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Desafios enfrentados pelos projetos de dessalinização nas mineradoras chilenas

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Desafios enfrentados pelos projetos de dessalinização nas mineradoras chilenas

A falta de regulamentações específicas sobre a dessalinização da água do mar no Chile, entre outras dificuldades como a ecologia marinha, estão pressionando as empresas mineradoras que buscam instalar ou otimizar suas plantas. 

Das 24 dessalinizadoras em operação no país, 85% pertencem ao setor mineral. Existem também sete projetos em fase de viabilidade e doze em outras etapas de desenvolvimento.

No entanto, a mineração demanda mais água. A agência mineradora Cochilco prevê que o consumo hídrico crescerá a uma taxa anual de 2,3% entre 2022 e 2034, à medida que a mineração de cobre continue a se mover em direção a minérios de sulfeto e processos mais intensivos em água, como a flotação, devido ao esgotamento dos minérios oxidados.

Até 2034, quase 70% do suprimento de água deverá vir do oceano, segundo a Cochilco. Empresas como BHP em Escondida, Lundin Mining em Candelaria, Mantos Copper em Mantoverde, Antofagasta Minerals em Centinela e Antucoya, e Minera Las Cenizas estão operando com água do mar e possuem planos de expansão.

Outros participantes do setor estão interessados em seguir essa tendência de redução do uso de água continental, porém enfrentam diversos desafios.

INDÚSTRIA NÃO REGULADA

No Chile não existe uma regulamentação especial sobre a dessalinização, e as concessões marítimas servem apenas para autorizar a execução de obras, não sendo um título que permita a extração de água do oceano. 

Esses motivos sustentam o debate no Senado em torno de um projeto de lei que busca regular a água do mar para dessalinização, criar uma estratégia nacional, definir prioridades no consumo e determinar as áreas onde novos projetos poderão ser implementados.

Outros aspectos importantes são:

– Criar uma tipologia única de entrada no Serviço de Avaliação Ambiental os projetos de extração de água do mar e dessalinização de caráter industrial.

– Incorporar usinas de dessalinização na Lei de Planejamento Urbano e Construção no que diz respeito a licenças de construção e identificação de redes, rotas e tubulações.

– Garantir a disponibilidade de água para as comunidades vizinhas com uma reserva de capacidade de até 5% dos projetos industriais.

Para consultar mais detalhes da proposta legislativa, baixe a apresentação da Associação Chilena de Dessalinização na seção Documentos no lado direito da tela.

O projeto legislativo está sendo revisado na comissão de recursos hídricos do Senado e provavelmente será aprovado, visto que no Chile, mais de 60% da superfície e mais de 70% da população estão sob estresse hídrico, segundo um relatório da Câmara.

DESAFIOS ADICIONAIS

À incorporação de tecnologias para enfrentar as mudanças no ambiente marinho – como aumento da temperatura, variação da salinidade, a descarga de nutrientes, fertilizantes ou águas residuais, e o crescimento sazonal de algas e águas-vivas – se somariam os possíveis impactos de outras regulamentações.

A Lei nº 20.249, conhecida como Lei Lafkenche, busca proteger o espaço marinho costeiro para uso legítimo dos povos indígenas. No entanto, poderá ser utilizada indevidamente por outros grupos para impedir projetos de investimento, advertem representantes do setor.

Nicolás Calderón, sócio da área de mudanças climáticas e sustentabilidade da consultoria EY, explicou à BNamericas que é fundamental avançar no estabelecimento de critérios claros que definam o pertencimento aos povos indígenas e garantam o uso adequado do espaço costeiro.

“Embora a lei seja um bom passo nos direitos dos povos indígenas, é importante avançar para uma gestão do espaço costeiro que seja flexível e sustentável, de modo que haja um equilíbrio entre a proteção das tradições indígenas e a possibilidade de desenvolvimento de projetos de investimento”, disse.

Calderón defende que a educação sobre a conservação costeira seja fornecida “com a participação das comunidades indígenas e da comunidade em geral, e que seja fornecido um marco claro para o investimento, com instâncias de resolução de conflitos e sistemas de monitorização ambiental e cultural”.

PROJETO DE DESSALINIZAÇÃO

A estatal chilena de cobre Codelco está construindo uma usina de dessalinização na região de Antofagasta com um investimento superior a US$ 1 bilhão. A planta utilizará tecnologia de osmose reversa e terá capacidade inicial de 840 l/s (litros por segundo), visando abastecer as operações Chuquicamata, Ministro Hales e Radomiro Tomic da Codelco a partir de 2026. Há planos em carteira para uma expansão futura para 1.956 l/s.

O sistema de captação e distribuição de água é construído pelo consórcio Aguas Horizonte em modalidade contratual que envolve a operação e posterior repasse para a Codelco, enquanto a engenharia, compras e construção ficam a cargo da Techint Ingeniería y Construcción.

A Techint descreveu o projeto como “uma das obras mais complexas tecnicamente” em seus mais de 70 anos no Chile.

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