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Destaque: a fusão da chilena Bicecorp com o Grupo Security

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Destaque: a fusão da chilena Bicecorp com o Grupo Security

As holdings chilenas Bicecorp e Grupo Security foram grandes manchetes em janeiro, ao anunciarem o seu plano de fusão para criar um grupo de serviços financeiros com US$ 43 bilhões de dólares em ativos e mais de 2,4 milhões de clientes.

A operação está atualmente em fase de diligência, devendo ser concluída durante o segundo semestre de 2024 e totalmente implementada em 2025.

A fusão fará com que a Bicecorp absorva a Security após aprovações regulatórias e uma oferta pública de aquisição de 100% das ações desta última.

A Bicecorp e a Security decidiram unir forças por vários motivos: reforçar sua quota de mercado e a já forte posição de capital, aumentar a diversificação de negócios e produtos, acelerar a transformação digital dos seus negócios, reduzir os custos de financiamento locais e internacionais por meio de um balanço maior – e tirar partido do que consideram culturas empresariais semelhantes.

A BNamericas analisa alguns dos principais riscos e impactos da fusão com insights de dois diretores de agências de classificação.

RISCOS REGULATÓRIOS E DE EXECUÇÃO

As principais aprovações regulatórias que terão de ser obtidas para que a fusão avance virão da Comissão para o Mercado Financeiro do Chile (CMF) e da autoridade de concorrência FNE.

Em teleconferência recente sobre os resultados do primeiro trimestre, os executivos da Security disseram que os pedidos foram apresentados e esperam que as aprovações sejam concedidas no segundo semestre, de modo que o acordo possa ser finalizado este ano.

A Fitch Ratings não espera que o negócio enfrente grandes riscos regulatórios, já que a maior subsidiária do grupo resultante da fusão, o banco combinado, não será grande o suficiente para ser considerada sistemicamente importante, segundo Abraham Martínez, diretor de bancos latino-americanos da agência.

“A fusão apresentaria problemas se as entidades reguladoras que avaliam o caso considerassem que ela prejudica a livre concorrência ou tem efeitos negativos sobre os clientes. Não temos registros que deem qualquer indicação de que algo assim possa acontecer com esta operação”, afirma Pablo Galleguillos, diretor sênior de instituições financeiras da agência de classificação local ICR Clasificadora de Riesgo, uma afiliada da Moody's Investors Service.

Dado que tanto a Security como a Bicecorp têm negócios no Peru, as mudanças de propriedade destas subsidiárias também exigirão aprovações do Indecopi, instituto peruano de regulação da concorrência, bem como da Superintendência de Bancos e Seguros (SBS).

No país andino, a Security possui a seguradora Protecta e uma agência de viagens focada no segmento corporativo, enquanto a Bicecorp possui um negócio de financiamento de veículos criado em 2023. A Protecta é a oitava maior seguradora geral e o maior player no segmento de anuidades vitalícias.

Galleguillos comentou à BNamericas que os riscos de execução da fusão estão principalmente ligados à integração de diferentes culturas organizacionais e sistemas operacionais, “semelhante ao que ocorreu com outras fusões na indústria, principalmente no setor bancário”.

Martínez afirma que os riscos de execução não são muito elevados, dado que os dois grupos têm estratégias, negócios e culturas corporativas relativamente semelhantes. “No entanto, a Fitch irá explorar mais a fundo se poderá haver quaisquer sobreposições materiais na concentração de mutuários, setores ou depositantes que possam representar um desafio em uma fase pós-integração”, acrescentou.

IMPACTO DA FUSÃO

A fusão não terá impacto significativo nos demais setores empresariais, pois os grupos envolvidos não são grandes o suficiente para causar tal efeito, segundo Martínez.

No sistema financeiro, o principal impacto será observado nos setores bancário e de seguros, bem como na indústria de gestão de ativos. As unidades bancárias são as subsidiárias mais importantes de ambos os grupos em termos de ativos e geração de lucros.

Indústria bancária  

No setor bancário, estas subsidiárias são intervenientes de média dimensão, com o Banco Bice em sétimo lugar e o Banco Security logo atrás, em oitavo.

O banco resultante da fusão terá uma participação no mercado de crédito de quase 7% e não ultrapassará a sétima posição, pois há uma grande distância em relação aos seis maiores bancos, sendo o rival mais próximo o Itaú, na sexta posição, com cerca de 9,5%.

Santander, Banco de Chile, BancoEstado, Bci e Scotiabank são os cinco maiores players do setor.

