Data Insight: os principais projetos de lítio do Brasil

Embora o preço do lítio tenha sido volátil em 2024, os projetos no Brasil vêm avançando e a expectativa é que continuem assim em 2025.

“Apesar de haver forças opostas, acredito que, no final das contas, há uma tendência mais positiva para o mercado de lítio e para os minerais associados à transição energética do que forças contrárias”, disse à BNamericas o consultor de mineração Pedro Galdi. Para ele, o principal obstáculo que os minerais enfrentarão na transição energética será provavelmente o governo Donald Trump, que deverá se concentrar mais na indústria do petróleo do que na energia limpa.

“Claro que estamos falando do país mais rico do mundo, mas acho que mesmo Trump, utilizando todo seu poder como presidente dos EUA, não será capaz de reverter a tendência global associada à transição energética. Podemos talvez ver algum atraso na tendência, mas não uma reversão”, acrescentou Galdi.

De qualquer maneira, os projetos no Brasil estão progredindo.

A Sigma Lithium, proprietária do projeto Grota do Cirilo, em Minas Gerais, anunciou no início de dezembro que a mina atingiu a capacidade máxima a uma taxa anual de 270 mil toneladas de concentrado de lítio, ou cerca de 37 mil t/a (toneladas por ano) de carbonato de lítio equivalente (CLE).

Recentemente, a empresa anunciou ter recebido três licenças ambientais para sua mina de Barreiro. Trata-se da segunda mina dentro da propriedade Grota do Cirilo, e o plano é integrá-la para abastecer sua planta industrial nos próximos anos.

As licenças que a empresa obteve são: operacional, preliminar e de instalação.

“Este marco significativo garante as operações de mineração contínuas de longo prazo e o fornecimento de matéria-prima de minério de espodumênio para a planta industrial Greentech da empresa durante o prazo de 16 anos do financiamento do BNDES”, disse a Sigma em um comunicado. Em agosto, o banco de desenvolvimento autorizou financiamento de R$ 487 milhões (US$ 78,5 mi) para a Sigma “para implementar uma unidade de beneficiamento de lítio”.

As expansões da Grota do Cirilo estão planejadas para levar a produção para 920 mil t/a – ou 125 mil toneladas de CLE – até o final de 2026.

Há também outras iniciativas de lítio no Brasil avançando. A seguir, a BNamericas analisa os principais projetos usando a ferramenta Forecast do nosso banco de dados de projetos. Todos os projetos estão em Minas Gerais.

Itinga (depósitos Bandeira e Outro Lado)

A júnior canadense Lithium Ionic anunciou recentemente o início dos serviços de engenharia, aquisição e gerenciamento de construção para seu projeto de lítio Bandeira.

A Hatch foi contratada pelos serviços de engenharia e design do projeto, enquanto a brasileira Reta Engenharia foi selecionada para fornecer serviços de gerenciamento de construção.

Segundo o banco de dados da BNamericas, a construção do projeto, com investimento estimado em US$ 266 milhões, deve começar no terceiro trimestre do próximo ano, com as operações previstas para o terceiro trimestre de 2026.

Além disso, a empresa recebeu uma carta de interesse não vinculativa do Export-Import Bank dos EUA para fornecer financiamento total da dívida para o projeto.

De acordo com um estudo de viabilidade de maio de 2024, o depósito Bandeira é uma mina potencial de 14 anos, produzindo 178 mil t/a de concentrado de espodumênio.

Salinas (depósito de Colina)

A australiana Pilbara Minerals da Austrália planeja investir até US$ 313 milhões no projeto de lítio Salinas. Em agosto, a empresa anunciou uma transação de US$ 370 milhões em ações para adquirir a Latin Resources Limited, proprietária do projeto.

Segundo o banco de dados da BNamericas, o projeto está em construção desde o primeiro trimestre de 2024, e a entrada em operação está prevista para o segundo trimestre de 2026.

Uma avaliação econômica preliminar anunciada pela Latin Resources em setembro de 2023 delineou o potencial de Salinas ser desenvolvido em duas etapas para produzir um concentrado médio anual de espodumênio de cerca de 499 mil toneladas.

Neves

A empresa norte-americana de exploração Atlas Lithium recebeu em outubro a licença de operação para seu projeto Neves.

A iniciativa requer um investimento estimado de US$ 49,5 milhões.

Com construção prevista para o primeiro trimestre do próximo ano e início das operações no terceiro trimestre de 2025, a capacidade nominal prevista é de até 150 mil t/a de concentrado de espodumênio.