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Destaque: as propostas das duas principais candidatas à presidência do México

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Destaque: as propostas das duas principais candidatas à presidência do México

Os mexicanos vão às urnas no domingo, na maior eleição geral de sua história, escolhendo presidente, 128 senadores, 500 deputados e 19 mil autoridades locais, incluindo oito governadores e o prefeito da Cidade do México.

De acordo com uma pesquisa da Enkoll realizada entre 19 e 23 de maio, Claudia Sheinbaum, candidata do partido governista Morena, é a favorita com 56% de apoio, enquanto Xóchitl Gálvez, candidata da oposição, está com 33%.

Os dados obtidos pela Enkoll e citados pelo diário El País e pela emissora W Radio mostram que 79% dos entrevistados têm certeza da sua escolha.

As campanhas eleitorais foram oficialmente encerradas nesta quarta-feira (29), deixando o público com três dias para reflexão antes da votação.

A BNamericas analisa a seguir as opiniões promovidas por Sheinbaum e Gálvez sobre infraestrutura, energia, mineração e TIC.

ENERGIA

Apesar das suas diferenças sobre os planos para a petroleira estatal Pemex e a empresa pública de energia CFE, um ponto em que ambas as candidatas parecem concordar é a prioridade a alternativas de energia limpa para impulsionar a transição energética do México.

Em abril, Sheinbaum apresentou um plano de US$ 13,5 bilhões com recursos para nova geração, incluindo modernização e equipamento de cinco usinas hidrelétricas, adição de mais duas etapas à usina solar de 1 GW Puerto Peñasco, no estado de Sonora, duas novas usinas de ciclo combinado e uma usina de combustão interna, além de outros projetos eólicos e solares não especificados.

O plano também contempla um investimento de 55,4 bilhões de pesos (US$ 3,2 bi) em 44 projetos, visando construir cerca de 4 mil km de linhas de transmissão e uma capacidade de 8.548 MVA. A estratégia também inclui 41 projetos de distribuição com investimentos de 5,3 bilhões de pesos.

Documentos produzidos no início da campanha indicam que Sheinbaum ainda priorizará a Pemex e a CFE em detrimento dos operadores privados, como fez o presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO). Contudo, em sua plataforma ela afirma que apoiará a tecnologia, a pesquisa e o desenvolvimento do setor, além de recuperar o controle estatal da indústria petroquímica.

Sheinbaum propõe também a recuperação e melhoria da infraestrutura da Pemex e a promoção da construção de novas usinas. Os documentos afirmam que o Estado garantiria a autossuficiência sustentável em energia elétrica e o acesso à eletricidade seria estabelecido como um direito humano.

Por outro lado, Gálvez declarou que abrirá o mercado de energia ao setor privado, prometendo reverter as reformas lançadas por AMLO para aumentar o domínio de mercado da Pemex e da CFE. Assim como Sheinbaum, Gálvez também afirma que priorizará a geração de energia a partir de fontes mais limpas e a proteção do meio ambiente.

Segundo a plataforma de campanha de Gálvez, ela transformará a Pemex numa empresa abrangente de geração de energia que utilizaria energia e combustíveis limpos para enfrentar as condições estruturais que causam a pobreza.

A conselheira de energia de Gálvez, Rosanety Barrios, revelou à BNamericas recentemente que a política da candidata seria baseada em cinco pilares, incluindo transição energética, modernização da Pemex e CFE para mudar a forma como operam, desenvolvimento de infraestrutura sob a direção do Estado, estreita colaboração com os governos estaduais e municipais e alinhamento com a política social.

Segundo Barrios, as mudanças que Gálvez implementaria na Pemex incluem a modificação da sua governança e modelo de negócio, o encerramento de duas refinarias de petróleo e a utilização de tecnologia e investimento para descarbonizar a exploração e a produção, por meio da diversificação desta última.

Em relação à CFE, Gálvez prometeu trazer de volta as licitações e permitir que as empresas privadas concorram com a empresa por energia mais limpa e mais barata. Ela também disse que usará a CFE para atualizar a rede nacional de transmissão, visando acompanhar a crescente demanda por energia.

TIC

É provável que Sheinbaum estenda as políticas de TIC que implementou durante seu período como prefeita da Cidade do México (2018-23) ao nível federal.

Como aliada próxima de AMLO, ela também deverá continuar seu programa Internet para Todos e lançar outro satélite de telecomunicações.

Porém, há dúvidas sobre como ela abordará problemas específicos do setor: “No caso da plataforma de Sheinbaum, há duas questões-chave: manterão a postura contra as organizações autônomas? E qual é a relação entre Internet para Todos e a Altán?”, disse à BNamericas Jesús Romo, analista da consultoria GlobalData.

