DE-CIX escolhe Elea Data Centers para expansão na América do Sul

A operadora alemã de interconectividade DE-CIX, considerada a principal provedora de troca de internet do mundo, selecionou a brasileira Data Centers Elea para hospedar seus locais na América do Sul, apurou a BNamericas.

Os novos pontos de troca de internet (na sigla em inglês, IXPs), serão implantados nos datacenters da Elea em São Paulo (SPO1) e Rio de Janeiro (RJO1), e estão programados para entrar em operação no início de 2025.

“Nossa conversa com eles começou há bastante tempo. Eles já estavam em vários mercados e não fazia nenhum sentido não estarem ainda no Brasil”, disse à BNamericas o CRO da Elea Data Centers, Tito Costa.

A expectativa é que novos IXPs da DE-CIX sejam instalados posteriormente. A Elea não tem exclusividade com o grupo alemão, que pode escolher datacenters de outras empresas.

Porto Alegre, onde a Elea tem dois sites, foi inicialmente considerada para sediar os IXPs da DE-CIX, segundo o CRO. No entanto, as enchentes na cidade no início deste ano, as quais afetaram as operações de vários datacenters na área, levaram a uma mudança nos planos.

Para a Elea, a parceria com a DE-CIX fortalece sua posição como uma plataforma neutra de datacenters na América do Sul, fornecendo interconexão automatizada, peering de alta velocidade e baixa latência.

Atualmente, a Elea opera nove datacenters no Brasil. Além de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, a empresa possui unidades em operação ou em desenvolvimento em Brasília, Curitiba e Fortaleza, além de outras duas na região metropolitana de São Paulo: Barueri e São Bernardo do Campo.

A empresa relata mais de 150 clientes e mais de 400 MW entre capacidade operacional e planejada para os datacenters, com R$ 2 bilhões (US$ 366 mi) em investimentos comprometidos até o momento.

A empresa é controlada pela Piemonte Holding e tem o Goldman Sachs como principal investidor.

EXPANSÃO NA AMÉRICA LATINA

Em 2023, a DE-CIX chegou à América Latina por meio de uma estrutura de troca de internet distribuída na Cidade do México e Santiago de Querétaro. Hospedados nos datacenters da KIO, esses IXPs entraram no ar este ano.

“Há vários mercados na região com potencial. A América Latina está no radar para nós há algum tempo, e certamente estamos avaliando quais serão nossos próximos passos na região”, afirmou à BNamericas na época Ivo Ivanov, CEO e presidente do conselho da DE-CIX.

Assim como no México, os locais da DE-CIX no Brasil serão integrados ao ecossistema global da empresa, fornecendo uma plataforma de interconexão de alto desempenho para provedores de serviços de internet, redes de distribuição de conteúdo, operadoras, provedores de serviços de nuvem e empresas em geral.

A DE-CIX relata mais de 50 IXPs implantados em todo o mundo. Ela afirma ter 3.377 números de sistema autônomo (na sigla em inglês, ASNs) conectados em tais pontos, trocando tráfego entre si. A DE-CIX também informa que sua rede global tem capacidade de 161 terabits, com um pico registrado de 23,5 Tbps.

ASNs são semelhantes a um número de telefone principal. É por meio deles que as empresas se conectam e compartilham conteúdo no mundo todo. O Brasil já tem uma das estruturas de troca de internet mais movimentadas do mundo e uma grande base de ASNs.

O serviço nacional IX.br, gerenciado pelo NIC.br – serviço brasileiro de troca de tráfego de internet –, conecta mais de 3.500 ASNs por meio de 36 IXPs distribuídos em áreas metropolitanas por todo o país.

Em fevereiro, o IXP de São Paulo, que o NIC.br afirma ser o líder global em volume de troca de tráfego e número de participantes, atingiu um pico de 23 Tbps. Esta semana, o NIC.br contratou a Nokia para atualizar sua capacidade de rede.

Costa não vê a DE-CIX como concorrente do IX.br, ao qual a Elea também fornece acesso.

“Pelo contrário. A nossa visão é a de que uma vai estimular o crescimento da outra. Estas plataformas de trocas de tráfego trazem benefício ao país em termos de latência, conteúdo, conectividade”, comentou.

O objetivo da Elea é se tornar o DE-CIX IXP mais rápido do mundo, com 100 participantes nessas estruturas em 18 meses.