Brasil
Insight

Destaque: os planos de investimento dos principais ISPs do Brasil

Bnamericas

Os provedores de serviços de Internet (ISPs) continuam sendo os pioneiros no crescimento da banda larga fixa no Brasil, embora a expansão da rede tenha desacelerado em meio ao aumento da concorrência e a um contexto macroeconômico desafiador.

Em um relatório recente, a Fitch escreveu que a participação “significativa” no mercado brasileiro capturada por ISPs regionais das operadoras estabelecidas Telefônica, TIM, Oi e Claro não aumentará mais – e pode até diminuir.

“Vemos espaço para mais consolidação entre os ISPs, pois essas empresas precisam crescer. O mercado está mudando um pouco. Quando as taxas de juros estão altas, como agora, fica mais caro para as empresas crescerem organicamente. E os ISPs mais fracos provavelmente sairão do mercado ou se fundirão para cortar custos”, explicou à BNamericas o analista da Fitch, Alexandre Garcia, um dos autores do estudo.

Em setembro, os ISPs detinham uma participação combinada de 35,7% no segmento de banda larga fixa, em comparação com 38,7% no ano anterior, e 43,5% na área de banda larga de fibra, ante 47,1%, de acordo com a Anatel.

O grupo inclui Alloha (2,9% do total da banda larga fixa), Brisanet (2,4%), Algar (1,8%), Desktop (1,7%), TIM (1,7%), Vero (1,6%), AmericaNet (1,3%) e Triple Play (1,2%).

A BNamericas analisa os planos dos principais players desse segmento.

ALLOHA

A Alloha Fibra, holding de ISP controlada pela brasileira EB Capital, planeja investir mais de R$ 800 milhões (US$ 150 milhões) no próximo ano, número alinhado com a projeção de investimentos para 2022.

Os recursos serão destinados a redes, implantação e construção de fibra, mas o valor não inclui possíveis aquisições.

De janeiro a setembro, os investimentos da Alloha totalizaram R$ 600 milhões, com capex total relacionado a processos de aquisição anteriores ultrapassando R$ 1 bilhão, disse o CFO Felipe Matsunaga em um comunicado.

Após uma série de fusões e aquisições em 2020 e 2021, a Alloha decidiu pisar no freio este ano em meio a um cenário econômico mais desafiador. A estratégia de M&As, porém, deve retornar em 2023 de maneira mais cautelosa.

A Alloha está presente em 20 estados e opera um backbone de 114.000 km, com backhaul de fibra em 650 municípios e fiber-to-the-home (FTTH) em 270 localidades. O grupo é o terceiro maior player de banda larga de fibra do Brasil e o quarto maior de banda larga fixa do Brasil.

Além disso, a empresa conta com 1.400 pontos de presença (PoPs, ou pontos de interconexão e troca de tráfego de rede) em todo o país.

A empresa pretende diminuir o ritmo de implantações de fibra (casas passadas) para focar na adição de clientes para sua infraestrutura implantada.

A Alloha tinha 7,6 milhões de casas passadas com fibra até outubro, dos quais 1,3 milhão eram clientes (aumento de 46% em relação ao ano anterior). No acumulado do ano até outubro, foram adicionados cerca de 240.000 clientes.

Isso garante uma base inexplorada de 6,3 milhões que podem se tornar clientes – a chamada taxa de conversão. Segundo Matsunaga, a empresa tem como meta uma taxa de conversão de 17%.

BRISANET

A Brisanet, que se concentra no Nordeste, investiu R$ 741 milhões em ativo imobilizado, além de ativos intangíveis, nos primeiros nove meses do ano, ante R$ 628 milhões no mesmo período de 2021.

Os desembolsos totais devem ficar entre R$ 900 milhões e R$ 1 bilhão no ano que vem, disse o CEO José Roberto Nogueira a investidores em uma teleconferência de resultados.

Do total deste ano, R$ 230 milhões foram para a compra de equipamentos de estações rádio-base (antenas) de 5G, principalmente da Huawei. No leilão do 5G do ano passado, a Brisanet pagou mais de R$ 1 bilhão por um bloco regional na faixa de 3,5 GHz no Nordeste do Brasil, com um ágio de mais de 13.000%.

A empresa também ganhou um bloco regional na faixa de 3,5 GHz que compreende o Centro-Oeste do Brasil, fazendo uma oferta de R$ 105 milhões, com um ágio de mais de 4.000%.

A Brisanet pretende iniciar a comercialização do serviço de conexão 5G no segundo trimestre de 2023, adiantou Nogueira. Inicialmente, as vendas estavam previstas para começar em março.

Cerca de R$ 527 milhões do capex de nove meses da Brisanet foram para ativos fixos/intangíveis “já em operação” – ou seja, para o negócio operacional. Deste total, R$ 7,6 milhões referem-se ao capex de manutenção e o restante à expansão orgânica.

Essa expansão incluiu 1,4 milhão de casas passadas e 392.000 instalações de clientes e R$ 28 milhões em DWDM de backbone (ativação de backbone). Também envolveu R$ 27 milhões para a franquia Agility Telecom, da Brisanet, e R$ 8 milhões para desenvolvimento de sistemas de TI, entre outras iniciativas.

