Destaque: a transformação digital da Vale

A gigante brasileira da mineração Vale continua avançando em projetos de transformação digital para ganhar eficiência, reduzir custos e aprimorar processos de mineração.

Os investimentos em inovação e soluções digitais compõem um dos quatro pilares do projeto da Vale para 2030.

Ao todo, o guidance de investimentos da Vale para este ano é de US$ 6,3 bilhões a US$ 6,5 bilhões, incluindo tecnologia e inovação.

No terceiro trimestre de 2024, o capex foi de US$ 1,38 bilhão, queda de 5% em relação ao ano anterior, mas os investimentos acumulados até setembro cresceram 8%, para US$ 4,12 bilhões.

Na área de tecnologia, os seis focos de investimento da empresa são segurança operacional, barragens, descarbonização, cadeia de suprimentos, força de trabalho digital e inclusão digital.

Do ponto de vista operacional, uma das maiores prioridades é automatizar ao máximo as operações de campo para ajudar a reduzir custos e melhorar a segurança no local de trabalho.

A BNamericas traz uma atualização sobre algumas das principais iniciativas da empresa.

VALE VENTURES

Como parte da transição ecológica, o Vale Ventures, braço de venture capital da mineradora, anunciou um investimento minoritário na startup Mantel, sediada em Boston, desenvolvedora de uma nova tecnologia de captura de carbono.

Segundo a Vale, a solução tem potencial para contribuir para a descarbonização da indústria pesada no Brasil, em especial os setores de mineração e siderurgia.

O investimento da Vale incluiu a rodada série A de US$ 30 milhões da startup, que foi liderada pela Shell Ventures e Eni Next. A contribuição específica da Vale não foi divulgada.

Este foi o terceiro investimento do Vale Ventures, que em 2022 comprometeu um capital de US$ 100 milhões para o desenvolvimento de soluções para os setores de mineração e metais.

Além da Mantel, o veículo de venture capital investiu na startup de biologia Allonia e na Boston Electrometallurgical Company, cujo objetivo é desenvolver uma tecnologia focada na descarbonização do aço.

Ainda em 2023, o Vale Ventures destinou outros R$ 13 milhões (US$ 2,2 milhões) para fundos de venture capital, representados pelo Evok Fund II Limited Partnership e pelo Cathay Innovation Global Fund III.

A Vale também faz parte da iniciativa global Mining Hub, que reúne 24 empresas de mineração, 700 startups e 15 grandes fornecedores em 22 países.

O hub realizou 90 provas de conceito e facilitou 20 contratos entre empresas de mineração e startups.

MINERAÇÃO INTELIGENTE

Com a Nokia, sua parceira de longa data em tecnologias de rede, a Vale está desenvolvendo uma operação de mineração mais “inteligente”.

A fornecedora finlandesa de telecomunicações assinou um acordo para implantar um serviço de monitoramento cognitivo de redes e um gêmeo digital para a Vale.

“O projeto tem vários elementos, passando por hardware, software e outras camadas. A ideia básica é passar de uma mina conectada para uma mina cognitiva”, disse à BNamericas Lelio Di Martino, diretor de pesquisa de aplicações de rede da Nokia Bell Labs, em outubro.

O projeto está sendo implementado em Carajás, no estado do Pará – a maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo – e pode ser incorporado a outras minas da Vale dentro e fora do Brasil.

A Bell Labs desenvolveu um protótipo de hardware para a Vale com o tamanho semelhante ao de um roteador. O protótipo se concentra em recursos de inteligência artificial (IA) e gerenciamento de rede.

O serviço de monitoramento cognitivo de redes deve melhorar o desempenho, a confiabilidade e a segurança das operações de mineração utilizando dados de sistemas de produção de minas, incluindo caminhões de transporte e perfuradores autônomos, e relacionando-os aos KPIs (indicadores-chave de desempenho) da rede.

AUTOMAÇÃO

A automação geral de tarefas repetitivas e manuais em operações de back-office e front-end também é um dos focos da empresa.

Márcio Lebrão, presidente da Automation Anywhere, empresa californiana especialista em automação robótica de processos (RPA, na sigla em inglês), no Brasil, disse recentemente à BNamericas que a companhia tem mais de 350 processos de automação em produção com a Vale.

Segundo Lebrão, a automação orientada por IA aumentou a produtividade e ajudou a Vale a reduzir custos em cerca de US$ 2 milhões.

REDE PRIVADA

A Nokia e a Telefônica Brasil são as fornecedoras de uma rede 4G privada para apoiar as operações autônomas de mineração da Vale.

A rede também está focada em Carajás, mas não se limita a esse projeto.

Em 2019, a mineradora contratou as companhias para a instalação de redes 4G dedicadas, que poderiam ser atualizadas para 5G em alguns de seus principais sites.

Agora, a Vale tem 31 sites de LTE implantados.

Este projeto de conectividade estabeleceu as bases para a automação das operações de mineração da Vale e o uso de veículos autônomos, entre outras iniciativas. A Vale tem cerca de 90 caminhões autônomos em operação.

Em setembro de 2023, como parte desse projeto de rede, a mineradora anunciou a implantação do 4G na ferrovia de Carajás, que liga os estados do Maranhão e do Pará, passando por 28 localidades.

A iniciativa inclui a instalação de 49 novas torres e a ativação do sinal em outras 27 que já foram implantados ao longo da rota, além da aquisição e instalação de novos equipamentos.