Destaque: os projetos de infraestrutura paralisados na Argentina

As autoridades provinciais, empreiteiros e sindicatos na Argentina estão cada vez mais preocupados com o grande número de projetos de infraestrutura paralisados no contexto da campanha de austeridade do presidente Javier Milei.

Segundo a Câmara Argentina da Construção (Camarco), havia cerca de 3,5 mil projetos paralisados no final de janeiro. Alguns deles tiveram as suas obras interrompidas antes da tomada de posse da atual administração, em 10 de dezembro, enquanto os empreiteiros enfrentavam atrasos nos pagamentos e custos crescentes de materiais.

A câmara chegou a declarar um “estado de emergência” nacional para o setor no início deste mês, alertando que até 200 mil empregos estavam em risco.

Os projetos incluem aqueles que receberam financiamento de credores multilaterais.

Alguns dos principais projetos que foram interrompidos incluem:

- Rota nacional 9, trecho de acesso Santiago del Estero-Termas de Río Hondo (província de Santiago del Estero): uma joint venture entre Benito Roggio e Hijos e Mijovi detém o contrato no valor de 41,3 bilhões de pesos (US$ 49,7 mi) e alcançou 52,8% de progresso antes de Milei assumir o cargo, de acordo com o Mapa Inversiones, banco de dados compilado pelo extinto Ministério de Obras Públicas. Ele ficou paralisado este mês, disse David Acosta, diretor da seção de Tucumán do sindicato dos trabalhadores da construção civil UOCRA, ao diário empresarial Ámbito.

- Rodovia nacional 9/34, trecho limite provincial Rosario de La Frontera-Salta (província de Salta). O contrato de 20,8 bilhões de pesos foi concedido à Vialmani e as obras começaram em 2022. Em dezembro, o meio de comunicação El Sol ABC informou Francisco Agolio, diretor do escritório local da agência rodoviária Vialidad Nacional dizendo que o projeto havia sido interrompido.

- Rodovia Buenos Aires-La Plata, trecho de interseção da rota 11 da distribuidora Ensenada-provincial: o projeto de 89,9 bilhões de pesos foi concedido a uma joint venture formada por Esuco e Helport, que atingiu 12,9% de progresso. As obras foram interrompidas na ausência de financiamento federal, disseram fontes próximas ao ministro de Obras Públicas de Buenos Aires, Gabriel Katopodis, ao meio de comunicação Política del Sur.

- Rodovia Buen Ayre trecho I (Buenos Aires): a Sacde está no comando e registrou 85,6% de progresso. O projeto exigirá um investimento de 35,4 bilhões de pesos e será paralisado a partir deste mês.

 -Rota nacional 33, trecho Cañuelas-San Miguel del Monte (Buenos Aires): também nas mãos de Sacde e avaliado em 33,1 bilhões de pesos. Está entre os 700 projetos na província que foram listados como suspensos pelas autoridades municipais, informou o diário El Destape no mês passado.

- Sistema de água Riachuelo. Lote 2 (Buenos Aires): também faz parte da lista de projetos paralisados da província. O contrato é detido por uma joint venture formada por Fisia e Acciona Agua, com investimento estimado de 48,5 bilhões de pesos.

O relatório do El Destape menciona que foram descartados mais 385 projetos elaborados pelo governo federal anterior, no qual Katopodis atuou como ministro de Obras Públicas, e pela administração de Buenos Aires.

Quanto a outras províncias, a ministra de Obras e Serviços da Terra do Fogo, Gabriela Castillo, disse que o governo Milei paralisou cerca de 30 projetos no valor de 30 bilhões de pesos na província desde que assumiu o cargo.

“Primeiro [o governo argentino] disse que não iria avançar com novos projetos, depois foi dito que não começariam projetos sem financiamento e a questão seria o que aconteceria com as obras em execução. Hoje em dia, diante da ausência de pagamentos, as empresas nos informaram que suspenderam a continuidade do trabalho”, declarou Castillo em comunicado divulgado pelo governo local.

As autoridades de províncias como Mendoza e Buenos Aires tentam manter as obras em andamento, mas enfrentam dificuldades de financiamento.