A Brisanet adicionou 62.531 clientes no terceiro trimestre e passou fibra em 347.796 instalações, elevando sua base de assinantes para 1,03 milhão em nove estados. A empresa encerrou setembro com 5,86 milhões de casas passadas.

Em nota, a Brisanet informou que a expectativa de melhora no poder de compra das famílias de menor renda, sua maior base de clientes, ainda não se concretizou.

Além disso, a inflação e a estratégia de preços adotada pelos concorrentes continuam pressionando o mercado. Com isso, a Brisanet estima fechar 2022 com 1,1 milhão de clientes, adicionando apenas 50 mil assinantes no último trimestre.

A Brisanet reportou ainda cerca de 27.000 km de infraestrutura backbone e mais de 59.000 km de redes FTTH.

No final de outubro, a empresa estava presente em 153 localidades, atendendo a mais de 1,06 milhão de clientes. Devido à expansão mais lenta, a Brisanet não planeja chegar a cidades maiores nos próximos meses.

“Vamos reduzir ainda mais o investimento em fibra no ano que vem”, disse Nogueira.

A empresa registrou receita líquida de R$ 707 milhões entre janeiro e setembro, acima dos R$ 524 milhões do ano anterior.

Apesar dos custos crescentes, a Brisanet conseguiu reverter as perdas e fechou o trimestre no azul, com lucro líquido de R$ 22 milhões.

ALGAR TELECOM

A Algar Telecom, com sede em Minas Gerais, investiu R$ 484 milhões no período de janeiro a setembro e R$ 193 milhões no terceiro trimestre de 2022, alta de 3,9% e queda de 6,8% em relação aos mesmos períodos do ano anterior, respectivamente.

Do total acumulado nos primeiros nove meses, R$ 356 milhões (queda de 4,6%) foram para expansão e conexão de novos clientes, além de manutenção.

No terceiro trimestre, esse capex foi de R$ 99 milhões, uma queda de 37,4%.

“A redução, ante R$ 159 milhões no terceiro trimestre de 2021, é explicada pela decisão estratégica de direcionar recursos prioritariamente para a conexão de novos clientes em regiões em que já operávamos, aproveitando a infraestrutura construída e as aquisições realizadas nos últimos anos”, disse a empresa em uma declaração.

Os custos e despesas operacionais consolidados, excluindo depreciação e amortização, aumentaram 9,3% no trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior.

Segundo a empresa, isso se deveu à economia global, intensificada pela pandemia, que culminou em desabastecimento da cadeia de suprimentos global e consequente pressão inflacionária.

Somado a isso, a empresa também lidou com custos e despesas decorrentes da aquisição da Vogel Telecom em agosto de 2021.

No final de setembro, o segmento B2B representava 67% do faturamento total da empresa, o que está em linha com a decisão da Algar Telecom de expandir geograficamente sua atuação com foco no segmento corporativo.

Assim, os acessos B2B totalizaram 3,86 milhões (+49,3%), dos quais 250,8 mil foram de conectividade (246 milhões com fibra, +11,5%), 3,28 milhões de acessos móveis (+57,2%) e 323,7 mil de voz fixa (+23,5%).

Já no segmento B2C, os acessos caíram 2,2%, para 2 milhões no terceiro trimestre, com a banda larga contribuindo com 530 mil (+5,2%), 518,4 mil de fibra (+14,9%). A telefonia móvel contribuiu com 1,08 milhões (-2%) e a telefonia fixa com 386,4 mil (-11,3%).

“O que estamos fazendo agora são obras de infraestrutura nas cidades, coisas que não são realmente visíveis, para permitir o standalone [5G puro] em 2,3 GHz e a inserção de outras frequências à medida que forem liberadas, especificamente a faixa de 3,5 GHz”, apontou o CEO Jean Borges à BNamericas em junho.

O 5G “só se tornará viável como investimento se formos para uma linha de negócios cada vez mais intensa de casos de uso no setor”, afirmou.

A Algar Telecom reportou lucro líquido de R$ 28,6 milhões no terceiro trimestre, abaixo dos R$ 94,7 milhões no mesmo período de 2021, impactada pelo aumento das taxas de juros sobre despesas financeiras.

DESKTOP

A Desktop, cujas operações estão concentradas no estado de São Paulo, registrou capex ajustado de R$ 347 milhões entre janeiro e setembro.

A empresa está acelerando a evolução da rede, simplificando e digitalizando processos e produtos e implementando as melhores práticas de negócios.

“Considerando o avanço das incertezas em relação ao cenário macroeconômico, a Desktop concentrou seus esforços no terceiro trimestre em iniciativas voltadas à maximização da eficiência em todas as áreas da empresa, bem como na rentabilidade dos investimentos realizados em rede e fusões e aquisições”, disse a Desktop em nota.

A empresa tem focado em acelerar incorporações, redimensionar o quadro de funcionários e renegociar contratos. Encerrou setembro com 3,7 milhões de casas passadas com fibra, um aumento de 94% em relação ao ano anterior, e 749.000 clientes, alta de 93%. O ritmo médio de casas passadas diminuiu de 300.000 para 217.000 no terceiro trimestre.