Gálvez pretende promover a indústria das TIC e promete uma “política universal de inclusão digital”, com objetivos e ações específicas para incorporar ferramentas digitais nos setores de saúde, educação e segurança, bem como um programa de universalização da banda larga para fortalecer redes e infraestruturas, incluindo datacenters, pontos de interconexão e arquitetura de nuvem.

Não se espera que Sheinbaum reveja os custos do espectro, pois isso resultaria em receitas mais baixas para o Estado, apesar de a GSMA, associação global da indústria móvel, ter afirmado que o pagamento pelos direitos representa 85% dos custos totais do espectro.

Já Gálvez prometeu rever estas despesas para encorajar a implantação de infraestrutura e serviços pelas empresas de telecomunicações. Ela também disse que melhorará a segurança jurídica e a digitalização dos procedimentos municipais como chave para acelerar os investimentos.

MINERAÇÃO

Embora nenhuma das candidatas tenha falado extensivamente sobre planos ou programas de política mineira, ambas mencionaram o setor durante comícios e em reuniões com empresários.

Enquanto a administração de AMLO tenha declarado que quer limitar a mineração a céu aberto, Gálvez criticou a “demonização” da mineração no México, um setor que ela afirma ter sido visto de forma injusta.

A mineração contribui com 2,4% do PIB nacional e 8,64% do PIB industrial.

Gálvez também apelou à descarbonização do setor e afirmou durante anos que o fundo mineiro – desmantelado por AMLO em 2019 – deveria ser restabelecido como originalmente pretendido, visando apoiar regiões afetadas pela mineração com melhorias de infraestruturas locais. A medida é especialmente relevante porque as empresas continuam a pagar as respectivas taxas ao fundo extinto sem terem a certeza de para que será utilizado o dinheiro.

Sheinbaum, tal como AMLO, defendeu a abolição da mineração a céu aberto e do fraturamento hidráulico devido aos danos ambientais que essas atividades acarretam.

“O que propomos é não haver concessões de mineração a céu aberto e procurar outras formas de extrair os minerais”, declarou ela em fevereiro.

A candidata governista também afirmou que a Pemex deveria participar na extração de lítio, embora não tenha fornecido mais detalhes – AMLO criou a estatal LitioMX para esse fim específico.

Ela propôs que o Instituto Mexicano de Petróleo (IMP), um centro público de pesquisa, desenvolvesse tecnologia para extrair lítio de argilas, de modo que o país possa aproveitar seus depósitos significativos e promover a eletromobilidade.

Por sua vez, Gálvez alertou que a disputa judicial com a chinesa Ganfeng – proprietária do projeto de lítio Sonora e que teve as suas concessões canceladas pela atual administração – “vai acabar mal” para o México. A candidata também lamentou que, dois anos após a reforma legal que nacionalizou os depósitos locais de lítio e levou à criação do LitioMx, nem um único grama tenha sido extraído até o momento.

INFRA

Seguindo os passos de AMLO, espera-se que Sheinbaum apoie obras de infraestrutura pública financiadas com fundos estatais sem permitir a participação do setor privado – uma medida que foi rejeitada pelas empresas via Câmara Mexicana da Indústria de Construção (CMIC).

Ela provavelmente também continuaria a agenda abrangente de AMLO para o setor, que se concentrou no desenvolvimento da região sudeste por meio projetos como o Trem Maia e o corredor interoceânico do istmo de Tehuantepec.

Gálvez prometeu continuar com projetos de infraestrutura eficientes implementados durante a atual administração, mas cancelar aqueles que ela acredita que drenam fundos públicos. Em abril, ela prometeu avaliar os impactos ambientais e a qualidade dos materiais e designs utilizados no Trem Maia.

Projetos cruciais, como a ferrovia Roberto Ayala, no estado de Tabasco; linhas ferroviárias que conectam a Cidade do México; o trem interurbano Cidade do México-Toluca; o terminal misto de contêineres no porto de Veracruz; a expansão do porto de Manzanillo, no estado de Colima; e o projeto hídrico Agua Saludable para la Laguna, será concluído durante sua administração, segundo ela.

Sheinbaum prometeu construir infraestrutura rodoviária no estado de Oaxaca, consolidar centros de desenvolvimento ao longo do corredor ferroviário interoceânico – um projeto que exigirá um acompanhamento abrangente e detalhado, independentemente de quem ganhe as eleições –, bem como garantir o abastecimento de água e construir centrais de gestão de resíduos sólidos.

No que diz respeito à infraestrutura hídrica, Sheinbaum se comprometeu a substituir o uso de água doce por água tratada em processos como a produção de alimentos e para a indústria, enquanto Gálvez disse que utilizaria águas residuais tratadas para recarregar os aquíferos do país, bem como que investirá em estações de tratamento de água.

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