reflete a decisão do presidente em fim de mandato Andrés Manuel López Obrador de aumentar o papel da CFE no mercado de eletricidade e limitar a participação de produtores de energia independentes.

Em um momento de crescente demanda por eletricidade, os dados indicam que o México pode enfrentar escassez de energia como resultado dessa política.

De acordo com a Secretaria da Energia (Sener), a demanda mexicana por eletricidade aumentará em média 2,4% ao ano de 2024 a 2038, em parte impulsionada pelo boom do nearshoring. Dado que a demanda por eletricidade aumentou 3,8% em 2023, os analistas acreditam que essa estimativa pode ser conservadora.

O banco de dados mostra que, após atingir o pico em 2024 e 2025, quando cerca de 7.000 MW de capacidade entrarão em operação, haverá uma queda acentuada na nova capacidade a gás na segunda metade da década.

Esses números não incluem as 12 usinas de ciclo combinado e um parque eólico que a CFE adquiriu da espanhola Iberdrola a pedido de López Obrador no início de 2024, sob um custo de US$ 6,2 bilhões.

Capex em queda

Em termos de despesas de capital, o investimento em usinas a gás atingirá o pico em 2024, com US$ 3,2 bilhões, antes de cair para menos de US$ 1 bilhão em 2026, conforme mostra o banco de dados.

López Obrador reservou pelo menos 54% do mercado de geração de eletricidade para a CFE, com o restante destinado aos produtores independentes. Sua sucessora, a presidente eleita Claudia Sheinbaum, afirmou que dará continuidade a essa política quando assumir o cargo em 1º de outubro.

A CFE está concentrando seus investimentos em geração em áreas propensas à escassez de energia, como Baja Califórnia e a Península de Yucatán.

Duas das maiores usinas da CFE, que entrarão em operação nos próximos meses, ficarão na península de Yucatán, com uma usina de ciclo combinado de 499 MW programada para começar a operar em novembro deste ano, seguida por uma usina de 1.020 MW em janeiro de 2025. As duas instalações, Mérida IV e Valladolid I, estão sendo construídas por um consórcio liderado pela Mitsubishi Power, com um investimento total de US$ 1,2 bilhão.

A CFE também está construindo novas usinas de ciclo combinado no centro do México e nos estados costeiros de Sonora, Baja Califórnia e Veracruz.

No total, a empresa está investindo cerca de US$ 6 bilhões em 10 usinas de ciclo combinado e duas usinas de combustão, adicionando aproximadamente 7.000 MW de nova capacidade. Em julho, três dessas usinas estavam em operação e o progresso das demais variava entre 76% e 98%.

Energia renovável em atraso

Sem planos aparentes para novas usinas a gás no final da década, os dados sugerem que o México precisará aumentar o investimento em energia renovável para atender ao crescimento previsto na demanda por eletricidade.

Embora López Obrador tenha cancelado leilões para novas usinas de energia renovável, a ex-cientista climática Sheinbaum disse que trabalhará com o setor privado para acelerar a transição energética do México.

Por sua vez, a CFE está investindo US$ 3,2 bilhões em projetos de energia limpa, ou 35% de seu investimento total em geração, enquanto o restante é voltado para usinas a gás. No final do segundo trimestre, mais de 60% de sua capacidade de geração era movida a gás, de acordo com uma apresentação de investidores.

Da capacidade de geração da CFE, 32% provêm de fontes renováveis, incluindo hidrelétrica e nuclear. No entanto, a energia renovável contribuiu com menos de 19% da produção de energia da empresa no segundo trimestre, e a energia eólica e solar representaram apenas 6,2%.