A rede da Desktop atingiu 46.700 km, mais de duas vezes maior que em setembro de 2021, com 37.300 km correspondentes a FTTH e 9.400 km a backbone. A empresa estava presente em 136 localidades em setembro, ante 133.

Quanto às fusões e aquisições, a empresa disse estar ainda mais criteriosa e disciplinada nas aquisições, dado o cenário macroeconômico, para evitar alavancagem excessiva, mas muitas oportunidades inorgânicas ainda existem.

Durante o terceiro trimestre de 2022, a empresa adquiriu 70% da Fasternet, com 115 mil assinantes, e 100% da IDC Telecom, com 40 mil assinantes, ambas com atuação no estado de São Paulo.

Desktop registrou receita líquida de R$ 188 milhões, dobrando o valor do segundo trimestre de 2021. O lucro líquido mais que dobrou, para R$ 25,1 milhões.

VERO

A Vero Internet, controlada pelo fundo de investimentos brasileiro Vinci Partners, divulgou investimentos de R$ 582 milhões até setembro.

No terceiro trimestre, a empresa registrou receita líquida de R$ 186 milhões, um aumento de 82,2% em relação ao ano anterior, e lucro líquido de R$ 6,33 milhões, queda de 43,2%, devido ao aumento das despesas financeiras e do financiamento da dívida.

A Vero tinha 721.000 clientes, um aumento de 64%, e 2,7 milhões de casas passadas, com potencial para atingir um total de 4,5 milhões de casas passadas endereçáveis.

A rede da empresa tinha 29.600 km, sendo 20.900 km de FTTH e 8.800 km de backbone.

O grupo também aluga a rede neutra da V.tal e da FiBrasil para dar suporte à expansão de sua oferta de banda larga.

A Vero estava presente em 200 localidades de Minas Gerais e do Sul do Brasil, com lançamento em 12 locais este ano.

Do total, 49 localidades vieram de expansão orgânica e o restante por meio de aquisições.

Em maio, o CEO Fabiano Ferreira contou à BNamericas que a empresa estava negociando com um novo fundo para apoiar a expansão.

OUTROS PLAYERS

Sumicity

A Sumicity recebeu autorização do Ministério das Comunicações para captar até R$ 550 milhões no mercado financeiro por meio de debêntures (títulos de infraestrutura).

Os recursos seriam utilizados para a implantação de redes de transporte e acesso, bem como infraestrutura de rede de telecomunicações em quatro estados da região Sudeste e no Distrito Federal.

Esse é o primeiro projeto de investimento da Sumicity aprovado na modalidade de financiamento de infraestrutura.

Unifique

A Unifique planeja lançar serviços móveis em janeiro, após adquirir frequências no leilão do 5G em 2021, disse o CFO José Wilson Junior a investidores em uma teleconferência de resultados do terceiro trimestre.

Segundo o executivo, essa operação móvel será baseada em acordos de roaming e compartilhamento de antenas.

A Unifique reportou lucro líquido de R$ 31,1 milhões no terceiro trimestre, alta de 40,1%. Os custos totalizaram R$ 95,6 milhões, um aumento de 54,3%, elevando a dívida líquida para R$ 55 milhões. A empresa tinha 600.325 acessos no final de setembro, crescimento de 41,3%, e 2,29 milhões de casas passadas com fibra, alta de 69%.

Tenha acesso à plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina com ferramentas pensadas para fornecedores, contratistas, operadores, e para os setores governo, jurídico e financeiro.

Assine a plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina.

Outros projetos em: TIC (Brasil)

Tenha informações cruciais sobre milhares de TIC projetos na América Latina: em que etapas estão, capex, empresas relacionadas, contatos e mais.

Outras companhias em: TIC (Brasil)

Tenha informações cruciais sobre milhares de TIC companhias na América Latina: seus projetos, contatos, acionistas, notícias relacionadas e muito mais.

  • Companhia: Hitachi Brasil Ltda.  (Hitachi Brasil)
  • A subsidiária da Hitachi Ltd. oferece uma ampla variedade de sistemas, produtos e serviços, incluindo maquinário de construção pesada, sistemas de informação, dispositivos eletr...
  • Companhia: Greatek Brasil
  • A descrição contida neste perfil foi extraída diretamente de uma fonte oficial e não foi editada ou modificada pelos pesquisadores da BNamericas, mas pode ter sido traduzida aut...
  • Companhia: Hispamar Satélites S.A.  (Hispamar Satélites)
  • Hispamar Satélites (Hispamar) está localizada no Rio de Janeiro, Brasil, e é uma subsidiária do Hispasat Group, uma operadora espanhola de telecomunicações por satélite. A Hispa...
  • Companhia: Nokia do Brasil Tecnologia Ltda.  (Nokia Brasil)
  • A Nokia do Brasil Tecnologia Ltda. (Nokia Brasil), constituída em 1991 em São Paulo, é subsidiária da empresa finlandesa de tecnologia Nokia Corporation que oferece produtos, se...