Tanto a Bicecorp como a Security têm um forte foco no crédito a empresas, sendo que no segmento de crédito comercial o banco resultante da fusão terá uma fatia maior, de cerca de 10%.

Com relação à possibilidade de mais fusões e aquisições no setor bancário, Martínez acredita que o setor chileno tem um elevado grau de concentração, com os 5 principais bancos detendo cerca de 77% dos ativos do setor doméstico em 2023, e poucos pequenos intervenientes restantes como potenciais alvos de aquisição.

Setor de seguros

Na indústria de seguros de vida, a fusão terá um grande impacto, uma vez que as subsidiárias combinadas dos grupos subirão vários lugares no ranking.

A Bice Vida ocupa atualmente a sexta posição e a Vida Security ocupa a oitava, em termos de prêmios emitidos diretamente. A fusão fará com que a nova empresa suba para o quarto lugar, atrás de Penta, Consorcio e da líder MetLife.

No segmento de renda vitalícia, Bice Vida e Vida Security também ocupam a sexta e sétima posição e, juntas, subirão para a terceira posição, atrás de Consorcio e MetLife.

Já quanto à situação no segmento de anuidades, Galleguillos crê que este se encontra numa fase de consolidação, com algumas empresas saindo, enquanto outros agentes de maior dimensão prosseguem estratégias de crescimento inorgânico.

Outros negócios

Ao combinar suas forças, Bicecorp e Security também farão progressos no setor de gestão de ativos, no qual se tornarão o quarto maior player de fundos mútuos, subindo do sexto e oitavo lugares anteriores.

Ambos os grupos têm também uma série de outras subsidiárias que fornecem diferentes tipos de financiamento e serviços de gestão de ativos e patrimônio, os quais irão comandar uma maior fatia de mercado como resultado da fusão.

RESULTADOS DO 1º TRI

Bicecorp e Grupo Security registraram crescimento de lucros ano a ano no primeiro trimestre.

Os lucros da Bicecorp totalizaram 73,8 bilhões de pesos (US$ 81,3 mi), representando um aumento interanual de 113%.

A forte expansão foi impulsionada pelo desempenho da Bice Vida, que aumentou o seu lucro líquido de 3 bilhões para 36,7 bilhões de pesos, e pelo crescimento dos lucros do Banco Bice em 16,6%, registrando 38,5 mil milhões de pesos.

O retorno sobre patrimônio (na sigla em inglês, ROE) do grupo no primeiro trimestre foi de 21%, em comparação com 10,5% no mesmo período do ano passado.

A Security aumentou seus lucros do primeiro trimestre em 7%, para 45,3 bilhões de pesos.

O resultado mostrou a grande importância do Banco Security para o grupo, com faturamento de 44,5 bilhões de pesos, um aumento interanual de 2,1%.

A Vida Security teve um trimestre ruim e viu os lucros caírem 19,3%, para 10,1 bilhões de pesos.

O ROE em todo o grupo foi de 17,4% no primeiro trimestre, em comparação com 18,5% no ano anterior.

DETALHES DA FUSÃO

O acordo anunciado em janeiro foi alcançado pela Bicecorp e seu controlador Forestal O'Higgins, com um grupo de acionistas detentores de 65,2% do capital votante do Grupo Security.

Após novas negociações, as partes assinaram um acordo final de compra de ações em 10 de abril, e um processo de diligência de 60 dias foi iniciado em 17 de abril.

Após as aprovações regulatórias, será lançada uma oferta pública de aquisição de 100% das ações do Grupo Security, com a Forestal O'Higgins pagando 20% das ações em dinheiro (a 285 pesos por ação) e 80% serão trocados por ações recém-emitidas da Bicecorp. A transação avalia a Bicecorp em cerca de US$ 1,88 bilhão e a Security em US$ 1,25 bilhão.

Para ser considerada um sucesso, a oferta deve obter uma taxa de aceitação mínima de 62% dos acionistas da Security.

A Forestal O'Higgins é a holding da família local Matte, com interesses em uma ampla gama de setores, incluindo serviços financeiros, telecomunicações, energia, mineração e indústria de papel e celulose.

Após a conclusão da OPA, a Forestal O'Higgins passará a controlar a Bicecorp com uma participação acionária de cerca de 68%.

Os acionistas que atualmente detêm 65,2% do capital votante da Security terão o direito de eleger três conselheiros por seis anos após a incorporação, desde que mantenham participação acionária igual ou superior a 20%. As partes também concordaram com um índice de distribuição de dividendos de 50% do lucro líquido da Bicecorp durante os primeiros três anos após a fusão.

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